
O ator Espedito Di Montebranco, que interpreta o personagem Jacaré, no longa-metragem 'Do Sul a Vingança', estava emocionado após a sessão première da produção, realizada na noite da 2ª feira (12.mai.25), no Cinemark do Shopping Campo Grande (MS).
Para o veterano artista sul-mato-grossense, a produção que teve início em 2018 ser concluída e entrar no circuito comercial de cinema é um sonho se realizando. "O meu coração acelerado, mão gelada, pareço um garotinho, porque esse filme começamos em 2013, realizamos em 2018 as filmagens centrais e agora estamos entregando de uma maneira que mais parece um sonho, porque o cinema é luxo para nós atores acostumados com o teatro. Então, é uma noite de luxo e sonho", introduziu o artista.

Ao se ver na tela, Espedito disse que alcançou a resposta para uma pergunta que as pessoas o faz há anos. “Me perguntavam: 'O que que você gosta de fazer? Cinema ou o teatro?' E eu dizia: 'Os dois, igual o filho que não sabe responder se gosta mais do pai ou da mãe'. Hoje eu já falo que eu gosto mais do cinema. Hum. Até por conta da idade. Com 57 anos ficar carregando cenário, guardando cenário, guardando figurino, o cinema é mais prático. Não é que seja mais fácil, mas ele é mais prático pro ator, eu acho que é. Isso, porque a gente com a idade não vai em alguns locais no teatro, a mobilidade vai diminuindo um pouco. Eu me sinto jovem, mas a gente sabe que fica mais difícil", brincou.

Sobre sua identificação com o personagem Jacaré e a ambientação do filme, Espedito compartilhou: "No cinema, como é tudo muito pequeno e muito gostoso, eu eu tô nessa fase de pensar, de refletir e eu acho que eu me encaixo muito mais. Quando você se vê numa telona gigante dessa, falando de Mato Grosso do Sul, de histórias nossas aí embutidas, porque tem, eu conheço bem essa fronteira. Desse jacaré que no princípio acha que é um animal, não, é um ser humano. Cara, é muito lindo".
O artista ficou ao emocionado ao rever cenas do filme: “A cena do hotel que eu olhei e falei: 'Cara, olha'. E eu sou muito crítico com o meu trabalho. Mas eu falei: 'Olha que que bonitinho que o Jacaré tá, ele tá tentando ser emotivo, mas ele é muito forte, ele não pode".

Na avaliação do ator, o filme é um marco em aspectos técnicos e histórico. “É uma delícia a gente poder em Mato Grosso do Sul e, espero que esse trabalho, que é o primeiro longa totalmente produzido aqui a entrar nos cinemas, não seja só ele. Que eu acho que agora outras pessoas, outros cineastas, outros atores possam falar: 'Eu vou fazer porque daqui a pouco eu tô no cinema'. Nós temos quase 90 atores em cena nesse filme do Flecha, ou seja, tem espaço para todo mundo. Precisa acreditar, mesmo com pouco recurso. Então, o que a gente já fazia no teatro, quando a gente começou, sem dinheiro, guardando o cenário, carregando em cima de uma Kombi velha, agora a gente já tá melhor".
Eespedito também celebrou a possibilidade de fazer cinema em MS, sem ter que partir para os grandes centros de produção audiovisual. “Eu vi aqui hoje, que o cinema em Mato Grosso do Sul, a partir desse trabalho, de um longa metragem premiado, eu vejo uma uma nova porta, me dá aquele orgulho de falar assim: Eu não precisei ir embora de Mato Grosso do Sul para fazer, para atuar num grande filme".
SEM VAIDADE

Vítima de um acidente doméstico, em que perdeu parte do dedão da mão direita durante um serviço de marcenaria para o teatro, Espedito revelou que o incidente impactou diretamente a trama do filme Do Sul, a Vingança. “Fui eu quem falei para o Flecha. Porque, há dois anos, eu estava mexendo num cenário, num espetáculo, e torei o dedo. E, quando foi filmar, eu peguei o roteiro e falei: ‘Fábio, tem um probleminha aí’. Ele falou: ‘O quê?’, porque o Fábio escuta muito a gente. Graças a Deus, desde o primeiro filme deles, eu participei de todos. Vou me sentir até estranho a hora que eu não tiver, mas vai chegar esse momento. Tem que chegar!", brincou.
Então, ao notar que agora seu personagem, Jacaré, teria parte do dedo decepado, Espedito sugeriu ao diretor amigo que alterasse o trama. " Você vai ter que inventar. Ele perdeu no tiroteio.’ Ele falou: ‘Deixa comigo’. Isso foi à tarde, porque eu passei na Render. Quando foi à noite, ele falou: ‘Dá uma olhada’. Já estava o roteiro modificado", lembrou.
Para o ator, a vaidade não pode atrapalhar a existência do personagem. "Eu nunca tive essa questão da vaidade. Quando eu fiz um filme do David, que falava sobre um cara que estava com câncer, era uma amizade, eu falei: ‘David, mas ele é um cara com câncer. Ele provavelmente foi e perdeu o cabelo, né?’. O David falou: ‘Então, eu não queria te perguntar, porque, de repente, você não queria tirar’. Eu falei: ‘Não! O nosso trabalho é o trabalho do ator. O que precisar fazer, a gente faz. Ah, tem cena de nudez? Vai ter que fazer. Porque, senão, não é a história real do diretor".
Com isso em mente, Espedito e Fábio trouxeram à trama de Do Sul, a Vingança uma história que fortaleceu o lendário Jacaré. "E é muito legal, porque aí você assume isso de verdade. Não fico escondendo. Quando eu vou gravar publicidade, claro que eu escondo. Eu dou uma disfarçada, porque as pessoas não precisam ver para falar: ‘Olha, ele não tem um dedo’. Não. Isso é escondido. Agora, pro filme, virou uma história muito interessante", concluiu.
EM CARTAZ NOS CINEMAS
Distribuído pela Kolbe Arte, o filme 'Do Sul, a Vingança', entra em cartaz nos cinemas em 15 de maio. Veja os locais:
Mato Grosso do Sul:
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Campo Grande (MS) - Cinemark
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Aquidauana (MS) - Grupo Cine
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Ponta Porã (MS) - Circuito Cinemas
Mato Grosso:
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Cuiabá (MT) - Cineflix Shopping 3 Américas
São Paulo:
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SP (Capital) - Cinemark Aricanduva
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SP (Capital) - Cinesystem Frei Caneca
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Guarulhos (SP) - Circuito Cinemas
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Andradina (SP) - Grupo Cine
Rio de Janeiro:
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RJ (Zona Oeste) - Cinemark Shopping Downtown
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RJ (Sulacap) - Cinesystem Parque Sulacap
FICHA TÉCNICA
- Direção: Fábio Flecha
- Roteiro: Fábio Flecha e Edson Pipoca
- Produção: Render Brasil
- Distribuição: Kolbe Arte
- Elenco Principal: Felipe Lourenço, Espedito Di Montebranco, Bruno Moser, Leandro Faria, Luciana Kreutzer, Victor Samudio, David Cardoso, Priscila Godoy