Filme Caminho dos Ervais, que estreia na quarta-feira, 27 de agosto, em Ponta Porã. Foto: Arquivo Público de Mato Grosso do Sul

O filme “Caminho dos Ervais” será lançado nesta 4ª feira (27.ago.25) em Ponta Porã (MS), salvaguardando a história da erva-mate no Mato Grosso do Sul.

Dirigido por Marineti Pinheiro e produzido por Lilian Rios, o filme de gênero documental percorre o passado e o presente da fronteira sul-mato-grossense, onde a erva-mate moldou não apenas a economia, mas também a identidade cultural da região.

Segundo as idealizadoras, o filme conecta tradição indígena, memória regional e impacto econômico da maior empresa de ervais fundada por Thomaz Larangeira após a Guerra do Paraguai. Intitulada Companhia Mate Laranjeira, a empesa pertenceu a várias famílias e acionistas ao longo do tempo, incluindo a família Correa da Costa, a família Murtinho, e mais tarde, a família Mendes Gonçalves.

A empresa operou como um monopólio de exploração da erva-mate e foi desmantelada em 1943 por Getúlio Vargas ."A história da erva-mate é profundamente reveladora, sobretudo no aspecto econômico. A Companhia Mate Laranjeira chegou a emprestar dinheiro ao governo do Mato Grosso e influenciou diretamente a formação de diversas cidades do estado. No entanto, esse ciclo é pouco abordado nos livros escolares, diferente do ciclo da borracha ou do café. Esse documentário é uma tentativa de corrigir essa lacuna", adiantou Marineti Pinheiro. 

Marineti durante as filmagens de Caminho dos Ervais, que estreia na quarta-feira, 27 de agosto, em Ponta Porã (MS). Foto: Reprodução.

A diretora diz que o filme apresentará ao público imagens raras, depoimentos de historiadores e descendentes de trabalhadores.

Filmagens dentro de um barbaquá, estrutura tradicional usada para secar a erva-mate com o calor da fumaça. Foto: Reprodução

O filme também mostrará a rotina dos moradores da fronteira, onde o chimarrão e o tereré fazem parte do cotidiano.

A escolha da cidade fronteiriça como cenário para a estreia do filme se deu, de acordo com a diretora, devido ao ao fato de a cidade de Ponta Porã ser guardiã de traços visíveis desse período em construções históricas e na memória coletiva. Marinete explicou que a chegada de migrantes, especialmente gaúchos em busca da erva-mate nativa, deixou marcas duradouras na cultura local.

Sr. Fábio relembra o tempo em que trabalhou no Erval. Foto: Reprodução

O filme será exibido no centro da cidade, no Monumento das Cuias — que reúne a cuia de chimarrão, a de tereré e o porongo — é um dos símbolos dessa herança. O monumento carrega a frase “Bem-vindo a Ponta Porã – Princesinha dos Ervais” que se cruza diretamente com a história do filme. "Nosso propósito é valorizar um capítulo essencial da nossa história. Fala-se muito do ouro, do café e da borracha, mas a erva-mate também foi considerada o 'ouro verde' da sua época. Precisamos lembrar disso", completou Lilian Rios.

Equipe do filme Caminho dos Ervais. Foto: Reprodução

As idealizadoras dizem que o filme foi realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Integrado (Funcesp) da Prefeitura de Ponta Porã.