"Decoupando Paredes" realiza exposição de fechamento na Casa de Cultura
Projeto marcou estreia da artista visual Bejona como proponente na Política Nacional Aldir Blanc
4 DEZ 2025 • POR FERNANDO PRESTES* • 16h40
O projeto “Decoupando Paredes”— que ofereceu oficinas de lambe-lambe entre setembro e outubro — realizou uma ação de encerramento dia 7 de novembro na Casa de Cultura em Campo Grande (MS).
A noite de encerramento, aberta ao público geral, contou com uma exposição, apresentações artísticas e debates.
Mural de atividades dos alunos da oficina | Foto: Hanna de SouzaO TeatrineTV fez uma cobertura especial na exposição dos alunos. “O lambe-lambe é uma arte democrática, você só precisa de papel e cola. Então ver pessoas que nunca tinham tido contato com esse tipo de linguagem, chegar aqui e ter toda uma aula, porque antes da gente ir para as produções, cada artista falou como era feita a sua produção, a sua linguagem, ensinou como a produzir no papel e ensinou como a fazer a cola”, explicou a artista visual Maya de 27 anos, que foi uma das alunas da oficina.
Artista visual Maya | Foto: Hanna de SouzaAinda de acordo com Maya, ver esse resultado passo a passo do ato de fazer a arte, até o ato de colar ela na placa de MDF e ser exposto, foi simplesmente incrível. “Vê que as pessoas olham diferente. Elas têm esse receio, porque a gente olha a arte como se fosse um dom, mas na verdade não, a gente basta a criatividade de o querer”, afirmou.
Assim como Maya, a artista visual Mar, de 25 anos, disse que conseguiu perceber a influência de cada artista que estava ministrando a oficina. “Dá para ver um pouquinho do método de cartazista refletindo em cada inscrito, que nem a do Kelson, que a gente vê o uso da tipografia, a da Laís, o uso das cores. Eu acho que eles conseguiram surtir bem o efeito de poder lecionar um pouco do próprio método artístico deles”, informou.
Artista visual Mar na roda de conversa do projeto Decupando Paredes | Foto: Hanna de SouzaKelton Medeiros, de 43 anos, artista visual e artista urbano, declarou que está na “caminhada” há muito tempo, fazendo só essa estética urbana que é sem itinerária, trabalhando em cima dessas estéticas do manifesto de rua e trazer quem está chegando e quem já está. “Para a gente é super prazeroso, porque existe uma galera que se interessa, justamente porque é uma arte que você contempla a democracia em cima dela, porque não precisa ser uma pessoa esteticamente tão boa em ilustrações, vetores ou desenhos. É só você ter um sorriso, uma ideia e um caminho, que você consegue colocar no papel e colocar na rua”, declarou.
Artista urbano Kelton Medeiros | Foto: Hanna de SouzaSimultaneamente, a noite começou com um set do DJ Marcelinho da ZS, que se apresentou das 19h às 19h30.
DJ Marcelinho da ZS ao lado de Bejona | Foto: Hanna de SouzaApós a abertura musical, foi realizada uma explicação sobre os impactos do projeto, às 19h30, com dez minutos de duração.
O destaque da programação foi a "Roda de conversa com os Ministrantes/Auxiliares" do projeto, que ocorreu das 19h40 às 20h30. O painel contou com a participação dos artistas Bejona, Thalita Nogueira, Kelton Medeiros, Meio Trash, Maya e Jão.
As atividades culturais continuaram às 20h30, com uma apresentação de dança de cinco minutos com as artistas Livia Lopes, Luara Maria e Rose Mendonça. O encerramento das atrações aconteceu com um segundo set do DJ Marcelinho da ZS, das 20h40 às 21h00, seguido pela finalização e agradecimentos.
Apresentação de dança no projeto | Foto: Hanna de SouzaA ação de fechamento dessa edição do projeto contou também com o apoio da Casa de Cultura, da antiga Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, agora denominada Fundação Municipal de Cultura (SECULT/FUNDAC) da Prefeitura de Campo Grande.
A idealizadora Bejona, de 25 anos, disse que tinha muito medo do projeto não ser aprovado, pois era seu primeiro projeto e estava escrevendo sozinha. “Desde que eu escrevi o projeto, eu sentia que ia para frente. Eu não tive suporte de ninguém, era eu e eu. Simplesmente, quando eu vi que foi aprovado, foi um sentimento assim: putz, agora é a hora de mostrar para quem que eu vim. Eu sinto que toda equipe tem complementação em todos os aspectos, em organização, em comprometimento, em pensar igual, em tentar idealizar coisas que flutuam para prosperar. E ver tudo isso sendo realizado é muito gratificante, porque eu nunca imaginei que eu seria capaz de fazer tudo isso”, declarou.
Idealizadora do projeto, Bejona | Foto: Hanna de SouzaBejona contou que o projeto precisa ser expressado em artes futuras. “Eu acho que a gente alcançou e muito esse objetivo de democratizar a arte, porque todo mundo conseguiu se inscrever de forma justa e até pessoas que não se inscreveram, fizeram parte do projeto e quem não fez parte veio e o lambe é isso. Todo mundo tem capacidade de fazer, é só um papel, cola, você cola na parede e faz o que você quiser. Pode ser crítico, pode ser só um risco no meio do papel. Você pode fazer, e assim a rua abraça a gente para isso, porque a rua é de todo mundo”.
“A gente quis demonstrar que a arte é para literalmente todo mundo seja novo, velho, iniciante e antigo já na arte. Então, todo mundo tem capacidade de fazer, e a gente conseguiu ter esse resultado incrível, que foi sem dúvidas muito mais do que eu esperava", concluiu.
O projeto foi uma iniciativa viabilizada pela Política Nacional Aldir Blanc do Ministério da Cultura, realizada no Governo do Presidente Lula. Localmente, os recursos foram gerenciados pelo Governo de Mato Grosso do Sul, Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (SETESC) e Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).
ESTAGIÁRIO FERNANDO PRESTES SOB A SUPERVISÃO DO REDATOR TERO QUEIROZ*
