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Artes Cênicas

Espetáculo espera que as violências sejam 'reparadas' na morte

Estreia foi sucesso de público, com 4 sessões convencionais, e uma extra

Por TERO QUEIROZ • 14/03/2023 • 07:16

​O espetáculo teatral “Até Que a Morte nos Repare”, esteve em cartaz nos dias 9, 10 e 11 de março, no Sesc Cultura, em Campo Grande (MS). A produção é novo trabalho do diretor Nill Amaral, da Associação Cultural Oficina de Interpretação Teatral (OFIT). Parte do elenco, surgiu do projeto Amadores II, idealizado pelo diretor.    

A reportagem do TeatrineTV acompanhou a sessão das 20h30 do dia 11. Inclusive, a estreia foi sucesso de público, com 4 sessões convencionais, e uma extra, ainda assim, muita gente ficou de fora. “Falaram para chegar às 19h30 para pegar ingresso, chegamos na hora e não tem mais vagas”, lamentou uma interessada em assistir a apresentação, que entretanto, teve que ir embora. Veja mais sobre isso no final do texto.

Antes, vamos falar do espetáculo.

O coordenador de criação de espaço e visualidade da cena e iluminação Gil Esper e seu assistente Rodrigo Bento, deram uma propulsão dramática e narrativa, poucas vezes apreciada em uma montagem na Capital. O público estava dentro da história, pois a disposição dos assentos nas laterais de um retângulo favoreceram isso.

O ator Samir Henrique em cena no espetáculo 'Até Que a Morte nos Repare'. Foto: TeatrineTV

Ao anunciar a trama, em conteúdo anterior aqui no TetarineTV, a produção disse que o público era convidado a adentrar a uma cena de crime, onde os álibis iriam ser dissonantes.

De fato, tudo começa com pessoas interessadas em investigar um possível crime. Os atores Samir Henrique e Ligia Prieto ficam responsáveis pelo convite inicial. Eles celebram a vida e anunciam a tomada dela, abrindo champagnes brancos. Sabendo do potencial da dupla, Nill aposta no verbo e poucas e movimentos, bastante marcadas.

Lígia e Samir em cena no espetáculo "Até Que a Morte nos Repare". Foto: TeatrineTV

Logo a dupla é invadida por mais 5 – três atrizes e dois atores – os amadores. São eles: Stephanie Verazzi, Karine Araújo, Melinda Almeida, Vini Willyan e Bruno Samaniego. O grupo passa a fazer movimentações usando cadeiras e gerando aqui a 1ª etapa de suspense, com verbalizações de um possível homicídio. Essa, sob afirmações de que todos são suspeitos...

As atrizes Ligia Prieto, Stephanie Verazz e Vini Willyan em cena no espetáculo 'Até Que a Morte nos Repare'. Foto: Malcom Carvalho e Raique Moura

Depois, por meio das performances apaixonantes entre os corpos, é possível sentir no ar que há a possibilidade de um crime passional, envolvendo os relacionados.

Atores Samir e Bruno Samaniego em cena no espetáculo 'Até Que a Morte nos Repare'. Foto: TeatrineTV

Depois, de um possível suicídio e por último, num monólogo potente de Karine Araújo, a última tese... a essa altura, porém, pouca importava o suspense. Estava nítido, a narrativa era um manifesto sobre a violência cotidiana banalizada​.​

Grande revelação da sessão, atriz Karine Araújo. Foto: Malcom Carvalho

O texto, que surgiu de maneira coletiva, e foi ‘encaixado’ por Éder Rodrigues, revela a expectativa coletiva de que as violências sejam reparadas ou cessem na morte.

Oriundos do processo Amadores II, além de Karine, que foi a grande revelação da sessão, também vale apontar as maravilhosas performances e sintonia de Melinda Almeida e Vini Willyan​.​

Vini ao fundo e Melinda à esquerda. Foto: TeatrineTV

Estreando, a montagem tem uma profusão sonora ainda exacerbada. O poder do silêncio, por hora não habita o novo trabalho de Nill Amaral de maneira objetiva. “Até Que  a Morte nos Repare” é um projeto potente com narrativa não linear, que não cansa. Um belo trabalho em desenvolvimento.

Vini e Karine em uma ótima perfomance em 'Até Que a Morte nos Repare'. Foto: TeatrineTV

“Até que a Morte nos Repare” conta também com a videografia e arte designer Bruno Augusto; produção Cia. Ofit e o figurino também é assinado por Nill. Os fotógrafos são Raique Moura e Malcom Carvalho.

SESSÕES LOTADAS

A produtora cultural da Cia OFIT, Thays Nogueira, disse que mesmo com a a sessão extra não foi possível atender todo o público que compareceu. “A última sessão de sábado fechou com 30 pessoas na fila de espera. É um misto de alegria, por ver que Campo Grande tem plateia para o teatro, e ao mesmo tempo aquele aperto no coração por não ter como acomodar a todos. Temos normas de segurança, lotação de espaço, que precisamos seguir à risca”, explicou.

O ESPETÁCULO E O PROJETO AMADORES

Da esquerda para a direita: Karine, Melinda e Bruno Samaniego, em cena no espetáculo 'Até Que a Morte nos Repare'. Foto: TeatrineTV

O “Amadores II” foi contemplado no Programa de Fomento ao Teatro (Fomteatro) da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande (Sectur) de 2019. “O projeto “Amadores II Edição” FMIC FOMTEATRO teve sua planilha de custos reduzida, por não ter sido aprovado, houve uma diminuição de 40% do orçamento final”, contou do diretor. Com isso o diretor buscou mais parcerias para a concepção do trabalho com 7 atores em cena.

O diretor Nill Amaral durante fala ao público de 'Até Que a Morte nos Repare'. Foto: Facebook (@ofitcia)

As apresentações desta semana custaram R$ 33 mil e foram pagas pela Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul (FCMS), do governo do Estado. “A FCMS assume o apoio nas apresentações como uma maneira de reverter para o cachê para os artistas, bem como, para a equipe de técnica que reside em Dourados e material cênico e o pagamento dos profissionais atores”, detalhou Nill. Eis o extrato

Ao todo, o projeto Amadores II extrapolou o marco de 100 inscritos no processo seletivo. Deste total, 20 candidatos participaram, por dois dias, de uma vivência no Sesc Cultura junto ao diretor Nill Amaral e da atriz Ligia Prieto. "'Amadores' completa, agora, a sua segunda edição. A primeira foi no ano de 2017 e apesar de ser algo que decidimos prosseguir, toda estreia é sempre uma experiência nova. Elenco diferente, dramaturgia nova, um trabalho pensado, principalmente, para promover a experiência cênica entre atores iniciantes com artistas experientes. Foram dois meses de estudos e ensaios, um tipo de intercâmbio artístico em que cada artista deu sua contribuição em uma viagem cujo desembarque foi o palco, nesse encontro com a plateia, que foi generosa em cada uma das quatro sessões”, avaliou.

Além do Fomteatro e apoio da FCMS, o projeto Amadores II contou com a correalização do Sesc Cultura, e apoio da Fecomércio MS e da Dico Panificadora.


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