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Artes Cênicas

'Na linha do grito': R$ 100 mudaria as vidas de Claudineyi, Carmelita e Kazimiro

Pela 1ª vez indo a uma sessão teatral, campo-grandense diz: 'Todo mundo gostaria de assistir uma peça como essa'

Por TERO QUEIROZ • 17/02/2023 • 16:57

​Claudineyi (Marcos Alexandre), Carmelita (Fernanda Kunzler) e Kazimiro (Yago Garcia) são varredores de rua que caso tivessem R$ 100, teriam suas vidas mudadas. Essa é uma logline do espetáculo teatral "Vil Metal'', escrito por Marcos Alexandre e dirigido por Fernando Lopes, que está em cartaz em Campo Grande (MS).  

A montagem estreou às 20h do dia 9 de fevereiro e teve sessões em 10, 11, 12 e 16 de fevereiro de 2023. A próxima sessão será nesta 6ª.feira (17.fev.23), no mesmo horário das anteriores. As apresentações estão acontecendo na Estação Cultural Teatro do Mundo, na Rua Barão de Melgaço, 177, na Capital sul-mato-grossense.

A reportagem do TeatrineTV acompanhou a sessão do sábado (11.fev).

No amplo espaço da Estação Cultural, Marcos, Fernanda e Yago entregam uma dramaturgia diversa, requintada com técnicas de interpretação variadas, capacidade de um elenco que conta com carreira robusta no teatro sul-mato-grossense.

A bem-sucedida criação de iluminação de Anderson Lima, gera ambientes em que mescla a sombra e o colorido, gerando a sensação singular de que espetador está abrindo um livro para ouvir os contos do trio: empregados de uma empresa de limpeza de rua, que precisam de R$ 100 para resolver 3 problemas distintos, mas todos de extrema relevância.

Marcos Alexandre em cena no espetáculo Vil Metal. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O texto do ator, diretor e professor de teatro Marcos Alexandre, de 49 anos, é leve e perspicaz. A dramaturgia é capaz de arrancar muitas risadas e em determinado momento, gerar um nó na garganta, principalmente no público que compartilha da realidade dos personagens. “Os cem reais, para uma parcela da sociedade que ganha um valor apertado, é muito significativo; às vezes dez reais é! Eles estão todos na linha do grito, quando chega o final do mês, eles tem o dinheiro só de comprar alimento e pagar as contas, não sobra nada... Muitos de nós passa por isso, de precisar de um dinheiro e não ter. O espetáculo ilustra como é a vida de  pessoas que vivem na linha da urgência”, explicou Marcos.

Cada um dos personagens teria planos do que fazer com R$ 100. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Premiado no 1º Prêmio Ipê de Teatro de 2021, da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande (Sectur), "Vil Metal'' traz para luz da cena personagens do cotidiano invisibilizados por parte da sociedade.  “Trazer varredores de rua para a cena, foi pensado como uma maneira de mostrar as angústias das pessoas marginalizadas pela sociedade. Varredores de rua, muitas vezes, as pessoas olham e transpassam por eles. Quis trazê-los para a cena devido a esse trabalhador ser popular e essencial”, disse Marcos, explicando que a criação foi desenvolvida ao longo de 4 anos de atividade dele no grupo Identidade Teatral, composto também por Fábio Umeda, Yago Garcia e Leonardo de Castro.

Fernanda Kunzler em cena no espetáculo teatral Vil Metal. Foto: @teroqueiroz | @tetarinetv

Inicialmente, a ideia era ter dois homens em cena brigando pelo achado de um dinheiro, mas Marcos, ao se encontrar com uma colega de trabalho, decidiu convidá-la para a montagem e então desenvolveu o terceiro personagem.  “Eu a Rane [Abreu] e o Yago, começamos a fazer teatro em 1992. Então, eu comecei a escrever essa história incialmente para mim e o Yago atuar, mas depois inclui o personagem da Carmelita, ao encontrar a Rane. Foi a melhor coisa que eu fiz, porque dramaturgicamente ficou mais completo... Apesar disso, não conseguimos montar com a Rane devido a agenda de trabalhos dela, foi então que trouxemos a Fernanda para o trabalho e chamamos o Fernando Lopes para a direção, para o projeto ficar mais vigoroso”, acrescentou Marcos Alexandre.

Pela 1ª vez indo a uma sessão teatral em Campo Grande, a psicóloga Sandra Armoa, de 59 anos, comentou destacando a grandiosidade do espetáculo e do espaço cultural. “Gostei muito, muito bom! Que bom que Campo Grande está oferecendo peças como essa... Aqui em Campo Grande não tem muitas oportunidades, então não tenho costume de fazer essa busca por espaços teatrais... Eu vim pelo convite de uma amiga, esse é o 1º que conheço na cidade”, disse.

A psicóloga Sandra Armoa, de 59 anos, na saída da apresentação do espetáculo teatral Vil Metal, em 9 de fevereiro de 2023. Foto: @alyfreitas | @teatrinetv

“O espaço cultural e a arte vem para trazer à sociedade, ideias, sabedorias e críticas sobre as situações que vivemos no mundo. A sociedade não pode ficar longe disso! Hoje, por exemplo, deveríamos ter mais pessoas aqui, assistindo essa peça que fala de sociedade, mundo e diferenças. Por isso, os órgãos públicos têm de oferecer apoio à esses espaços. Todo mundo gostaria de assistir uma peça como essa, tenho certeza!”, completou Sandra.  

Na sessão desta 6ª.feira e do fim de semana de Carnaval todos que forem assistir Vil Metal pagam meia: R$ 15. "E se for fantasiado e acompanhado, dois ingressos saem por R$ 10 reais", anunciou Fernando Lopes.

Veja a galeria de fotos da sessão de Vil Metal produzidas pelo repórter do TeatrineTV:

ESPETÁCULO TEATRAL  VIL METAL

FICHA TÉCNICA

  • Cenário e figurino: Yago Garcia
  • Música: Ewerton Goulart
  • Iluminação: Anderson Lima
  • Técnico de iluminção: João Bosco Echeverria
  • Dramaturgia: Marcos Alexandre
  • Direção: Fernando Lopes
  • Designer gráfico: Vaca Azul
  • Realização: Identidade Teatral

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Tags: #TeatrineTV, Campo Grande, CULTURA, destaque, Mato Grosso do Sul

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