40% do Centro-Oeste não têm equipamentos culturais, mostra pesquisa
Apenas 32% dos entrevistados no Centro-Oeste relatam ter 'fácil acesso' a esses espaços. Este é o menor índice do país, bem abaixo da média nacional (41%) e do Sudeste (44%)
11 NOV 2025 • POR TERO QUEIROZ • 16h10
O consumo de cultura no Brasil se digitalizou: 90% da população acessou atividades virtuais no último ano, superando os 84% do consumo presencial. Contudo, a 6ª edição da pesquisa Hábitos Culturais, do Observatório Fundação Itaú e Datafolha divulgada nesta 3ª feira (11.nov.25) mostra que o acesso a atividades fora de casa é marcado por profundas desigualdades regionais.
Neste cenário, os estados da região Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás) apresentam os maiores desafios de infraestrutura física do país.
O estudo revela que o Centro-Oeste é a região onde a população tem menos acesso a equipamentos culturais formais.
Quase metade dos moradores da região, 40%, afirma que equipamentos como teatros, bibliotecas e centros culturais "não existem" onde moram. Este é o índice mais alto do Brasil.
Apenas 32% dos entrevistados no Centro-Oeste relatam ter "fácil acesso" a esses espaços. Este é o menor índice do país, bem abaixo da média nacional (41%) e do Sudeste (44%).
Essa carência não se limita à cultura. O Centro-Oeste também registra o menor índice de fácil acesso a equipamentos esportivos (57%, contra 70% da média nacional) e a espaços verdes (66%, contra 71% da média nacional).
FALTA DE EQUIPAMENTOS AFETA O CONSUMO
A falta de infraestrutura impacta diretamente os hábitos da população. O Centro-Oeste registrou o menor índice de participação presencial em atividades culturais (79%) entre todas as regiões.
A frequência em atividades que dependem de equipamentos formais é menor que a média nacional:
- Espetáculos ou Teatro: 18% no Centro-Oeste (contra 22% no Brasil).
- Museus: 12% no Centro-Oeste (contra 16% no Brasil).
- Centros Culturais: 22% no Centro-Oeste (contra 26% no Brasil).
RETRATO DE OUTRAS REGIÕES
O Sudeste e o Sul se destacam pelo maior acesso a cinemas (47% e 38%, respectivamente) e teatros (27% e 23%). A barreira financeira é a mais sentida no Sul e Sudeste (ambos com 38%).
O Nordeste apresenta o maior índice de insegurança (34%) como barreira para o acesso cultural. A região também tem o menor consumo de filmes (65%) e séries (65%) por streaming.
O Norte se destaca positivamente nas "Festas folclóricas, populares e típicas", com 51% de participação, o maior índice do país.
INTERESSES POR ARTISTAS LOCAIS
Apesar do vácuo de equipamentos formais, o Centro-Oeste apresenta uma característica única: é a região com o maior interesse em artistas locais do Brasil.
46% dos entrevistados da região afirmaram ter "alto interesse" em "acompanhar artistas que são da cidade em que você reside". Este número supera a média nacional (43%) e a de todas as outras regiões.
O dado sugere que, embora falte infraestrutura tradicional, existe na região um forte consumo de uma cena cultural local, que pode ocorrer em espaços alternativos não mapeados como "equipamentos culturais" formais.
