Com a programação encerrando no sábado (15.out.22), a 2ª edição do Campão Cultural promoveu um Circuito Comunidade, no qual bairros periféricos da Capital receberam diversas atrações culturais. De acordo com a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), mais de 2 mil pessoas participaram das atividades que envolveram teatro, artes visuais, literatura, dança, circo, cinema e música.
As atrações do Circuito começaram no dia 08 de outubro com a exibição de dois filmes na sede da Central Únicas das Favelas de Campo Grande (Cufa-CG), no bairro São Conrado, que foi aberto para a comunidade em geral.
Primeiro, os presentes puderem ver o documentário “Kuña Porã: Matriarcas Guaranis”, dirigido por Fabiana Assis Fernandes e Daniela Jorge João. Logo após foi exibido o longa-metragem “Medida Provisória”, filme lançado em abril deste ano e dirigido por ator e diretor Lázaro Ramos.
Ainda na sede da Cufa, mas no dia 09 de outubro, foram mais duas exibições. Primeiro, o filme “Marte Um”, dirigido por Gabriel Martins e, a segunda exibição foi do documentário “Canta Dores do Pantanal: 50 anos do Grupo Acaba”.
Em entrevista ao Teatrine TV, a coordenadora regional da Cufa, Letícia Polidorio, afirmou que as projeções cinematográficas atraíram cerca de 70 pessoas em cada dia, as quais se sentiram representadas e incluídas nos processos culturais da cidade.
Letícia acrescenta que a iniciativa de levar a programação do Festival para as pessoas que moram nos bairros é de fundamental importância, já que na maioria das vezes elas nao conseguem ter acesso aos eventos por mais gratuitos que sejam.
“A gente tem que pensar que a periferia está longe do Centro e precisa de transporte, alimentação. A gente sabe que nos shows está podendo levar crianças, mas, mesmo assim, isso tem um gasto a mais porque elas vão querer comer e os ônibus também não tem um preço ou horários acessíveis
Ainda de acordo com a coordenadora da Cufa, esse é um problema que perdura já faz um tempo e vem afetando gerações inteiras, que têm o acesso à cultura negado e perdem parte importante da formação pessoal e intelectual com isso.
“Quando temos oportunidade de sentar para conversar, o acesso à cultura é uma das questões que elas mais sentem porque o pessoal não leva esses movimentos para as quebradas”, lamenta Letícia.
Por outro lado, ela pontua que muitas pessoas conseguiram participar dos shows na Esplanada Ferroviária e que o público das periferias foi bastante atraído para as apresentações de artistas que representam as comunidades, como Ludmilla, Péricles e Olodum.
“Eu fiquei muito surpresa esse ano porque os shows que a quebrada vê que ela se sente representada o pessoal se organiza e vai. Vi várias pessoas das favelas e bairros que eu atendo nos shows, mas naqueles que representavam elas”, aponta.
Entretanto, ela lembra que não há nada melhor que oportunizar que as comunidades tenham acesso à arte e a cultura levando as manifestações artísticas até os bairros, fazendo com que as pessoas se sintam vistas pelo poder público.
“O Circuito Comunidades foi a melhor parte do Campão Cultural. Eu acompanhei de perto o graffiti, o cinema, a música e as outras atividades e foi tudo muito lindo. Ter vindo esse cinema na Cufa nos primeiros dias do Campão foi um presente porque conseguimos lotar nossa sede os dois dias e foi lindo levar isso até as crianças, os jovens e a população no geral”, declara.
A Fundação de Cultural de MS afirmou ao site que o Circuito foi uma forma encontrada para levar as atrações do festival para os bairros, entretanto, não foi possível garantir a participação plena deste público nos eventos na região mais central porque questões como o transporte público são de responsabilidade do município.
“Com o Campão Cultural, a Fundação pode oferecer ao público uma programação gratuita de qualidade nos bairros, com fácil acesso a todos. Tudo que está ao nosso alcance para o maior acesso de público possível, é feito”, concluiu em nota.
“Esta reportagem foi produzida com apoio do programa Diversidade nas Redações, da Énois, um laboratório de jornalismo que trabalha para fortalecer a diversidade e inclusão no jornalismo brasileiro. Confira as metodologias na Caixa de Ferramentas”
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