Presidente da FCMS lamenta fracasso da Capital, mas celebra "boom" cultural em Bonito

Diretor-presidente da FCMS, Eduardo Mendes | Foto: Tero Queiroz

Enquanto a capital sul-mato-grossense enfrenta o abandono de espaços culturais e graves falhas na execução de políticas públicas para o setor, Bonito vem se destacando como polo cultural, sediando anualmente a Feira Literária (FLIB) e o Bonito CineSur, além do Festival de Inverno (FIB), que começou ontem.

O problema da Capital se tornou crônico, a ponto de Campo Grande figurar em último lugar no ranking de acesso à cultura entre as capitais brasileiras, segundo pesquisa divulgada nesta semana pela JLeiva Cultura & Esporte e Datafolha. A íntegra.

Em entrevista ao TeatrineTV, durante a abertura da 24ª edição do FIB, na 4ª feira (20.ago.25), o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Eduardo Mendes, afirmou que a situação da capital exige atenção e ações coordenadas.

"Quando a gente fala de política pública de governo do estado, a gente tem que trabalhar com os 79 municípios, mas sempre de olho, nos maiores, e querendo ou não, Campo Grande é uma capital extremamente importante. Ela é estratégica no ponto de vista do turismo para Corumbá, para Bonito, para o Pantanal, então a gente pode pensar nela como uma estratégia também, nesse sentido. E, claro, tentar ajudar de todas as formas possíveis a nossa capital, inclusive na Pnab", disse, referindo-se ao fato de que Campo Grande foi a única capital do Centro-Oeste a ficar fora do Ciclo 2 da Política Nacional Aldir Blanc em 2025.

Como falamos anteriormente, Campo Grande deixou de receber R$ 23 milhões da PNAB por não atingir a meta mínima de execução estabelecida pelo Ministério da Cultura. A íntegra.

Neste contexto, Eduardo ressaltou os esforços da FCMS para apoiar a capital na realização de eventos e no repasse de recursos para projetos culturais."Eu liguei na prefeitura, me colocando a disposição, colocando nosso corpo jurídico a disposição, para que pudessem auxiliá-los, para tentar o mais rápido possível fazer o pagamento do 60% que eles tiveram aquele problema, da nova Fundação de Cultura, desse trâmite todo. Articulei juntamente com o Fórum Nacional para que a gente pudesse adiar um pouco o período para a entrega", revelou, lamentando a perda do recurso na Capital.

“Infelizmente, a lei era muito rígida e, por causa de uma semana, a capital acabou ficando fora do Ciclo 2, o que é uma pena para o nosso estado e para o país", disse.

Sobre as ações da FCMS na Capital, Eduardo reconheceu que as iniciativas em andamento ainda são insuficientes. “Agora, no aniversário de Campo Grande, realizamos a Noite da Seresta, com um show do Wanderley, mas ainda acho que é pouco. Precisamos de mais atividades, especialmente voltadas à formação, fomentando a cultura nos bairros. Confesso que ainda não entendemos completamente o formato ideal do Campão Cultural, e estamos reavaliando para levar a política pública de forma mais efetiva aos bairros. É um trabalho de unir forças em torno de um objetivo único: trazer mais cultura para Campo Grande”, revelou.

Em contraste, Bonito tem se destacado não apenas pela realização de grandes eventos culturais, mas também pelo envolvimento da população, um diferencial ressaltado por Eduardo Mendes.

“O Festival de Inverno de Bonito é um dos maiores investimentos da política pública do governo do Estado e abrange quase todas as áreas da cultura. É multicultural e gera também renda direta para artesãos, a economia criativa e as artes visuais, que podem comercializar seus produtos aqui. Tudo foi feito depois de ouvir os bonitenses e envolver mais moradores no trabalho. Não se trata apenas de funções operacionais, mas também da atuação com técnicos, desenvolvendo novos cursos para formar profissionais qualificados para o festival. Bonito tem eventos o ano inteiro, e, se capacitarmos esse pessoal, eles terão trabalho durante todo o ano em todos os eventos da cidade”, finalizou.

Acompanhe o 24º Festival de Inverno de Bonito no Instagram @teatrinetv.