O “Ybyrá Lab”, projeto voltado à formação de modelos e aspirantes ao mercado da moda, selecionou 15 participantes para sua 2° edição gratuita, realizada nos dias 1° e 8 de novembro no Centro Cultural José Otávio Guizzo, em Campo Grande (MS). Veja aqui.
Idealizado e ministrado pela modelo e multi-artista Isabela Lopes, o projeto ofereceu dois dias de treinamentos, palestras, rodas de conversas e uma sessão de fotos profissionais para aspirantes ao mercado da moda.
Uma das que estão começando no universo da moda é Camila Ojeda, de 34 anos, ela se apresentou como modelo autista. “Eu falo da representatividade PCD quando cito os desfiles para a Semana de Moda Inclusiva que foi onde eu me reconheci como modelo PCD. Minha idade também é um fato importante quanto a inclusão e etarismo, porque a maioria das pessoas pensam que ser modelo é só para adolescentes”, refletiu.
Camila Ojeda participa de oficina do projeto Ybyrá Lab. Foto: Gabriel MikyoA modelo também revelou que o Ybyrá Lab a fez sentir-se acolhida. ”Eu cheguei no curso um pouco perdida, pois sou perfeccionista. Eu estava com medo de não acompanhar. Embora eu já tenha feito alguns trabalhos, ainda sinto aquela insegurança, e uma série de questionamentos internos. Porém, a Isabela, com uma didática incrível e compreensão soube me incluir sem que eu me sentisse deslocada, e isso me trouxe segurança para experimentar e me permitir, em relação às poses para fotografar, o andar na passarela, o contato com os demais participantes, eu consegui sentir que poderia fazer parte daquele lugar. Aprendi que essa segurança é fundamental para se apresentar nos casting, e a conversa com os modelos foi enriquecedora, a Isabela disse uma coisa durante o curso que é pra levar pra vida "Se não tem a porta, você constrói a sua e entra".
Samyra Duarte de Oliveira, de 13 anos, moradora do bairro Caiobá, região periférica da capital, disse que ficou sabendo do projeto por meio de uma amiga. “Eu e o meu irmão fomos chamados para participar. Aprendi bastante com a Isa. Ela é maravilhosa, uma ótima professora. Foi uma experiência muito boa”, introduziu.
Isabela ao lado de Samyra durante oficina do projeto Ybyrá Lab. Foto: Gabriel MikyoAinda de acordo com Samyra, nem mesmo a ansiedade e o nervosismo a impediram de se empenhar. ”Antes dos projetos da Isa, eu era muito tímida, mesmo. Mas fui criando confiança e foi aí que eu vi que realmente é uma oportunidade maravilhosa que eu recebi e, com certeza, eu quero seguir essa profissão. Desde o início do projeto eu fui apoiada pela minha mãe, que me encorajou a tentar. Sou grata a Isa, que me ensinou tudo. Foi maravilhoso, uma experiência linda e que eu nunca vou esquecer”, declarou.
Assim como Samyra, a cantora, compositora e costureira, Stefany Coutinho, de 20 anos, revelou que o projeto à encorajou. “É muito difícil ver alguém que tem influência se dispor a realmente dar palco para que outras pessoas brilhem junto com elas. O Ybyrá me fez reconhecer partes de mim em que a sociedade me colocava certa insegurança. Me fez enxergar que eu posso sonhar com o mundo da moda sem estar por trás da máquina de costura”.
Stefanny durante a aula do Ybyrá Lab Foto: Gabriel MikyoDe acordo com Isabela Lopes, realizar o projeto foi um sonho tirado do papel. "Eu fico muito contente de alcançar pessoas nas quais o projeto realmente nasce. Através desse propósito, que é chegar em lugares carentes, alcançar pessoas carentes, trazê-los para dentro de espaços culturais, trabalhando esse corpo para moda. Esse corpo, essa construção do corpo, que modelos têm, mas que muita das vezes as pessoas que são carentes não sabem por onde começar”, comentou.
Isabela disse que é por meio de teatro e dança que ela propõe soluções para tirar as pessoas do lugar de comparação. “Eu acho que às vezes a moda, e modelos no geral. Toda a competitividade que o mercado carrega, inviabiliza muito a entrada de novos rostos, novos perfis no mercado. E o meu caminho foi por esse viés do teatro, da dança, e do audiovisual”.
Ela ainda revelou que em sua chegada no mercado da moda, observou que as questões centrais eram medidas para um corpo ajustado. “Mas quem é que vai lapidar esses corpos. Quem é que vai aconselhar, quem é que vai acompanhar o desenvolvimento desses perfis”.
A professora contou também que nas próximas edições do projeto, vai prosseguir trabalhando exatamente com esse público e tem possibilidades de fazer aulas em formato particular.
Contou também que seu objetivo é chegar a lugares carentes, dentro ou fora do estado do MS. “Porque a gente sabe que em cada periferia, em cada pessoa que não tem recursos financeiros ou que não tem uma rede de apoio, de produção ou oportunidades profissionais para iniciar esse portfólio que a gente fala, tanto se é necessário para a área da moda, ou para o mercado audiovisual”, finalizou.
ESTAGIÁRIO FERNANDO PRESTES SOB A SUPERVISÃO DO REDATOR TERO QUEIROZ*





