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'ENTRE RIOS, PEQUENOS MUNDOS, AGUACEIROS'

Filme celebra beleza do Rio Paraná e denuncia perigo do esgoto

Cineasta Moysés Chama conta detalhes da produção cinematográfica

Por TERO QUEIROZ • 23/04/2024 • 16:37
Imagem principal Moysés Chama às margens do Rio Paraná. Foto: Reprodução

Em 11 de abril, no coração de Aparecida do Taboado, Mato Grosso do Sul, o curta-metragem "Entre Rios, Pequenos Mundos, Aguaceiros" teve sua estreia emocionante na Praça da Matriz.

Escrito e dirigido por Moysés Chama, o documentário mergulha na vida e na importância do Rio Paraná para a região, envolvendo um elenco diversificado de especialistas e artistas locais.

Moysés Chama, reconhecido como agitador cultural, no enredo destaca as conexões entre o rio e a comunidade, com depoimentos apaixonados de personalidades como o ecólogo Maurício Neves Godoi e a cantora/compositora Priscilla Cardoso, entre outros.

"Este trabalho é uma homenagem às águas que moldaram nossa história", disse Chama, cuja carreira inclui papéis como professor, político e artista visual.

O curta, produzido por Jéssica Zana e João Barboza, capturou imagens exuberantes que repercutem a região e os ribeirinhos do Rio Paraná.

Numa entrevista ao TeatrineTV, chama contou como surgiu a ideia da produção do curta metragem. “Recebi o convite de uma Produtora, w.Zana Filmes, para escrever e dirigir um documentário sobre educação e preservação ambiental, como o Rio Paraná se forma aqui na junção de dois outros rios e passa por um momento delicado a respeito de sua preservação acreditamos que seria a oportunidade de explorar esta história do Rio”, introduziu. 

Moisés Chama toma tereré às margens do Rio Paraná. Foto: ReproduçãoMoisés Chama toma tereré às margens do Rio Paraná. Foto: Reprodução

Chama apontou que um dos primeiros desafios acerca da produção do filme foi encontrar as pessoas que se encaixavam para os relatos. “A grande maioria sabe dos problemas e até querem uma solução, mas não estão nesse lugar de enfrentamento, depois foi a questão do investimento, se não fosse a Lei Paulo Gustavo e a aceitação dos profissionais por cachês reduzidos o documentário não teria saído e mesmo assim gastamos o dobro, mas conseguimos entregar o prometido”, apontou.

O diretor apontou que apesar de o Rio ser bastante celebrado na obra, há um destaque especial para um problema ambiental que tem ameaçado as águas e a população: “Deixamos claro a importância econômica, turística, lazer e de subsistência de toda região e o risco que estamos sofrendo com o emissário final do esgoto não tratado. Já existem processos, denúncias, o caso foi parar em Brasília, mas lutar contra o sistema é difícil, acredito no poder da arte e ela vai nos provar a força que tem fazendo com que a história mude e seja feito ‘pra ontem’ às adequações do tratamento do esgoto”, comentou.

De acordo com Chama, para os depoimentos foram selecionados profissionais que entendem do assunto, cada um dentro de suas especialidades, para falar de turismo, um Guia de Pesca Esportiva, sobre educação ambiental um Ecólogo, subsistência um pescador e proteção ambiental a presidente do SOS Rio Paraná. “A parte artística para mim foi mais fácil, faço parte de um grupo de amigos artistas sul-mato-grossenses e Aparecidenses que são expoentes na região da Costa Leste, recrutei todos que aceitaram de imediato o chamado”, disse. 

Moysés Chama em uma imagem 360° às margens do Rio Paraná. Foto: Reprodução Moysés Chama em uma imagem 360° às margens do Rio Paraná. Foto: Reprodução 

Os aspectos culturais que são destaques no filme incluem: “A fala brejeira, as cores dos figurinos e o tereré até a locação com espadas de São Jorge foi pensada”, enumerou. 

Para Chama ao mostrar a beleza da região, o filme pode sensibilizar as pessoas sobre a importância da preservação. “Sobre a ótica da beleza do local, as informações reais da riqueza que o Rio fornece e a iminência disso tudo ser destruído”, considerou. 

Com o filme lançado, o diretor pretende o inscrever em editais para mostras e festivais. “E todo convite que vier para exibições com rodas de bate papo com parte do elenco e produção”, garantiu. 

Moysés Chama comentou que para conceber o filme, juntou suas experiências em turismo, artes visuais e marketing. “Essas são as minhas formações acadêmicas, a partir das minhas experiências de vida e de mundo juntei tudo com propriedade e parcimônia, era de Lei não falar de empresas, política e afins”, pontuou. 

Um dos momentos mais marcantes durante as filmagens, segundo Chama, envolve tensão devido a ausência de um dos personagens. “O pescador que iria dar o relato não pode ir, estávamos lá, produção nervosa, tive que respirar e dizer, não se preocupem a gente grava o relato com o pescador outro dia, mas não haveria mais outro dia porque não tínhamos verba para tal, de repente escutamos um bote que no seu bico estava escrito “Preto do Rio” atracar na barranca do Rio com um pescador, cara eu tremia fui até ele expliquei e ele topou gravar, outros momentos foram ver os atores descalços machucando o pés nas pedras e galhos e não se importando, rindo de tudo, no final estávamos exaustos mas eles literalmente deram o sangue, a minha fala era pra ser declamada, mas a emoção tomou conta, achei melhor uma narração”, lembrou. 

O filme com pequeno orçamento, contou com o paio crucial da Pousada Estância São Matheus. “A Leila é uma ribeirinha, mulher forte, determinada, Veterinária, Fiscal Federal Agropecuária do Ministério da Agricultura e proprietária da Pousada, quando nos reunimos para apresentar o projeto ela recebeu a ideia com entusiasmo, ontem após a liberação do curta ela ainda não tinha assistido”, celebrou.

Chama ainda lembrou que foi Leila que lhe mostrou o quão inerte estava o poder público à frente do problema do emissário. “Essa mulher com o olhar marejado de lágrimas me mostrou além da Guerreira que ela é, como este estado não escutou essa mulher até agora, como Brasília não levou adiante nosso pedido de socorro, os investimentos para a readequação imediata do emissário final custa caro para o estado? Para a empresa? Para o Brasil? Então, devemos entender que nosso ecossistema, nosso Rio Paraná tem preço? A resposta para todas essas perguntas é NÃO!”, concluiu.

Para aqueles que perderam a estreia, o curta Entre Rios, Pequenos Mundos e Aguaceiros está agora disponível para visualização no YouTube @moyseschama. Assista abaixo: 

Completa a ficha técnica do curta-metragem os seguines profissionais: 

 

  • ︎ Auxiliares de Produção: Matheus Galdino e Halley Jhon;
  • ︎ Cinegrafista: Welington Zana;
  • ︎ Guia de Pesca: Evandro dos Santos;
  • ︎ Ecólogo: Maurício Neves Godoi;
  • ︎ Presidente do SOS Rio Paraná: Leila Mussi;
  • ︎ Pescador: Trindade;
  • ︎ Atrizes: Conceição Mendonça (Interpretação do poema: "Profunda e Sublime"); Lua Nascimento (Interpretação do poema: "Leviatã");
  • ︎ Coreógrafo e dançarino: Eduardo Araújo;
  • ︎ Dançarina: Shirley Silva;
  • ︎ Cantora e Compositora: Priscilla Cardoso (Músicas: "Nua e Crua" e "Aguaceiro");
  • ︎ Poetisa e Escritora: Wadna Salles (Poemas: "Profunda e Sublime" e "Leviatã");
  • ︎ Maquiador: Geovani Morinigo;
  • ︎ Figurino: Neuza Oliveira;
  • ︎ Apoio/Local de Gravação: Pousada Estância São Matheus.

 


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