Flynt, referência do Hip-Hop em MS, morre aos 53 anos
Fundador do Falange da Rima, o grupo de rap mais antigo em atividade no estado
8 SET 2025 • POR TERO QUEIROZ • 18h27
André Luiz Monteiro Aguirres, o Flynt, rapper, compositor, artesão, cartazista e carnavalesco, de 53 anos, referência do Hip Hop de Mato Grosso do Sul morreu nesta 2ª feira (8.set.25), em Campo Grande (MS).
Segundo apurado, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos. Ele enfrentava problemas de saúde, como diabetes e hipertensão.
Figura histórica da cultura Hip Hop sul-mato-grossense, Flynt iniciou sua trajetória artística nos anos 1980, dançando breaking nas ruas e clubes da capital. Ainda jovem, integrou a crew Break Violento Cultura de Rua, grupo que ajudou a consolidar o bairro José Abrão como um dos berços do movimento Hip Hop local.
No fim da década de 1990, fundou o grupo Falange da Rima, que se tornaria um dos mais relevantes do rap regional, conhecido por letras de forte crítica social e postura política. A estreia veio com o EP Mariposa Assassina (2001), seguido por Esquadrão Mariposa (2013) e o single Oração da Serenidade (2019).

A atual formação do grupo conta com Jhon Geral, Mano Cley e DJ Magão. O grupo está completando 24 anos do lançamento do primeiro EP. Em nota oficial divulgada no perfil oficial do Grupo Falange da Rima se despediu do integrante celebrando as contribuições dele para o Hip-Hop. "No final dos anos 90, fundou o Grupo Falange Da Rima, contribuindo com letras e voz, deixando um legado para a história. Clássicos como ‘Circo dos Horrores’, ‘Abrakadabra’, ‘Caminhos Tortos’, ‘Capital sem Favela’ e ‘O Pano do Rei’ ficarão marcados na memória do público. Obrigado, Flynt! Seu legado nunca será esquecido! André Luiz Monteiro Aguirres (Flynt); 27/09/1972 – 08/09/2025”. A íntegra da publicação.
John Geral, um dos integrantes do Falange da Rima, disse ser até suspeito para falar sobre Flynt. "Eu o conheço há mais de 25 anos. Nos aproximamos muito nos rolês que o Falange da Rima promovia lá na Kresh Street Shop, lugar onde toda a rapaziada que curtia rap na época costumava se encontrar... Logo depois, o Flynt se mudou aqui para o Tiradentes, onde moramos até hoje, e nossa convivência ficou muito frequente", explicou.

Ainda segundo Jhon, foi por influência de Flynt que ele começou a compor. "Foi quando escrevi a música 'Menos um Guerreiro' (que entrou no disco Esquadrão Mariposa, do Falange da Rima), e ele me convidou para entrar no grupo — onde já estou há 18 anos... Aprendi muito com ele em todos os sentidos. Ele sempre acreditou em mim e, com maestria, me passou muitos ensinamentos. Apesar da dor da perda, me sinto muito feliz e honrado por ter vivido todos esses anos com o Falange da Rima, onde somos, acima de tudo, uma família", disse, emocionado.

"Flynt sempre fez de tudo para manter o Falange da Rima unido. Costumava dizer que o rap era a vida dele", completou Jhon.
A reportagem tentou contato com os demais integrantes do grupo, mas, devido ao choque pela perda de Flynt, eles não responderam.

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) também divulgou nota de pesar, destacando a contribuição do artista para a cena cultural do Estado: “O Hip Hop sul-mato-grossense e brasileiro perdem hoje um gigante da Old School, cuja presença marcante, talento e energia foram fundamentais para a construção da nossa cena cultural". A íntegra.
Além da música, Flynt atuava como artesão, cartazista e carnavalesco, com forte presença nas manifestações artísticas de rua.
O velório, aberto ao público, será realizado na terça feira (9.set.25), das 13h às 15h, no Cemitério do Cruzeiro, na Av. Cel. Antonino, S/N - Cruzeiro, na Capital sul-mato-grossense.