
Obras criadas com cinzas de queimadas que devastaram o Pantanal entre 2020 e 2024 serão expostas no Congresso Nacional a partir do dia 15 de julho. A mostra “Cinzas da Floresta – Bioma Pantanal: um chamado para a conservação das áreas úmidas à luz da COP 30” será lançada às 17h, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados.
Mais de 30 artistas de rua de diversas regiões do país participam da exposição, que ocupa o Espaço Cultural Senador Ivandro Cunha Lima até 18 de julho. As obras foram produzidas com pigmentos extraídos diretamente das cinzas dos incêndios e misturam arte, denúncia e apelo à ação ambiental.
A iniciativa é liderada pelo artivista Mundano, idealizador do projeto que transforma resíduos de queimadas em tinta desde 2021. A proposta surgiu como resposta à normalização da destruição ambiental nos noticiários, com o objetivo de ressignificar os escombros em arte engajada.
A exposição tem apoio de entidades como Environmental Justice Foundation (EJF), Documenta Pantanal, Instituto SOS Pantanal, WWF-Brasil e Frente Parlamentar Ambientalista. A ação integra a Virada Parlamentar Sustentável e busca ampliar o diálogo entre arte, ciência e política ambiental.
“A ideia é sensibilizar os representantes do povo para a urgência de proteger o Pantanal e outros biomas brasileiros”, afirmou Mundano. Além dele, nomes como Mari Pavanelli, Carina Mello, Benson, Berg e Nels Armour assinam as obras.
Para Mônica Guimarães, diretora do Documenta Pantanal, a exposição é uma provocação necessária. “Quais sentimentos despertamos ao dizer que 17 milhões de vertebrados morreram nos incêndios de 2020? Certamente a indignação é um! Mas uma obra de arte pode despertar uma reflexão para além desse sentimento? Uma obra de arte pode provocar uma ação? Apostamos nisso.”
O evento acontece em um momento decisivo. O Supremo Tribunal Federal determinou, em 2024, que o Congresso aprove até dezembro de 2025 uma lei federal de proteção ao Pantanal, conforme previsto na Constituição desde 1988. Dois projetos de lei (PL 2334/2024 e PL 5482/2022) tramitam atualmente para atender à determinação. Clique nas imagens para ampliá-las e visualizar melhor a galeria.
Luciana Leite, da EJF, destacou a importância do bioma para o clima do planeta. “As áreas úmidas cobrem apenas 6% do planeta, mas armazenam tanto carbono quanto todas as florestas do mundo. Falar de Pantanal e de áreas úmidas em geral é falar sobre resiliência climática, sobre soluções baseadas em natureza, sobre proteção contra eventos extremos – e isso também precisa estar no centro da COP30.”
Estudos indicam que as turfeiras brasileiras armazenam cerca de 39 bilhões de toneladas de carbono. Quando degradadas, tornam-se grandes emissoras.
Os incêndios de 2020 no Pantanal, por exemplo, liberaram 115,6 milhões de toneladas de CO, superando as emissões da Bélgica naquele ano.
Leonardo Gomes, diretor executivo do Instituto SOS Pantanal, apontou o papel estratégico da mostra. “Áreas úmidas são grandes aliadas contra as mudanças climáticas, e o Pantanal é um grande símbolo delas, a maior planície alagável de água doce do mundo. Além da conscientização constante sobre o Pantanal, o objetivo desta ação é colocar as áreas úmidas em maior destaque para atrair mais atenção e investimentos do mundo.”
Com visita guiada no dia da abertura e presença de autoridades, a exposição pretende transformar os corredores do Congresso em palco de um alerta ambiental.
SERVIÇO
- Evento: Exposição “Cinzas da Floresta – Bioma Pantanal”;
- Abertura: 15 de julho de 2025, às 17h;
- Local: Salão Nobre da Câmara dos Deputados – Brasília (DF);
- Visitação: 14 a 18 de julho de 2025;
- Local da Exposição: Espaço Cultural Senador Ivandro Cunha Lima;
- Ação integrante da Virada Parlamentar Sustentável.