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tche tiempo guaré

Infância de desembargador salta da literatura ao cinema

Curta metragem 'Che Tiempo Guaré' foi inspirado no livro homônimo de Nery da Costa Jr.

Por ALY FREITAS • 30/04/2023 • 17:19

O curta-metragem ‘Che Tiempo Guaré’, inspirado no livro homônimo do desembargador e escritor Nery da Costa Júnior, estreou na noite do sábado (29.abr.23) no Cinemark do Shopping Campo Grande (MS).

Foram duas sessões na mesma noite, ambas apresentadas pela atriz Ângela Montealvão, que em tom poético, resumiu o universo do filme aos artistas, amigos e autoridades convidadas. "Esta obra consegue descrever o cenário de Amambai, trazendo também toda sua cultura, os costumes e dizendo sobre a política e arte. É um recorte poético e também histórico da infância do menino Nerinho e da cidade de Amambai", introduziu.

Ao apagar as luzes, surgiram na tela Andressa Bussolaro e Samir Henrique, que deram vida aos pais de Nery. A fotografia, propositalmente envelhecida, revelou a lembrança dos pais que um dia vislumbraram um futuro para seu filho: “vai ser juiz”, prenunciou a jovem mãe.

Os momentos seguintes revelaram o desejo de transpor, com certa fidelidade na divisão de capítulos, fragmentos da obra literária para o cinema. Surge, então, Leonardo de Castro na pele de um ser místico e teatral. Um contador de histórias que permanece ao lado do menino Nery, revelando o faz-de-conta que se passa na mente do garoto que brinca com soldadinhos de chumbo. “As histórias do Rio Amambai são comparadas àquelas do triângulo das bermudas”, declamou o personagem, rodeado por bailarinos. 

A reportagem do TeatrineTV acompanhou a segunda sessão e conversou com parte da equipe que comentou os desafios de suprimir a um curta uma obra tão extensa e os planos de, em breve, transformá-la em um longa-metragem.

(29.abr.23) - Nery da Costa Jr. assistindo ao curta-metragem inspirado em sua obra literária. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Segundo o produtor, André Alvez, a ideia de transformar a história em filme surgiu logo após o lançamento do livro. “O livro tem mais de 700 páginas e apresenta elementos da história, da vivência própria dele, tem Amambai, que é uma cidade importantíssima no estado. Eu, conversando com ele [Nery], ouvi ele dizer: 'lancei o livro, e agora? Aí eu falei: ‘agora vamos pro audiovisual, meu amigo".

(29.abr.23) - Este é o produtor, André Alvez. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Após a conversa, André ficou encarregado de encontrar alguém para dirigir a obra, o que o fez lembrar de Vini Willyan, com quem ele já havia trabalhado. “Na hora me veio a ideia de chamar o Vini”, pontuou.

O jovem diretor avaliou ter conseguido imprimir sua personalidade, dando ao filme uma face de contação de histórias.

“Historicamente, culturalmente, politicamente, tem muitas camadas nesse livro. Acho que eu consegui contar um pouquinho de cada parte, dando uma sensação de contação de história. É meio teatral, porque você tem um ator contando o que está acontecendo, mas que na verdade é o grande sonho de um menino, que no futuro vai escrever essa história”, revelou.

Vini observou, entretanto, que o curta é um ensaio sobre o que virá a se transformar em um longa-metragem.“A gente entende esse curta como um prólogo do que vai ser o filme de longa-metragem”.

Para o diretor, sua formação em teatro influenciou na escolha estética. “Eu fiz teatro e a partir disso eu fui criando um olhar cênico para coisas que eu achava que seriam interessantes de curtir no audiovisual e que não fossem no sentido hollywoodiano que a gente conhece”, esclareceu.

(29.abr.23) - Este é o diretor, Vini Willyan. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O ator Leonardo de Castro explicou o processo ao qual foi submetido. "O Vini é bem teatral na direção. Ele brinca tanto com essa questão que nós fomos pra vários lugares que são lugares que a gente vai ao fazer teatro. A gente fantasiou que ele [personagem] era a própria Amambai, que ele era parte da consciência do Nery, que era o período histórico”, detalhou.

(29.abr.23) - Leonardo de Castro viveu o contador de histórias no curta-metragem. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

A atriz Andressa Bussolaro revelou que sua maior curiosidade era conhecer a mãe de Nery, personagem a qual deu vida na adaptação do livro para o cinema e, durante a sessão na Capital, o desejo se fez realidade.

“Foi um momento inenarrável. Poder abraçar, sentir, ver a cor do cabelo. É uma mulher linda. Eu não tinha ideia dessa sensação, é muito legal. É você encontrando a criatura, sabe? Você idealiza uma coisa, como se você estivesse vendo um grande livro, super gigantesco em que você tem a oportunidade de conhecer aquela criatura, bem na sua frente. Ao mesmo tempo é uma responsabilidade muito grande, porque, não a conhecer, também traz essa carga de: 'como que eu vou trazer uma mínima coisa que pudesse lembrá-la? ”.

(29.abr.23) - Andressa deu vida à mãe de Nery. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O pai de Nery no cinema, Samir Henrique, também elogiou a experiência. "É muito diferente, eu nunca tinha trabalhado dessa forma, representando pessoas que realmente existem. A gente não teve contato com essa galera antes, né? Eu ouvi eles dizendo que eu parecia realmente com o pai e ela com a mãe, que ficou muito legal. Ouvir isso é muito gratificante. Foi um trabalho incrível, de uma pessoa importante daqui, da nossa região e eu fico muito agradecido e honrado de ter participado desse trabalho”, concluiu.

(29.abr.23) - Samir deu vida ao pai de Nery. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O FUTURO DA OBRA

O curta-metragem ‘Che Tiempo Guaré’ teve produção e estreia apoiadas pela União Brasileira de Escritores de Mato Grosso do Sul (UBE-MS). A recepção e produção local ficou por conta de Febraro de Oliveira, Giovana Zottino e Kiohara Schwaab. Ao final da exibição, o público pôde adquirir exemplares autografados por Nery, que disse que destinaria todo o lucro à instituições de caridade.

"O mágico do cinema é como o público recebe isso. Me fascina isso, porque as pessoas gostam, curtem e você acaba sendo valorizado nesse processo. A gente aproveita esses momentos pra resgatar memórias, mas também pra levantar questões sociais que são importantes para a redenção de muita gente que passou por dificuldades", refletiu o autor.

No mês que vem, o filme será exibido no Cine Marquise, em São Paulo e há propostas de exibição no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Dourados e Amambai. “Há outros lugares que ainda não posso revelar”, explicou André, que não escondeu o desejo de concorrer a um edital público para viabilizar o longa-metragem. “O custo é grande e vamos buscar outros incentivos”, completou o produtor.

(29.abr.23) - O desembargador e escritor, Nery da Costa Jr. autografou o livro de Adriane e Lídio Lopes. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

FOMENTO AO AUDIOVISUAL

(29.abr.23) - Prefeita e seu marido assistindo ao curta 'Che Tiempo Guaré'. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

A Prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), prestigiou a estreia do filme ao lado de seu marido, o Deputado Estadual Lídio Lopes. Contente, ela explicou que já possui um exemplar do livro. “O meu cunhado é um dos personagens do livro e hoje nós ficamos muito felizes em assistir a esse curta e em saber que logo terá o lançamento de um longa. É um momento muito especial para os sul-mato-grossenses de Amambai e da região toda. É eternizar a história”, elogiou.

A Perefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, prestigiou o evento. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV
(29.abr.23) - A Prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, prestigiou a pré-estreia do filme. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Ao ser questionada sobre o andamento das políticas de fomento ao audiovisual da Capital, a Prefeita explicou que essa missão foi delegada à atual Secretária de Cultura e Turismo, Mara Bethânia Gurgel.

"A Mara entrou recentemente, mas nós delegamos a ela a missão de buscar caminhos, de favorecer todo tipo de arte e cultura da nossa cidade e turismo também. A nossa Secretaria de Cultura e Turismo é muito importante pro nosso município e estaremos ali, abrindo as portas e buscando caminhos pra fomentar a cultura e o turismo na nossa capital. Entendemos que Campo Grande é uma capital que necessita de mais investimentos nessa área e nós vamos estar incentivando e apoiando as iniciativas", esclareceu.

Sobre o Fmic, um dos principais mecanismos de financiamento ao audiovisual da Capital, a Prefeita foi direta: “A Mara está com o levantamento, está fazendo o estudo e vamos buscar caminhos para que o edital saia ainda este ano", concluiu.

*Colaborou Tero Queiroz.


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