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Com elenco cego, espetáculo leva prêmio principal e mais 6 troféus

Com elenco cego, espetáculo leva prêmio principal e mais 6 troféus

Por TERO QUEIROZ • 28/04/2023 • 10:05

​“O Que os Olhos Veem o Coração Sente?”, ganhou como melhor espetáculo teatral na categoria de ‘Rua’, da 2ª edição do Prêmio Campo Grande ao Teatro. A cerimônia de premiação ocorreu na noite da 4ª.feira (26.abr.23), no Teatro Glauce Rocha, em Campo Grande (MS).

A montagem é estrelada pelos atores Jefferson Messias, Luiz Alberto, Nivaldo Santos, Monique Lopes e Cristiane Tiecher, todos deficientes visuais. Clique aqui e conheça cada um dos atores.

O espetáculo conta a história de Lucas, de 25 anos, que trabalha no setor financeiro e acabou de se casar. A narrativa revela que ele está saindo do trabalho e se sente incomodado pela claridade da luz do dia que embaça sua visão. Saindo do prédio, Lucas caminha pela rua, compreendendo que não consegue ver por onde passa. Conforme a história, Lucas se consultará com vários médicos e será comunicado da perda permanente da sua visão. O público, então, acompanhará os processos de reabilitação e tudo de novo que a perda da visão trás para a vida de Lucas.

Dramaturgo e diretor do espetáculo, Alexandre Melo, esbanjava felicidade ao receber vários troféus no formato de réplicas de Bugrinhos da Conceição, feitos pelo neto da artista, Mariano.

(26.abr.23) - Alexandre Melo reage ao anúncio de que o espetáculo "O Que os Olhos Veem o Coração Sente", levou o prêmio de Melhor Espetáculo. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

“O prêmio, em si, e todas essas categorias que a gente conseguiu levar, é muito importante para o reconhecimento do trabalho dos cegos, para que esse trabalho tenha mais visibilidade. A peça, a gente estreia para isso, para abranger o maior número de pessoas. Eu acredito que essa premiação vai fazer com que eles consigam atingir um público ainda maior”, opinou, emocionado ao final da premiação em entrevista ao TeatrineTV.

(26.abr.23) - Esq/dir: Alyadna Freitas, Jefferson Messias, Nivaldo Santos, Roberto Figueiredo, Jurema de Castro, Alexandre Melo e Roma Román, durante a entrega de troféus à equipe e elenco de "O Que os Olhos Veem o Coração Sente". Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Melo celebrou que a montagem também tenha sido reconhecida em outras categorias. “A gente conseguiu levar também direção, ator, atriz, melhor espetáculo, figurino e sonoplastia", enumerou.

Para o diretor, a conquista do prêmio ajudará no impulsionamento de espetáculos novos públicos. "Vai abrir os olhos das outras pessoas para conhecer o espetáculo, para saber mais sobre, vai gerar uma curiosidade e as pessoas vão conseguir entender um pouco melhor essa proposta. É uma proposta diferente, é um espetáculo teatral sensorial, não é uma coisa comum que se vê normalmente”, analisou.

(26.abr.23) - Os premiado durante a entrega de troféus na 2ª Edição do Prêmio Campo Grande ao Teatro. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O juri composto por Ataíde Arcoverde, Beth Terras, Roma Román e Marcílio Caetano, vivenciou a experiência de estar como expectador sensorial na apresentação de "O Que Os Olhos Veem O Coração Sente?", realizada na tarde da 2ª.feira (24.abr.23), na Praça Ary Coelho. No final daquela 1ª noite de apresentações, falamos com Arcoverde e ele citou o espetáculo de Melo.

(24.abr.23) - Apresentação do espetáculo "O Que os Olhos Veem o Coração Sente", na Praça Ary Coelho em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

"Trazer pessoas ao teatro é fundamental, você mostrar a cultura da sua terra. Pelos espetáculos que eu já assisti, tem muito talento, pessoas talentosas. E propostas de trabalho inovadoras, como é a do menino que é diretor de pessoas deficientes visuais. Eu, hoje assistindo o espetáculo e participando, foi uma coisa que me surpreendeu muito, até pela força e a coragem que ele teve de fazer um projeto como esse, porque se ensaiar pessoas que enxergam já é difícil, imagina trabalhar com cegos, é uma coisa louvável”, considerou o ator global que foi um convidado especial desta edição do prêmio.

Outra jurada e homenageada do Prêmio, Beth Terras, também externou sua comoção com o espetáculo “O Que os Olhos Veem o Coração Sente?". "Todos os espetáculos hoje me surpreenderam... O dos cegos me deixou louca, porque você aprende, né? E fazer uma direção para quem enxerga é fácil, mas e para quem não enxerga. Então eu achei que ele [Melo] foi de uma sutileza, de uma coisa assim, fora do comum", contou a jurada.

Melo falou sobre a experiência dessa direção a um elenco integralmente de pessoas cegas. “Dirigindo outras pessoas é meu primeiro trabalho e ainda tem o desafio maior, que são deficientes visuais. Não vou falar que foi fácil, vou mentir se falar que foi fácil, foi difícil. Tive que resgatar estudos sobre arte, teatro, expressão corporal, fala, tudo. Porque, trabalhar com eles é uma forma diferente. É diferente, você pegar um ator que tem visão, que vai conseguir reproduzir o que você está fazendo ali com seu corpo, porque ele está enxergando, com eles é diferente, isso não funciona. Tem que ir explicando passo-por-passo, como o corpo se movimenta, como é a fala nesse momento, para eles entenderem. Então, foi trabalhoso e com o reconhecimento do prêmio de direção, me sinto grato e me faz crer que estou no caminho certo”, apontou.

EQUIPE AFINADA

O êxito da montagem também rendeu a integrantes do elenco o reconhecimento pelo esforço e trabalho.

O troféu de melhor atriz foi destinado à Monique Lopes – atriz que faz a personagem ‘psicóloga’ em “O Que os Olhos Veem o Coração Sente?".

O troféu de melhor ator foi para Luiz Alberto – ator que faz o personagem ‘Ney’.

Ainda vão compor a prateleira de Melo os prêmios de melhor figurino e melhor sonoplastia, destinados a equipe do espetáculo composta por Alyadna Freitas, Leandro Alves, Jaquelaine Prado, David Gonçalves dos Santos.

A montagem de Melo concorreu com o espetáculo “Miragens no Asfalto”, do Grupo Teatral Imaginário Maracangalha, que arrematou os prêmios de melhor texto original e cenografia.


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Tags: #TeatrineTV, Alexandre Melo, Campo Grande, CULTURA, destaque, Jefferson Messias, Luiz Alberto, Mato Grosso do Sul, Monique Lopes, Nivaldo Santos, O que os olhos veem o coração sente?

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