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FRONTEIRA CULTURAL

Autores de MS cobram ponte efetiva com a cultura e arte paraguaia

Mesa da Bienal do Livro destaca integração cultural e linguística entre países vizinhos

Por TERO QUEIROZ • 15/10/2025 • 10:54
Imagem principal Escritores de MS e do Paraguai reunidos na 1ª Bienal do Livro do Pantanal, na 4ª feira (8.out.25). Foto: Tero Queiroz

A arte pode ser um caminho para curar as feridas do conflito mais sangrento da América do Sul? Para escritores de Mato Grosso do Sul e do Paraguai, a resposta é um forte "sim".

Reunidos na 1ª Bienal do Livro do Pantanal, na 4ª feira (8.out.25), os autores defenderam a cultura como um elo para reparar os traumas da Guerra do Paraguai (1864-1870).

A mesa “Rodas de Conversa da Integração” uniu os sul-mato-grossenses Lenilde Ramos e Emmanuel Marinho à paraguaia Ana Miranda, com mediação de Rodrigo Teixeira. Para eles, a fronteira seca entre Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero (PY) deve ser um portal para a união, não para a separação.

Os escritores defendem que a cultura pode, finalmente, iniciar um processo de reconciliação pelo genocídio praticado pela Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) contra o Paraguai.

O tema é sensível e cercado por narrativas históricas que mudaram com o tempo. A antiga versão de que a guerra foi instigada pela Inglaterra, por exemplo, hoje é amplamente contestada. A nova historiografia aponta para as complexas disputas geopolíticas da região como a verdadeira causa do conflito.

Mas na Bienal, o foco não era o passado, e sim o futuro. "A Bienal está abrindo as portas para o Paraguai. É uma vergonha nós, brasileiros, não falarmos espanhol!", protestou Lenilde Ramos.

A escritora paraguaia Ana Miranda celebrou a iniciativa. "Eu não sabia da nossa proximidade, por isso me surpreendi tanto e pesquisei antes de vir para cá", admitiu.

Emmanuel Marinho compartilhou sua conexão pessoal com o tema. "Nasci em Dourados, sempre tive essa conexão, principalmente com o Paraguai", relatou o poeta.

Fotos da galeria, créditos: Tero Queiroz

Questionado sobre sua inspiração, Marinho foi direto: "Eu me inspiro nas pessoas, nas comunidades indígenas. Meu primeiro poema falava sobre a situação dos povos indígenas, das injustiças". Ele traçou um paralelo entre essa causa e a injustiça histórica cometida para frear o avanço do Paraguai como país emergente.

Ao final, o poeta reforçou a tese central do debate. "Só através da cultura e da arte podemos fazer essa integração", disse, ilustrando com exemplos práticos. "Não é à toa que comemos chipa e sopa paraguaia. Esse é o caminho", completou Marinho. 

Na mesma linha, Lenilde Ramos propôs que a Bienal e outros festivais de Mato Grosso do Sul se tornem espaços permanentes para essa integração, ideia prontamente apoiada pelo mediador Rodrigo Teixeira. Para os autores, a proposta não é usar a literatura para reescrever o passado, mas sim para construir um futuro de culturas integradas.


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Tags: 1ª Bienal do Livro do, América do Sul, Ana Miranda, Emmanuel Marinho, escritores de Mato Grosso do, Lenilde Ramos, Paraguai

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