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Artes Visuais

Diretor diz ter corrigido 'equívoco' visto como censura na 1ª Semana de Moda Autoral de MS (vídeo)

Por TERO QUEIROZ • 22/10/2022 • 19:34

O diretor-geral da 1ª Semana de Moda Autoral de Mato Grosso do Sul, Anderson Bosh, disse que “corrigiu” na noite da 6ª.feira (21.out.22) o fato de terem sugerido que a estilista Emília Leal não fizesse uma manifestação em favor da causa indígena, durante o desfile da marca dela, Arte Nativa, que ocorreu na 5ª.feira (20.out.22), no Armazém Cultural, em Campo Grande (MS).

Conforme mostramos aqui no TeatrineTV *(TTV), Emília pretendia, no final de seu desfile, levantar uma placa em que estava escrito "Demarcação Já!”. Com o ato, a artista estaria cobrando às autoridades para cessarem os ataques aos povos originários, bem como cobrar a demarcação dos territórios pertencentes a indígenas guaranis sul-mato-grossenses.

Entretanto, pouco antes de sua coleção desfilar, Emília teria sido informada que não poderia fazer sua manifestação. Ela entendeu a situação como franca “censura” e denunciou à reportagem que cobria o evento naquela noite.

Procurada por nossa equipe na noite da 5ª, o diretor do evento, justificou que a situação ocorreu em função de um “equívoco de entendimento”. Eles teriam compreendido erroneamente que Emília iria fazer uma manifestação partidária, e que, em razão do evento ser “apartidário”, ela foi orientada a não fazer a manifestação. Apesar de Bosh, dizer que essa foi uma decisão da Comissão de Organização do evento, fontes revelaram ao site que, na verdade, essa foi uma decisão individual do diretor e que somente depois a Comissão foi informada da situação. O diretor nega. Veja abaixo.

A compreensão de “equívoco” ocorreu após a equipe do TeatrineTV explicar o que seria a manifestação da estilista. Naquela noite, Bosh enviou mensagem dizendo que a "Comissão" iria "corrigir o equívoco", cedendo espaço na conta de Instagram da 1ª Semana de Moda Autoral de MS para Emília.

A novidade foi que na noite da 6ª-feira (21.out), Emília usou a passarela para, por fim, fazer sua manifestação em favor da causa indígena.

Bosh, então, enviou um vídeo à reportagem, mostrando Emília usando a passarela e escreveu: "Equívoco, corrigido!". Veja o vídeo:

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Estilista, Emília Leal fez uma manifestação pacífica na 6ª.feira (21.out.22). Créditos: TTV de Rua

Apesar de o diretor fazer tal afirmação, Emília disse neste sábado (22.out) que foi um outro estilista que cedeu o espaço na passarela para a manifestação dela. "Quem deu o espaço foi uma outra marca. O Eduardo, da Moda Inclusiva, não foi a organização, a não ser se eles estavam combinados", observou.

Para a artista, um ato de censura não pode ser tratado como um 'errinho pequeno'. "Eles subestimam a inteligência das pessoas, falar que foi por equívoco... Que isso, gente? Agora, até alguns colegas me ofendem dizendo que eu 'quero palco'. Eu não pedi para ser censurada. Eu não quero aparecer! Eu quero que a causa guaranis apareça. Se não puder desfilar aqui com meu grito, eu desfilo em outro espaço, mas sempre vou levar a mensagem em defesa dos povos indígenas, por ser minha causa há muitos anos. Minha arte não começou hoje e nem minha militância", respondeu Emília ao telefone.

A reportagem procurou o estilista 'Eduardo Alves', da Bocaiúva Moda Inclusiva, por mensagem, para questionar se ele combinou a cedência do espaço à Emília com a 'Comissão'. Ele não respondeu até a publicação desta reportagem.

Procurado, ao telefone, Anderson Bosh justificou que ele e Luiz Gugliatto (Coordenador do Evento), falam em nome da Comissão e que quando disse que "a comissão decidiu por orientar Emília a não fazer o manifesto", foi no sentido de que eles receberam os pedidos de membros participantes do evento. "Não foi uma 'imposição' e sim uma 'sugestão', devido ao fato de naquele dia acreditarem que ela faria um manifesto partidário. As pessoas não queriam e nos pediram para falar com ela. Essa censura aí nunca aconteceu, foi sugerido para ela, ninguém falou não pode! O erro foi que ninguém olhou o que estava escrito na placa dela. Achavam que era política partidária, mas não era", argumentou.  

O diretor minimizou a atitude do evento: "Essa situação está ficando maior do que tem que ser, porque, ela ontem já se manifestou, retiramos a sugestão de 'não fazer'... o que mais querem com isso? Estão dando muito Ibope para isso", avaliou Bosh.

O EVENTO

A 1ª Semana de Moda Autoral de Mato Grosso do Sul teve início em 19 de outubro e encerra neste sábado (22.out.22). Todos os dias, no Armazém Cultural, 4 estilistas desfilaram. Ao todo, 12 estilistas mostraram suas criações ao longo do evento, incluindo um Colab indígena Terena Kadiwéu que apresentou na 5ª-feira as criações das artistas indígenas Natielly Terena, Sulyvan Barros, Bení Kadiwéu e Ednilson Delgado.

Em sua primeira edição, o evento conta com o apoio do Sebrae MS, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Sesc, Fecomércio, Sistema Fiems – Senai, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande (Sectur), Senac, Boticário, Capivas Cervejaria, Zoom Publicidade, Revista AL.SO, Life Sports, Inel Classic, Multi Comunicação Visual e Gráfica, Bambu Cosméticos, Badulaque e Vaca Azul Produções.

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Tags: #arte, #TeatrineTV, 1ª Semana de Moda Autoral de MS, Campo Grande, Censura, CULTURA, Liberdade de expressão, Mato Grosso do Sul, Moda, Moda Autoral

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