Fernando Cruz cobra compromisso da FCMS de Riedel com o Teatro

"Artista com artista braço a braço, que nem Marçal falava", disse Fernando Cruz

Fernando Cruz, diretor e ator do Teatro Imaginário Maracangalha, é articulador do 24º Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua em Campo Grande (MS). - Foto: Fernando Prestes

Na abertura do 24º Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR), na noite da 4ª feira (19.nov.22), em Campo Grande (MS), Fernando Cruz, diretor do Maracangalha e articulador da RBTR em Mato Grosso do Sul, salientou que realização do encontro é “de extrema importância e extrema urgência” diante do que ele considera a relegação do teatro de rua a um plano secundário.

Segundo Cruz, a falta de políticas públicas consistentes e o abandono de espaços culturais pelo poder público tornam essencial a organização coletiva dos grupos.

“O encontro em Campo Grande começa juntando nós, em Campo Grande. Nós começamos pelo nosso próprio território, debatendo essa necessidade, nos organizando para poder articular com a rede no país todo, que são mais de 140 grupos integrantes dessa rede”, introduziu.

Para fazer 24º Encontro acontecer, foi necessária uma articulação entre os próprios grupos, que uniram cachês para que 16 representantes de várias regiões do país estivessem de 19 a 23 de novembro na Capital sul-mato-grossense. 

“Artista com artista braço a braço, que nem o Marçal de Souza falava: 'Braço a braço e mão a mão e irmos à luta para construir políticas públicas'”, citou.

A partir dessa dessa organização dos grupos, conseguiu-se articular e colocar o poder público com uma parcela de apoio.

"Nós chegamos na Funarte. Chegamos no Governo do Estado e a Funarte conversou com o Governo do Estado e aí entraram com as suas colaborações. Como era final de ano, [o governo] fala que os orçamentos já estão apertados, ou já foram consumidos. E [que a gente] criasse essa perspectiva para um outro ano", lembrou. 

Fernando Cruz relembrou que o diálogo com a Fundação Nacional das Artes (Funarte) e com o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul foi construído a partir de encontros anteriores, incluindo debates no Encontro do Teatro Brasileiro em Fortaleza.

"E [lá em Fortalez] colocamos para o final [desse ano] a necessidade desse apoio imediato [para realização do 24ª RBTR], já que essa gestão já está aí há 4 anos", pontuou. 

Só a partir dessa articulação e união dos trabalhadores do teatro de Rua que o Encontro está sendo realizado esta semana em Campo Grande.  

“A partir desse diálogo, conseguimos o apoio de lá, o apoio daqui e o grande apoio da própria rede. Somamos todos esses ingredientes e conseguimos concretizar o encontro”, afirmou.

RETOMADA DO BOCA DE CENA

Fernando Cruz cobra respeito do governo de Eduardo Riedel ao teatro durante abertura do 24º Encontro da RBTR. Foto: Fernando Prestes

Após a abertura do Encontro, Fernando Cruz também falou à reportagem do TeatrineTV sobre a presença do governo de Eduardo Riedel (PP), por meio do presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) — mesmo diante da ausência do Secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda. Na avaliação do articulador, foi uma pequena conquista ter na abertura do 24º RBTR, a presença do representante da FCMS.

 "Trouxemos ele para o debate, pautando sobre a importância dos fomentos e qual o prejuízo á sociedade em geral diante dos poucos fomentos que nós tivemos ao longo dessas gestões recentes", avaliou. 

Fernando Cruz celebra o teatro de rua com trabalhadores do setor, ao lado do presidente da FCMS e articuladores federais do teatro. Foto: Fernando Prestes

Ele também lembrou a falha do governo Riedel de ter deixado de cumprir o compromisso da realização da 16ª Edição da Mostra Sul-mato-grossense de Teatro e Circo – Boca de Cena, organizado anualmente pelos Colegiados de Circo e Teatro de Campo Grande (MS) na semana de 27 de março, data em que se celebra o Dia Mundial do Teatro e o Dia Nacional do Circo.

"Falamos sobre o não acontecimento do Boca de Cena, que é um festival histórico para o Teatro do Mato Grosso do Sul, já que ele foi construído pela categoria, com muito custo e nós conseguimos manter ao longo de todos esses anos. Este é o primeiro ano que nós não tivemos o Boca de Cena", lamentou. 

A 15ª edição do Boca de Cena, em 2024, ocupou vários espaços de Campo Grande com teatro e circo de todo o estado, celebrando as linguagens e os trabalhadores. Foto: Tero Queiroz

Apesar disso, Fernando Cruz destacou que na abertura do 24º Encontro da RBTR em Campo Grande, Eduardo Mendes fez um compromisso diante de trabalhadores do teatro de vários estados e será cobrado. 

"Segundo o presidente da Fundação de Cultura, ele se comprometeu a, no ano que vem, realizar o Boca de Cena. É de grande importância trazermos isso para a mesa e debater. A política pública e o fomento são obrigações do Estado e direito da população brasileira e do Estado do Mato Grosso do Sul", completou.

CINCO DIAS DE RUA 

O XXIV Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua é realizado em Campo Grande, de 19 a 23 de novembro, reunindo artistas, pesquisadoras, articuladores e gestoras e gestores culturais de diferentes regiões do país.

A iniciativa é organizada pela Rede Brasileira de Teatro de Rua em colaboração com grupos de Mato Grosso do Sul, entre eles Teatro Imaginário Maracangalha, Flor e Espinho, Teatral Grupo de Risco, Circo do Mato, Pisando Alto, Trupior Circo, Casulo e Clandestino.

Veja a íntegra da programação, AQUI.