Nilson Rodrigues, diretor do Bonito CineSur — Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito, que teve sua 3ª edição lançada nesta 6ª feira (6.jun.25) no Bioparque Pantanal, em Campo Grande (MS), apontou que o Brasil vive uma batalha contra adversários da Cultura, dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente, e que, o cinema é uma dos mecanismos de enfrentamento.
Diretor e produtor de filmes como O Outro Lado do Paraíso (2015) e O Pastor e o Guerrilheiro (2022), além de ex-diretor do Festival Internacional de Cinema de Brasília (2012-2017), Nilson disse em entrevista ao TeatrineTV que a Mostra Ambiental deste ano promove reflexões urgentes contrapondo os discursos que minimizam os impactos de atividades predatórias. “Traz reflexões importantes sobre temas que a gente precisa se preocupar: crise climática, agrotóxicos, enchentes no Sul, esse avanço de um modelo predatório de desenvolvimento que o planeta não suporta mais. Essa mostra contribui com esse debate", revelou.

Nilson disse que no encalço dos ataques aos defensores do Meio Ambiente, o cinema é ferramenta, mas que os adversários sabem, então atuam na desestimulação. “Sobre financiamento... continua sendo difícil. A gente vive num país cheio de sobressaltos, com inimigos potentes da cultura, dos direitos humanos e do Meio Ambiente. Esses setores da extrema direita são os mesmos que atacam a arte, a diversidade, o cinema...", enumerou.
Para Nilson, ao contrário de países desenvolvidos, no Brasil “a gente não tem um calendário previsível. Você nunca sabe se no ano seguinte vai conseguir os mesmos patrocinadores. Nos países desenvolvidos, tem previsibilidade, tem estrutura. Aqui, a cada ano você começa do zero. Isso é muito desgastante".
Ainda assim, ele destacou que a luta pela cultura deve continuar. “É nesse país que a gente vive e é aqui que a gente tem que lutar. Quem sabe no futuro, com o fortalecimento da democracia, a gente consiga garantir pelo menos um mínimo de apoio contínuo, com contratos de cinco anos, por exemplo. Isso daria mais tranquilidade para conduzir projetos como o CineSur".

CURADORIA E OUTRAS MOSTRAS
Sobre a Mostra Competitiva Sul-Americana, Nilson afirmou que “é a melhor que a gente já construiu até agora — e é assim que tem que ser, porque o festival está evoluindo. Aumenta o interesse, aumenta a qualidade. Temos dois longas brasileiros e quatro sul-americanos. Os curtas estão densos, variados em linguagem, com animações e gêneros diferentes".

O diretor reforçou os critérios de qualidade que norteiam a curadoria: “Bons filmes, para mim, são aqueles que conseguem se realizar dentro do que se propuseram — com qualidade na fotografia, direção, interpretação... tudo isso é observado pela curadoria. E eu estou bem satisfeito com essa seleção".

Ele concluiu com uma mensagem de resistência e esperança que nortearão os trabalhos nesse ano: “Uma frase: Viva o cinema sul-americano!", completou.
REALIZADORES

O Festival é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC), em parceria com o Ministério da Cultura (Governo Federal), por meio de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet. Conta com patrocínio da Fecomércio-MS, Sesc-MS, Emgea e Agência Nacional do Cinema (Ancine). Tem o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico e da Prefeitura de Bonito, da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e do Governo de Mato Grosso do Sul, além do apoio cultural da Energisa e da Zoom Publicidade.
Em 2024, o Bonito CineSur exibiu 42 filmes em 120 horas de programação, mobilizou mais de cinco mil pessoas e impactou diretamente a economia criativa de Bonito.
Veja a lista completa de filmes selecionados para o terceiros Bonito Cinesur de 2025:
Mostra de Longas Sul-Americanos
-
A Melhor Mãe do Mundo – Brasil [Direção - Anna Muylaert];
-
Brasileana – Brasil. [Direção - Joel Zito Araújo];
-
Chuzalongo – Equador. [Direção - Diego Ortuño];
-
Oro Amargo – Coprodução Chile/Uruguai/Alemanha. [Direção - Juan Olea];
-
Quinografia – Argentina. [Direção - Mariano Donoso e Federico Cardone];
-
Redención – Peru. [Direção - Miguel Barreda].
Mostra de Curtas Sul-Americanos
-
Amor en los Tiempos de Como Sea que se Llame el Presente – Colômbia. [Dir. Valentina Qaszulxkef];
-
Ayahuanco – Peru. [Dir. Salvador Pariona Díaz];
-
Desvelo – Venezuela. [Dir. Inti Andres Torres Mello];
-
La Falta – Argentina/Uruguai. [Dir. Carmela Sandberg];
-
Lagrimar – Brasil. [Dir. Paula Vanina];
-
Revelación – Chile. [Dir. Emanuel Moreno Elgueta].
Mostra de Longas Ambientais
-
Karuara: La Gente del Río – Peru. [Dir. Stephanie Boyd e Miguel Araoz Cartagena];
-
Kopenawa: Sonhar a Terra-Floresta – Brasil. [Dir. Tainá De Luccas e Marco Altberg];
-
La Cuenca – Chile. [Dir. Coletivo Left Had Rotation];
-
Por el Paraná: La Disputa por el Río – Argentina. [Dir. Alejo di Risio e Franco González];
-
Rua do Pescador nº 6 – Brasil. [Dir. Bárbara Paz];
-
Sinfonia da Sobrevivência – Brasil. [Dir. Michel Coeli].
Mostra de Curtas Ambientais
-
Insustentável: A Realidade do Petróleo na Amazônia – Brasil. [Dir. André Borges e Fer Ligabue];
-
Sobre a Cabeça os Aviões – Brasil. [Dir. Amanda Costa e Fausto Borges];
-
Sobre Ruínas – Brasil. [Dir. Carol Benjamin];
-
Uma Menina, um Rio – Brasil. [Dir. Renata Martins];
-
Jichi: En Busca del Guardián de las Aguas – Bolívia. [Dir. Paola Quispe Quispe];
-
Por la Tierra – Argentina. [Dir. Irene Kuten].
Mostra de Filmes Sul-Mato-Grossenses
-
A Última Porteira – Direção: [Dir. Rodrigo Rezende]
-
Eleonora – Direção: [Dir. Lígia Tristão Prieto]
-
Enigmas no Rolê – Direção: [Dir. Ulisver Silva]
-
Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha – Direção: [Dir. Daphyne Schiffer Gonzaga]
-
Koi e o Rio – Direção: [Dir. Ricardo Câmara e Maurício Copetti]
-
Tempestade Ocre – Direção: [Deivison Pedrê]
PREMIAÇÕES
O festival oferece prêmios em dinheiro e troféus nas diversas categorias de competição. O valor dos prêmios em dinheiro, conforme o regulamento do festival, é o seguinte:
- Prêmio do Júri Oficial de Melhor Filme Longa-Metragem Sul-Americano: R$ 20 mil e Troféu Pantanal
- Prêmio do Júri Oficial de Melhor Filme Curta-Metragem Sul-Americano: R$ 7,5 mil e Troféu Pantanal
- Prêmio do Júri Oficial de Melhor Filme Longa-Metragem Ambiental Sul-Americano: R$ 15 mil e Troféu Pantanal
- Prêmio do Júri Oficial de Melhor Filme Curta-Metragem Ambiental Sul-Americano: R$ 7,5 mil e Troféu Pantanal
- Prêmio do Júri Oficial de Melhor Filme Sul-Mato-Grossense: R$ 7,5 mil e Troféu Pantanal
Além disso, para as categorias decididas pelo Júri Popular, os prêmios consistem em Troféu Pantanal, sem a concessão de prêmio em dinheiro, nas seguintes categorias:
- Prêmio do Júri Popular de Melhor Filme Longa-Metragem Sul-Americano
- Prêmio do Júri Popular de Melhor Filme Curta-Metragem Sul-Americano
- Prêmio do Júri Popular de Melhor Filme Longa-Metragem Ambiental Sul-Americano
- Prêmio do Júri Popular de Melhor Filme Curta-Metragem Ambiental Sul-Americano
- Prêmio do Júri Popular de Melhor Filme Sul-Mato-Grossense
Na edição anterior, o Bonito Cinesur exibiu 42 filmes em 120 horas de programação, com mais de cinco mil participantes.
O evento é organizado pela Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC) com apoio do Ministério da Cultura por meio de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet. Conta com patrocínio do Fecomércio, Sesc, Emgea e Agência Nacional do Cinema (Ancine), e apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico e da Prefeitura de Bonito, da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e do Governo de Mato Grosso do Sul, além do apoio cultural da Energisa e da Zoom Publicidade.
FICHA TÉCNICA DO BONITO CINESUR 2025
-
Nilson Rodrigues
Diretor e Produtor dos filmes O Outro Lado do Paraíso (2015) e O Pastor e o Guerrilheiro (2022). Foi diretor do Festival Internacional de Cinema de Brasília (2012-2017) e do Bonito CineSur (2023-2024). -
Andrea Freire
Coordenadora do Festival de Inverno de Bonito (2000-2006, 2015-2016), da Mostra Vídeo Índio Brasil (2009) e do Bonito CineSur (2023-2024). -
Gustavo Castelo (Cegonha)
Produtor cultural, coordenador do Temporadas Populares (1999-2002), diretor-geral da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (2020-2022) e coordenador do Bonito CineSur (2024).
CURADORES
-
José Geraldo Couto
Jornalista, tradutor e crítico de cinema, colaborador do Instituto Moreira Salles. Traduziu obras literárias de Henry James, Norman Mailer, Truman Capote, Martin Scorsese, e Nelson Mandela. -
Cecília Diez
Professora universitária e produtora geral do Festival Internacional de Cine de Mar del Plata (2021-2023) e do Ventana Sur (2022-2023). -
Rodrigo Fonseca
Curador, crítico e pesquisador de cinema brasileiro, com vasta experiência em curadoria de festivais e mostras de cinema. Também atua como jornalista e professor. -
Luciana Druzina
Diretora da Druzina Content, especializada em produções de animação, ficção e games. Curadora da mostra infantojuvenil do Bonito CineSur (2023-2024). -
Elis Regina
Curadora da Mostra Cine Comitiva no Festival Comitiva dos Chefs (2019) e da mostra sul-americana de cinema ambiental do Bonito CineSur (2023-2024). -
Marcos Pierry
Jornalista, crítico, curador audiovisual, roteirista e professor de cinema. Curador da mostra de cinema sul-mato-grossense do Bonito CineSur (2024).