Com um repertório repleto de músicas que falam sobre a resistência de ser artistas, o grupo Beca Rodrigues e a Gaia Arte apresentam o show “Atípica” no 3º Festival Inovação, Cultura e Ciência da Universidade Federal do Paraná (UFPR), nesta 5ª.feira (24.nov.22). 

Ao TeatrineTV, Beca contou um pouco desta experiência, já que esta é a segunda vez que ela leva sua música para fora de Mato Grosso do Sul — a primeira foi quando tocou no Rio de Janeiro em setembro deste ano. Contudo, é a primeira vez que ela representa o Estado junto com as meninas do Gaia Arte. 

O projeto surgiu em 2019, um tempo depois de Beca iniciar sua carreira profissional da música, há sete anos. Fazem parte da Gaia Arte a tecladista Anne Torrecilha, Amanda Vasques, na guitarra, bem como a poetisa e baterista Ale Coelho e Iris Isis, que é baixista e segunda voz. 

No entanto, nos shows mais recentes, Iris não está presente por estar fazendo um intercâmbio na Angola, porém, sua importância para a banda é sempre lembrada nas apresentações

“Nossa baixista não está presente porque está em um intercâmbio na Angola, mas é de uma importância enorme para nós e sentimos muita falta. Todo show ela é lembrada e a dedicamos a música “Dona Arte” para ela”, explica Beca. 

A oportunidade de tocar na UFPR surgiu quando a tecladista do grupo, Anne Torrencilha, retornou para a universidade no Paraná para concluir sua graduação. Assim, ela soube da possibilidade da banda representar MS tocando no 3º Festival Inovação, Cultura e Ciência.

Dessa forma, a banda se inscreveu no edital aberto pela própria instituição e foi selecionada para realizar como bolsistas do festival. 

Em relação ao show, a artista ressalta que a intenção do “Atípica” é trazer reflexões sobre a arte independente e a vontade de ir contra toda a lógica de mercado que vê a arte mais como produto a ser comercializado do que uma forma de expressão. E sempre exaltando o protagonismo feminino nesta construção. 

“A fim de exaltar a arte enquanto voz ativa do feminino, o show “Atípica” reflete a luta de artistas independentes dentro de um cenário avesso à cultura. Pretende-se, então, trazer a imagem destemida do novo que explora toda arte como manifestação de um confronto ao pensamento mercadológico opressor das verdadeiras expressões artísticas que libertam”, detalha Beca. 

E completa: “A partir de uma vivência considerada incomum, desejamos mostrar a verdade sem medo de estarmos distantes dos padrões impostos.”

Em um grupo formada apenas por artistas mulheres, Beca reconhece que seu trabalho tem uma boa aceitação até entre um público mais conservador,mas lembra que muitas mulheres que estão no meio artístico ainda sofrem com a resistência e preconceito, especialmente por Campo Grande e Mato Grosso do Sul como um todo ainda ser um lugar com o olhar muito conservador em todos os aspectos. 

Com a banda se apresentando no Paraná, esta é a segunda vez que artistas regionais atravessam os limites de MS e levam a arte daqui para outros lugares, já que na sexta-feira passada (18.nov.22) o Projeto Kzulo Showlivre, transmitido pelo YouTube direto de São Paulo (SP). 

Sobre as potencialidades dos artistas de Mato Grosso do Sul, Beca diz que é suspeita em falar já que acredita muito na arte feita no Estado e que Campo Grande tem muitas chances de ser uma Capital movimentada no aspecto cultural

“Temos potencial para ser uma capital movimentada com a alegria e riqueza que só a arte pode fazer com uma cidade.Nosso Estado precisa entender o leque de oportunidades quando o assunto é arte!”, ressalta. 

Já em relação aos projetos futuros, a artista revela que tem planos para expandir o show Atípica e fazer parcerias para viajar por MS levando sua música junto com a Gaia Arte.

“Quero manter o foco na minha música autoral, sendo resistência nas minhas verdades e estando para fortalecer a cena e todos que precisam. Tenho projetos de parcerias e viagens pelo estado com meu show”, destaca. 

Para conseguirem realizar a apresentação da UFPR, as artistas contaram com o apoio da Fundação de Cultura de MS, por meio do titular da Secretaria Estadual de Cultura e Turismo, Eduardo Romero, que forneceu o transporte de Campo Grande até Curitiba. 

Além disso, foram feitas campanhas de doações voluntárias de amigos de fãs da banda, que também puderam contribuir comprando adesivos e chaveiros comercializados com o objetivo de arcar com os custos de estadia na cidade.