Cleo Diára conquista prêmio de Melhor Atriz em Cannes
Com distribuição da Vitrine Filmes no Brasil, o longa deve estrear nos cinemas em 9 de julho
24 MAI 2025 • POR TERO QUEIROZ • 11h13
A atriz cabo-verdiana Cleo Diára foi reconhecida com o prêmio de Melhor Interpretação Feminina na mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes 2025.
A premiação veio por sua atuação como Diára no filme O Riso e a Faca, coprodução entre Brasil, Portugal, Romênia e França.
Dirigido pelo português Pedro Pinho, o longa teve estreia mundial na Croisette e recebeu elogios por sua construção estética e potência política.
Com distribuição da Vitrine Filmes no Brasil, o longa deve estrear nos cinemas em 9 de julho.
Diára interpreta uma das protagonistas da história, ambientada numa metrópole africana, onde um engenheiro europeu se envolve com dois habitantes locais.
Além de Cleo, o elenco principal conta com o brasileiro Jonathan Guilherme e o ator português Sérgio Coragem. “Essa personagem me atravessou de uma forma que ainda estou digerindo”, disse Cleo Diára após receber o prêmio. “O reconhecimento é coletivo. Representa também a força de todas as mulheres negras que vêm contando histórias no cinema, muitas vezes à margem”, afirmou a atriz em seu discurso de agradecimento.
O filme é uma coprodução da brasileira Bubbles Project, liderada por Tatiana Leite, e da portuguesa Uma Pedra no Sapato.
“O Riso e a Faca” teve locações na Guiné-Bissau e na Mauritânia, e foi rodado em película durante quatro meses entre 2022 e 2024.
A produção mobilizou profissionais de mais de cinco países e envolveu 31 brasileiros em diferentes áreas técnicas.
O diretor Pedro Pinho retorna ao festival após o sucesso de A Fábrica de Nada (2017), premiado na Quinzena dos Cineastas.
Na nova obra, Pinho aprofunda sua investigação sobre neocolonialismo, desejo e as fronteiras da convivência em cenários pós-coloniais. “O filme é sobre o encontro – às vezes impossível – entre corpos, culturas e afetos sob tensões de poder”, descreve o diretor.
O roteiro foi escrito coletivamente e inclui colaborações do roteirista luso-brasileiro Miguel Seabra Lopes e da pesquisadora Luísa Homem.
Além de Guilherme e Diára, o elenco conta com o antropólogo Renato Sztutman interpretando a si mesmo.
O título do longa é uma referência à canção homônima de Tom Zé, artista brasileiro conhecido por suas experimentações e críticas sociais.
A trilha sonora original incorpora elementos de música eletrônica, batuques locais e composições minimalistas.
Entre os brasileiros da equipe estão o diretor de fotografia Ivo Lopes Araújo, a montadora Karen Akerman e o editor de som Pablo Lamar.
A mostra Un Certain Regard é conhecida por premiar obras com propostas autorais e inovadoras, de cineastas em ascensão.
Nos últimos anos, a seção revelou nomes como Yorgos Lanthimos, Apichatpong Weerasethakul e Karim Aïnouz.
A vitória de Cleo Diára marca um novo momento para a representatividade africana e afro-diaspórica no cinema de festivais. “O prêmio é só o começo. Quero seguir contando histórias que incomodam e curam ao mesmo tempo”, disse Diára.
O filme agora segue para outros festivais internacionais e poderá integrar o circuito brasileiro nos próximos meses.