O "Projeto Decoupando Paredes" realiza sua ação de fechamento nesta 6ª feira, 7 de novembro, na Casa de Cultura, em Campo Grande (MS). A entrada será aberta ao público geral. A programação especial, que marca o encerramento do projeto que realizou quatro oficinas de lambe-lambe entre setembro e outubro, contará com uma exposição, apresentações artísticas e debates, com início às 19h.
A "Exposição Decoupando Paredes" estará aberta ao público das 19h às 21h. Simultaneamente, a noite começa com um set do DJ Marcelinho da ZS, que se apresenta das 19h às 19h30.
Após a abertura musical, será realizada uma explicação sobre os impactos do projeto, às 19h30, com duração de dez minutos.
O destaque da programação é a "Roda de conversa com os Ministrantes/Auxiliares" do projeto, que ocorre das 19h40 às 20h30. O painel contará com a participação dos artistas Bejona, Thalita Nogueira, Kelton Medeiros, Meio Trash, Maya e Jão.
As atividades culturais continuam às 20h30, com uma apresentação de dança de cinco minutos com as artistas Livia Lopes, Luara Maria e Rose Mendonça. O encerramento das atrações será com um segundo set do DJ Marcelinho da ZS, das 20h40 às 21h00, seguido pela finalização e agradecimentos.
O "Projeto Decoupando Paredes" é uma iniciativa viabilizada pela Política Nacional Aldir Blanc do Ministério da Cultura, realizada no Governo do Presidente Lula. Localmente, os recursos foram gerenciados pelo Governo de Mato Grosso do Sul, Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (SETESC) e Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).
A ação de fechamento dessa edição do projeto conta também com o apoio da Casa de Cultura, da antiga Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, agora denominada Fundação Municipal de Cultura (SECULT/FUNDAC) da Prefeitura de Campo Grande.
VOZES DAS OFICINAS: ARTE COMO FERRAMENTA DE OCUPAÇÃO
As quatro oficinas do projeto (realizadas em 6 e 20 de setembro, e 4 e 18 de outubro) promoveram uma imersão na arte urbana do lambe-lambe. A iniciativa buscou "promover o acesso à arte e à cultura por meio da técnica de lambe-lambe", oferecendo abordagens teóricas e práticas.
A idealizadora do projeto, a artista visual e produtora Bejona (Laís Rocha Oliveira), explicou que a proposta foi dupla: "Trazer arte de rua para dentro desses espaços públicos e também para mostrar para as pessoas, o público em geral, como é possível pegar essa arte tão presente na nossa rotina, através das publicidades na rua, e se apropriar disso como forma artística. Então, é um incentivo para as pessoas ocuparem nossa cidade com arte, pelas ruas”, introduziu.
A idealizadora do projeto, a artista visual Bejona | Foto: Tero QueirozThalita Nogueira, que também ministrou as oficinas, destacou o potencial transformador da iniciativa. "Por que é importante? Porque a arte mobiliza as pessoas… Ela amplia as visões de mundo e eu acredito que esse tipo de oficina é importante para poder mostrar para as pessoas que há muitas formas de expressão de arte e que é acessível”. Ao longo dos encontros, Bejona ensinou técnicas que foram "desde o básico do lambe, que é misturar a cola e colocar na superfície, até o mais difícil, que é a composição do trabalho". Ela detalhou o processo de sobreposição: "A gente produziu colagens através de camadas, que é recortar a primeira camada, que é o fundo. Depois vai fazendo construções para gerar uma estética final”, explicou.
Thalita Nogueira também ministrou as oficinas | Foto: Tero QueirozO processo criativo foi livre, permitindo "intervenção de lápis, de caneta ou apenas só o papel", além de "stencil também de grafite, de spray".
A diversidade do público foi um dos destaques. Camila, que participou ao lado dos filhos, viu a oficina como uma "boa oportunidade" para inseri-los "na arte".
Camila participou da oficina ao lado dos filhos | Foto: Tero QueirozEric, de 12 anos, aluno da Casa de Ensaio e filho de Camila, aprovou a proposta do projeto Decupando Paredes: "Eu achei bem legal a ideia dessa oficina, porque eu gosto bastante de lambe-lambe. A gente consegue brincar bastante nelas, além de aprender sobre elas e coisas novas também”.
Eric, de 12 anos, participou da oficina ao lado da mãe, Camila | Foto: Tero QueirozArtistas com trajetórias já iniciadas também buscaram a formação. "Já conheço a artista que está ministrando, que é a Bejona, já tem um tempinho. E eu me interesso muito pela arte dela, também me interesso muito pelo lambe e pela ideia da gente conseguir democratizar a arte", comentou a aluna Madu Arte, de 23 anos.
Madu Arte esteve na oficina | Foto: Tero QueirozA aluna Dafne Lana, também de 23 anos, focou nos stencils: "Eu gosto muito de fazer stencil porque, é, são letras, né? Eu gosto muito de letras, por isso que eu acho muito massa esse tipo de oficina. Porque a gente não tem isso aqui em Campo Grande. Na verdade, a gente tem muita coisa aqui, falando bem a verdade. Então, quando tem, é uma oportunidade muito boa para você agarrar. E como tem todos os materiais disponíveis aqui para a gente, é uma ótima oportunidade de fazer o que você quiser, de experimentar, criar, recortar e ocupar espaço”, comentou.
Durante a oficina, Dafne Lana focou nos stencils | Foto: Tero QueirozJá Karine, de 23 anos, formanda em Artes Visuais, explicou a narrativa conceitual de seu trabalho: "Estou fazendo duas pessoas, é, vai ser um diálogo. Vai ser uma pessoa falando bastante coisa, eu vou usar um balão de texto, como se fosse uma mensagem, e a outra pessoa vai estar com um balão pequenininho. Então, seria uma coisa tipo: uma pessoa fala demais e a outra não corresponde”, adiantou sobre o que as pessoas poderão ver no mural da exposição na sexta.
Karine, de 23 anos produziu uma obra a partir da oficina | Foto: Tero QueirozHenrique, artista visual e estudante de arquitetura, já possuía um projeto de lambes, mas viu na oficina uma chance de aprimoramento. "Tô desenvolvendo aqui um... Tá bem no começo, mas é uma ideia mais de construir camadas", disse. Para ele, o significado da técnica é profundo: "A vida acontece na rua, né? Então, levar uma mensagem de cunho tão importante, levar uma mensagem às vezes política, uma mensagem cultural, (...) através do lambe, a gente consegue fazer isso, sabe?", apontou.
Henrique, artista visual e estudante de arquitetura viu na oficina uma oportunidade de aprimoramento | Foto: Tero QueirozEssa visão é compartilhada por Bejona, que vê o lambe-lambe como um ato político em si. "Se você faz o lambe, com certeza você está falando de algo importante para você ou para uma população em geral", declarou a artista. "A gente tenta fazer críticas. A gente vai ter críticas aqui no nosso trabalho, vai ter apontamentos, política, sentimentos — e tudo isso é muito necessário para a nossa sociedade funcionar da melhor maneira possível. Se a gente pensar que tudo é crítico e político, a gente sabe que a arte é super necessária para esse momento que a gente tá vivendo”, completou.
Ao longo das oficinas, cada participante recebeu alimentação, materiais e, ao final do processo, certificados de participação e kits com ecobags e chaveiros.
Além disso, terão suas obras expostas nesta sexta-feira celebrando os trabalhos criados durante esse processo.
Bejona ministrou as oficinas ao lado dos artistas Kelton Moreira de Medeiros, Nathan Brito Alves (Meio Trash) e Thalita Aparecida Nogueira Aguiar. Também atuaram como auxiliares Mayara Santos Severino e Jão (João Lucas dos Reis Gonçalves).
SERVIÇO E CRONOGRAMA DA PROGRAMAÇÃO
O quê: Exposição, Roda de Conversa, Apresentação de Dança e DJ Set.
Quando: 07 de novembro (sexta-feira).
Horário: 19:00 às 21:00.
Local: Casa de Cultura [Av. Afonso Pena, 2270 - Centro, Campo Grande].
Cronograma:
19:00: Abertura da exposição (até 21:00) e Set DJ Marcelinho.
19:30: Fala sobre o projeto.
19:40: Roda de conversa com Ministrantes/Auxiliares.
20:30: Apresentação de Dança (Livia Lopes, Luara Maria, Rose Mendonça).
20:40: Set DJ Marcelinho.
21:00: Finalização do evento.







