'FUNDAC fantasma' escancara desprezo de Adriane Lopes pela Cultura
Servidores apontam 'apagão institucional completo' desrespeito e cabide de empregos na pasta da cultura campo-grandense
9 JUN 2025 • POR TERO QUEIROZ • 11h50
A transição da Secretaria Executiva de Cultura (Secult) pela recém-criada Fundação Municipal de Cultura (FUNDAC) deveria ser motivo de celebração, mas, na verdade, mergulhou o setor cultural de Campo Grande (MS) em um cenário de insegurança, desorganização e desamparo administrativo.
Criada, mas ainda sem um CNPJ ativo — documento essencial para que a fundação exista legalmente e possa movimentar recursos —, a pasta, na prática, não funciona.
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A mudança, conduzida pela gestão da prefeita Adriane Lopes (PP), é o escancaramento do desprezo da prefeita bolsonarista pelos trabalhadores da cultura e até pelos servidores da pasta, que denunciam ao TeatrineTV o completo "abandono institucional e falta de planejamento" por parte da gestão pepista.
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Com a ausência do CNPJ, não há dotação orçamentária, não há repasses de outras esferas de governo e, mais grave, não há garantias de pagamento de salários nos próximos meses. Isso deve, inclusive, afetar o repasse do Ministério da Cultura (MinC) para os recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), que até o momento não foram quitados, nem os editais lançados com a primeira remessa de recursos enviados pelo governo federal. “A Fundação foi criada, mas está ilegal. Estamos todos à deriva, sem saber nem onde estamos lotados. É um apagão institucional completo”, relatou um servidor, que pediu anonimato por medo de represálias.
Desde outubro de 2024, quando os planos de trabalho foram extintos, a situação só se deteriorou. As funções de confiança foram reduzidas pela metade e mais de 30% dos recursos humanos da pasta foram cortados. A consequência tem sido sobrecarga de trabalho, perda de direitos e insegurança funcional. “Diminuiu o salário e aumentou o serviço. Isso aqui virou um campo de resistência, não uma fundação de cultura”, afirmou outro funcionário.
A nomeação de cargos-chave ocupados por pessoas desqualificadas para o serviço também sinaliza o desrespeito de Adriane Lopes pelos trabalhadores da cultura.
Exemplo disso é que foi elevada ao cargo de secretária-adjunta da “FUNDAC fantasma” Jacqueline Rodrigues Vital — nome político, sem experiência na área. Ela é apadrinhada do deputado estadual Lídio Lopes (marido da prefeita), para quem Jacqueline atuou como assessora parlamentar por mais de uma década e, mais recentemente, estava num cabide no gabinete da prefeita até ser “alojada” na cultura. “Estão entregando a cultura para quem nunca pisou em uma biblioteca, nunca organizou uma oficina, nunca dialogou com a comunidade artística. É desrespeitoso com toda a trajetória da cultura de Campo Grande”, criticou o servidor.
A amiga de Lídio Lopes, Jacqueline recebe a bagatela de R$ 15.148,35 de salário bruto, sendo mais de R$ 11,2 mil líquido, conforme o Portal da Transparência. A íntegra. O salário dela é quase o mesmo do chefe da pasta, ex-vereador Valdir Gomes que por mês recebe bruto R$ 17.369,58, sendo R$ 12,8 líquido, segundo o Portal da Transparência. A íntegra.
O clima interno, segundo os relatos, é de censura e intimidação. Questionamentos sobre a estrutura organizacional e a legalidade das decisões são desencorajados. “Somos proibidos de perguntar qualquer coisa para os gestores. Estão impondo silêncio e obediência cega”, denunciou. Muitos assumiram cargos de chefia informalmente, sem nomeação oficial ou gratificação. “Estamos sendo explorados duplamente: pelo trabalho que não é reconhecido e pela omissão da gestão".
A precariedade atinge até aspectos básicos do funcionamento. Faltam materiais de consumo como papel higiênico, copos descartáveis, sabão, sacos de lixo. Em algumas unidades culturais, servidores relatam que estão levando itens de casa para manter os espaços minimamente operacionais. “A situação beira o absurdo. Não tem papel, não tem material de limpeza, não tem gestão. O que existe hoje é a cultura da improvisação e do abandono”, completou o servidor.
A Prefeitura de Campo Grande, até o momento, não esclareceu a ausência de CNPJ da FUNDAC, nem se manifestou sobre a estrutura jurídica da fundação, os cortes no quadro de pessoal ou a nomeação de pessoas sem histórico na cultura para cargos de comando.
A gestão Adriane Lopes, que foi eleita a “pior gestora da história para o setor cultural campo-grandense”, pior até que Gilmar Olarte (ex-prefeito cassado) — ela, que assim como Olarte se intitula “pastora evangélica” —, é uma junção de desprezo, desrespeito, irresponsabilidade e gestão desqualificada no que tange à administração de recursos públicos da cultura.
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