
A manhã desta 6ª feira (6.jun.25) marcou o início oficial da terceira edição do Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito. Realizado no auditório do Bioparque Pantanal, o lançamento reuniu representantes do poder público, apoiadores e curadores do evento.
Após a cerimônia, a coordenadora Andrea Freire concedeu entrevista ao TeatrineTV revelando os desafios de construir, do zero, uma cultura cinematográfica em Bonito — cidade que já não possui salas de exibição. "Não dá para fazer um festival sem a população. Me falaram que em Gramado a população vira as costas para o festival. Já em Tiradentes e São Miguel do Gostoso, eles participam. Porque tem envolvimento, e é isso que buscaremos", disse.
Com experiência à frente do Festival de Inverno de Bonito, da Mostra Vídeo Índio Brasil e do próprio CineSur desde sua criação, Andrea declarou que vê o festival, aos poucos, se consolidar. “Vai ficando mais fácil, né? E vai se expandindo. Estive em Festivais e me apresentava como Bonito CineSur, todo mundo já sabia. Eu mesma fiquei surpresa. É um festival com a singularidade da América do Sul, é único, e desperta interesse".

Conforme Andrea, até mesmo artistas de grande reconhecimento tem demonstrado interesse en estar no festival. “O Lulu Santos mandou um recado pra gente: ‘Me convida que eu vou’. Então essa união do cinema com o meio ambiente de Bonito é muito atraente", lembrou ela se referindo à edição de 2024, quando o cantor e compositor carioca se ofereceu.
Na avaliação da coordenadora, o passo crucial que o festival almeja, é formar público em uma cidade sem tradição de ir ao cinema. “Ano passado a gente colocou ônibus nos bairros, mas foi vazio. A população ainda não tem o hábito do cinema, porque Bonito não tem mais sala. Todo mundo tem Netflix, mas não tem essa vivência do cinema, da sala fechada. Isso precisa ser construído", observou.
Para isso, o festival tem apostado na educação e na aproximação com a comunidade local. “Esse ano vamos repetir com mais intervenção, com agentes da comunidade. O Bonito Cine Educa é pra isso: para colocar a comunidade nos bastidores", destacou.
Andrea também ressaltou ações como as oficinas de audiovisual promovidas pelo festival. “Lançamos a oficina do Danon, a da Ara foi um sucesso. O projeto Garoto Cidadão também é incrível, com teatro, dança... Isso ajuda a aproximar. A ideia é trazer os participantes, os familiares, os amigos".
Segundo ela, o processo é contínuo e exige paciência. “É um processo. No Festival de Inverno, a população só começou a participar mesmo lá pelo quarto ano. A gente não pode desistir".
REALIZADORES
O Festival é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC), em parceria com o Ministério da Cultura (Governo Federal), por meio de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet. Conta com patrocínio da Fecomércio-MS, Sesc-MS, Emgea e Agência Nacional do Cinema (Ancine). Tem o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico e da Prefeitura de Bonito, da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e do Governo de Mato Grosso do Sul, além do apoio cultural da Energisa e da Zoom Publicidade.
Em 2024, o Bonito CineSur exibiu 42 filmes em 120 horas de programação, mobilizou mais de cinco mil pessoas e impactou diretamente a economia criativa de Bonito.