O músico sul-mato-grossense Girsel da Viola e os dançarinos mato-grossenses Irmãos Diamantes, se apresentaram na última 4ª feira (20.ago.25) para a ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante a abertura da 24ª edição do Festival de Inverno de Bonito (FIB).
Girsel também ministrou a oficina de Viola Caipira na 5ª feira (21.ago). Nesta 6ª feira (22.ago.25), ele também contribuiu com a oficina de Ritmo da Catira, ministrada por Ariane Rodrigues.
Em entrevista ao TeatrineTV, o artista falou sobre a importância da imersão na cultura musical tradicional proposta pelo festival. “Nós trouxemos à tona os modelos de Catira que existem no Brasil. Os meninos estudam muito Catira. Eles conhecem Catira de São Paulo, de Minas, de Goiás, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Isso é importante”, afirmou Girsel, ao lado dos irmãos Diamante.

A Catira é uma manifestação cultural de grande relevância e tradição no MS. Girsel explicou que sua prática remonta ao século XVI, quando padres jesuítas catequizaram índios Caiapó em Camapuã e introduziram instrumentos como o viela, combinando os ritmos indígenas com as danças aceleradas dos povos africanos e o toque de viola dos europeus. “Esse movimento deu origem ao que futuramente se tornaria o nosso Catira, uma tradição que representa a história e a identidade cultural do Mato Grosso do Sul”, destacou.
Na abertura do FIB, Girsel e a dupla de dançarinos Irmãos Diamante foram convidados a se apresentar para a ministra Margareth Menezes. O músico comentou sobre o momento: "Eles disseram: ‘Girsel e os meninos da Catira, a ministra vai estar aqui. Vamos fazer um Catira para a ministra?’ Eu respondi: ‘Claro, nós estamos aqui em Bonito para dançar Catira dois, cinco ou dez dias, tanto faz’”, disse com alegria.

Naturais de Poxoréu (MT), os irmãos Marcos Vinicius e André Luiz conheceram a catira em 2007, durante um encontro de violeiros na cidade, e mais tarde ingressaram no grupo Os Diamantes. O nome artístico Irmãos Diamante faz referência tanto ao grupo quanto à tradição cultural de sua terra natal, conhecida como a capital da Viola e dos Diamantes.
Girsel destacou que a apresentação reforçou a importância da preservação da Catira durante o FIB. “Estamos conseguindo passar essa experiência para as novas gerações. É fundamental que crianças e jovens aprendam a catira para que essa tradição continue viva no estado".

Para Ariane Rodrigues, sócia fundadora da Associação dos Catirenses de Camapuã e agente de Girsel e dos Irmãos Diamante, o trabalho realizado durante o festival dá continuidade às ações da associação em todo o estado. "A gente quer fazer com que eles entendam que é melhor uma criança dançar e tocar viola do que ficar apenas no celular, vivendo um mundo abstrato sem atividade física. A Catira é uma dança e também um resgate cultural importante, que conecta os jovens à história do Mato Grosso do Sul. Queremos encantar as novas gerações e deixar um legado que possa ser transmitido no futuro e quem sabe até trazer shows de Catira no palco de Bonito no próximo ano", concluiu.

O Festival de Inverno de Bonito segue até domingo (24.ago). Acompanhe a cobertura no Instagram do @teatrinetv.