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Audiovisual

Filme brasileiro 'A Flor do Buriti' leva prêmio no Festival de Cannes

Por TERO QUEIROZ • 02/06/2023 • 22:19

O filme 'A Flor de Buriti' venceu o Prix D’ensemble (prêmio de Melhor Equipe) na mostra Un Certain Regard (Um Certo Olhar) no Festival de Cannes 2023, na noite da 6ª feira (26.mai.23). A produção brasileira foi a única a trazer um troféu para casa.

Produzido pela brasileira Renée Nader Messora e pelo português João Salaviza, o longa mostra a luta do povo indígena Krahô pelas suas terras, no norte do Tocantins e as diversas formas de resistência travada por eles nos últimos 80 anos.  

A narração do filme, feita no idioma krahô, é baseada em relatos históricos transmitidos oralmente entre as gerações do povo.

'A Flor de Buriti' foi filmada ao longo de 15 meses em quatro aldeias da Terra Indígena Kraolândia: Pedra Banca, Coprer, Morro Grande et Manoel Alves Pequeno. A obra tem a participação da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.           

​“É importante sublinhar que o nosso projeto com os Krahô não é um projeto artístico, é um projeto de vida”, esclareceu o diretor João Salaviza.

Renée Nader Messora ficou contente com a acolhida calorosa do filme, que foi aplaudido durante vários minutos na estreia em Cannes. “ Estou contente principalmente porque eu consegui sentir a potência que a presença de Patpro, Hyjnõ e Ihjãc, que são os nossos amigos do Tocantins, faz ecoar em uma sala de cinema cheia como foi aqui”, disse a diretora brasileira.

NARRATIVA

“A Flor do Buriti” foi produzido por Julia Alves e Ricardo Alves Jr. na produtora mineira Entre Filme. Foto: Reprodução

Entre um ação de massacre perpetrado por fazendeiros que buscavam apropriar-se das terras dos krahô, a experiência traumática durante a ditadura civil-militar iniciada em 1964 e os dias atuais com o advento de uma nova geração de lideranças indígenas, vai sendo construída a produção audiovisual.

“Dessas histórias, a luta pela terra ainda prevalece, ainda que as ferramentas para realizar essa resistência tenham evoluído”, diz a equipe do longa.

A brasileira Renée Nader Messora e o português João Salaviza, codiretores de "A Flor do Buriti" que estreiou nessa terça-feira, 23 de maio de 2023, na mostra "Un Certain Regard" do Festival de Cannes © RFI/Adriana Brandão

O filme foi construído em parceria com os Krahô, em um processo coletivo. O roteiro é assinado por João Salaviza e Renée Nader Messora e pelos indígenas Ilda PatproKrahô, Francisco HyjnõKrahô, Ihjãc Henrique Krahô, que também vieram a Cannes para a pré-estreia mundial na mostra “Un Certain Regard” (Um Certo Olhar).

Na semana de abertura do festival, um dos mais importantes do mundo, integrantes do filme realizaram um protesto contra o marco temporal no tapete vermelho.

Participaram do ato os diretores Renée Nader Messora e João Salaviza, os indígenas Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô, Ihjãc Henrique Krahô, que também assinam o roteiro de “Crowrã, A Flor do Buriti”, a produtora Julia Alves, entre outros.

Os diretores João Salaviza e Renée Nader, juntamente com os atores Francisco Hyjnõ e Ilda Patpro, esticaram uma faixa que dizia: “O futuro das terras indígenas no Brasil está sob ameaça, não ao marco temporal”. Apesar da luta, a proposta que ameaça a existência dos povos foi aprovada na Câmara dos deputado e será apreciada pelo Senado brasileiro.

O elenco de 'A Flor de Buriti' é composto também por Francisco Hỳjnõ Krahô, Solane Tehtikwỳj Krahô, Raene Kôtô Krahô, Luzia Cruwakwỳj Krahô e Débora Sodré. O filme também conta com a participação especial de Thiago Henrique Karai Djekupe e Shirlei Djera

A mostra Um Certo Olhar é considerada a 2ª principal do Festival de Cannes e premia cineastas em começo de carreira. A dupla de direção já venceu o troféu do júri na mostra há cinco anos, com “Chuva É Cantoria na Aldeia dos Mortos”.

PREMIADOS EM CANNES

O troféu principal ficou com How to Have Sex, de Molly Manning Walker. Augure levou o prêmio nova voz; Goodbye Julia, o liberdade; The Mother of All Lies, o de direção, e Hounds, o do júri.

O ator americano John C. Reilly foi o presidente do júri este ano, que teve como membros a diretora francesa Alice Winocour, a atriz alemã Paula Beer, a diretora francesa-cambojana Davy Chou e a atriz belga Émilie Dequenne.

PALMA DE OURO

A premiação principal do Festival de Cannes, Palma de Ouro, tinha dois brasileiros na disputa: Karim Aïnouz, que dirige o longa britânico Firebrand e Carol Duarte, protagonista do italiano La Chimera. K

"Este é o filme mais pessoal que eu já escrevi", disse Justine ao receber o prêmio. Foto: CHRISTOPHE SIMON/AFP/JC

Apesar da torcida, a produção "Anatomie d'une Chute" ("Anatomia de uma Queda") foi o grande vencedor da 76ª edição do Festival de Cinema de Cannes. O ganhadora da Palma de Ouro foi a diretora Justine Triet, que com isso se tornou a terceira mulher a conquistar o grande prêmio do Festival na história do evento. Antes dela, apenas Jane Campion, com "O Piano", em 1993 e Julia Ducournau, com "Titane", em 2021.

O grande prêmio e o prêmio do júri, espécies de segundo e terceiro lugar, foram para "The Zone of Interest", de Jonathan Glazer, e "Fallen Leaves", de Aki Kaurismäki.

Ao todo, 21 filmes concorriam ao mais prestigiado prêmio do circuito de festivais de cinema. Diferentemente do Oscar, em Cannes um mesmo longa não pode ganhar a Palma e outro prêmio oficial -Palma Queer, por exemplo, não entra na regra.


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Tags: A FLOR DE BURITI, CANNES, DEMARCAÇÃO DE TERRA, destaque, MARCO TEMPORAL, POVOS INDÍGENAS

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