
O MS Fashion Hub está com inscrições abertas até o dia 13 de outubro (segunda-feira) para marcas de moda autoral interessadas em participar de mentorias individuais com os especialistas de renome Paloma Gervásio Botelho (SP) e Dih Morais (BA).
Ao todo, são seis vagas: três destinadas a marcas criadas por pessoas negras, indígenas e trans, e outras três voltadas para marcas de moda autoral, experientes ou iniciantes. As inscrições podem ser feitas pelo formulário disponível [aqui] e no perfil @vitrinedomato.
O resultado será divulgado no dia 14 de outubro. Não é exigido tempo mínimo de atuação no mercado, mas os candidatos devem apresentar portfólio.
As mentorias fazem parte da programação do MS Fashion Hub, que será realizado de 23 a 25 de outubro, na Casa de Cultura, que fica na Av. Afonso Pena, 2270, centro de Campo Grande, reunindo atividades voltadas à formação e ao fortalecimento da moda sul-mato-grossense. A ação é um projeto do estilista da marca Touché, Fábio Castro.
ESCOLHAS COM PROPÓSITO

Segundo Fábio, idealizador do projeto, a escolha dos mentores foi feita com base na trajetória consistente e no olhar expandido desses profissionais. “Eu idealizei as mentorias escolhendo pessoas que estão se destacando no cenário da moda. O Dih Morais, por exemplo, é um designer e estilista que conheci em Corumbá, numa palestra, e depois reencontrei no Brasil Ecofashion. Ele fez um dos melhores desfiles da edição passada e acabou de voltar de Moçambique, onde desfilou no FANCE Africa — sendo o primeiro brasileiro a fazer isso no continente africano”, explicou.

Sobre Paloma Gervásio Botelho, ele destacou: “A Paloma é uma artista que está à frente do Fashion Revolution, movimento de slow fashion. Escreveu livros sobre moda e tem uma atuação voltada para a ancestralidade e questões raciais. São pessoas que têm muito a acrescentar às marcas daqui, com sua visão de mundo e de empreendedorismo”.
Para o estilista, o impacto esperado das mentorias vai além do aspecto técnico: “Eles vão despertar nas marcas o olhar para sua própria história, para sua centralidade, e ajudar a desenvolver produtos originais e inovadores. É um trabalho de grande importância para as marcas aqui do estado”, prospectou.
RECORTE AFIRMATIVO
O recorte das mentorias, que destina vagas específicas a marcas criadas por pessoas negras, indígenas e trans, também foi uma escolha consciente. “É uma maneira de inserir esses grupos minorizados em um espaço que ainda os exclui com frequência. É um povo que consome cultura, consome moda, mas que muitas vezes não tem oportunidade no meio convencional”, avaliou Fábio.
Ele apontou o potencial da moda indígena em Mato Grosso do Sul. “Temos uma população indígena muito grande, e já vejo algumas marcas surgindo. A ideia é capacitá-las para que comecem a desenvolver e comercializar seus produtos com mais qualidade, mostrando suas origens e colocando essa ancestralidade nas peças”.
'GLAMOUR E MAGREZA ESTÃO ULTRAPASSADOS'
Mais do que técnicas de mercado, as mentorias também irão propor, segundo o organizador, reflexões sobre ética, estética e identidade. Para Fábio, esses temas são indispensáveis no atual cenário da moda. “Hoje, as marcas que mais se destacam são as que trabalham questões sociais e identitárias. Aquela moda do glamour e da magreza já está ultrapassada. O público quer propósito”, avalia.
Segundo ele, a intenção é que as mentorias inspirem os participantes a mostrar sua identidade e originalidade. “Acredito que essas mentorias têm a capacidade de despertar os estilistas para essas questões. É uma oportunidade de aprender, de pesquisar os próprios valores, os costumes da região, e usar isso como base para a criação. Muitas vezes a gente se prende ao que vem de fora e não enxerga o que tem no nosso quintal”, conclui.
PROGRAMAÇÃO DAS MENTORIAS
No dia 24 de outubro (sexta-feira), a consultora de estilo e ativista da moda Paloma Gervásio Botelho (SP) conduzirá três encontros individuais de uma hora cada, voltados ao fortalecimento da identidade criativa, comunicação visual e posicionamento de mercado, com estratégias práticas para ampliar o alcance e impacto das marcas.
Já no dia 25 de outubro (sábado), o estilista quilombola baiano Dih Morais (BA) atenderá exclusivamente marcas autorais criadas por pessoas negras, indígenas ou trans, também em mentorias individuais de uma hora. A proposta é trabalhar identidade, ancestralidade e diversidade, além de oferecer conselhos práticos para fortalecimento profissional, troca de experiências e ampliação da rede de contatos.
FINANCIAMENTO E APOIO
O MS Fashion Hub conta com financiamento da PNAB – Projeto Nacional Aldir Blanc, do Ministério da Cultura (MinC), Governo Federal, via edital da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Setesc e Governo do Estado. A iniciativa tem apoio da Casa de Cultura, Secult – Prefeitura de Campo Grande, Sebrae e Senai.