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Cultura Nacional

De MS, Catarina Guató conquista Prêmio nacional do Patrimônio Cultural

Por TERO QUEIROZ • 05/12/2022 • 17:21

Catarina Ramos da Silva, de 70 anos, popularmente conhecida como Catarina Guató, de Corumbá (MS), conquistou o 1º lugar da 35ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, para pessoa física. O prêmio é destinado aos projetos que visem o fomento, preservação e salvaguarda do Patrimônio Cultural em todo o Brasil. A lista dos vencedores foi divulgada nesta 2ª.feira (5.dez.22) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Nesta edição, o Prêmio Rodrigo recebeu 268 inscrições e, como forma de reconhecimento e estímulo ao trabalho desempenhado pelos proponentes, a 35ª edição atribuiu um total de dez prêmios, divididos em duas categorias: pessoas físicas e pessoas jurídicas.

O projeto da sul-mato-grossense promove ação educativa que transmite conhecimento e a identidade dos ancestrais do artesanato Guató. A atividade é a realização de anos de salvaguarda de um patrimônio.

Catarina é uma mulher canoeira, artesã, que enfrentou muitas dificuldades em sua vida, mas de maneira resiliente segue compartilhando sabedorias ancestrais realizando oficinas e encontros que valorizam o artesanato de fibras de aguapé — vegetação aquática pantaneira — que possibilita a produção de tapetes, bolsas, chapéus e outros acessórios, além de alimentos, que agregam renda às famílias locais. Remando na canoa dos Guató, Catarina leva o conhecimento de seus antepassados em fóruns, feiras e oficinas.

Ela é uma das mais antigas moradoras da comunidade Barra do São Lourenço, que fica à margem esquerda do rio Paraguai, na região da Serra do Amolar, considerada uma das áreas mais isoladas e de difícil acesso do Brasil.

Catarina também é presidente da Associação das Mulheres Artesãs da Barra do São Lourenço – Renascer.

Ela puxa a lista da premiação para "pessoa física" que também contemplou projetos de São Paulo, Santa Catarina, Pará e Alagoas. Veja no final do texto.

Catarina leva R$ 30 mil para seguir desenvolvendo suas atividades. O segundo lugar — R$ 25 mil; terceiro lugar — R$ 20 mil; quarto lugar — R$ 17 mil; e quinto lugar — R$ 15 mil.

Também aparece na lista do Iphan, uma menção honrosa ao Projeto de Restauração da Igreja de São Benedito e Requalificação do seu Entorno Imediato, pertencente à Comunidade Quilombola Eva Maria de Jesus -"Tia Eva", de Campo Grande (MS).

OUTRA CATEGORIA

Na Categoria 2, para 'Pessoas Jurídicas', venceram ações dos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Veja no final do texto.

As candidaturas foram analisadas em duas etapas. Primeiro, passaram pelas Comissões Regionais e, depois, pela Comissão Nacional de Avaliação, composta por representantes do Iphan e especialistas convidados.

“O Prêmio Rodrigo prestigia, em caráter nacional, as ações de preservação do Patrimônio Cultural brasileiro que, em razão da originalidade, vulto ou caráter exemplar, mereçam registro, divulgação e reconhecimento público”, declarou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “A premiação tem destacado, ao longo dos anos, a diversidade e a riqueza do nosso patrimônio em suas manifestações culturais, antigas e modernas curvas da arquitetura nacional ou em grandiosas paisagens arqueológicas e naturais”, completou ela.  

DEMAIS PREMIADOS NA CATEGORIA PESSOA FÍSICA

2º LUGAR: TXEMIM PURI - PROMOÇÃO, REGISTRO E PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA, LÍNGUA E CULTURA INDÍGENA PURI/ MAIRIPORÃ (SP)

O ‘txemim puri’ é um projeto vinculado ao movimento organizado indígena Teyxokawa puri, realizado por arte-educadores da etnia puri. Atua desde 2018 na promoção, registro e preservação das tradições culturais Puri além de seu reconhecimento na formação e atualidade da sociedade brasileira, numa perspectiva pedagógica que contempla a educação para as relações étnico-raciais.

3º LUGAR: REDE DE AÇÕES E INTERCONEXÕES: PESCA ARTESANAL COLABORATIVA COM BOTOS E OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS- ONU), EM LAGUNA/SC.

O projeto promove a preservação e salvaguarda da pesca artesanal com auxílio dos botos em Laguna (SC), democratizando as pesquisas acadêmicas e o etnoconhecimento que envolvem o saber-fazer. Além disso, realiza ações nos ambientes físico e virtual, com linguagem plural e multidisciplinar e visão para o desenvolvimento sustentável do Patrimônio Cultural Imaterial.

4º LUGAR: A TRADIÇÃO OLEIRA DOS TAPAJÓ, PRODUZIR PARA NÃO ESQUECER/SANTARÉM (PA)

A maior parte da população de Santarém (PA) desconhece a cerâmica tapajônica e o passado dos Tapajós. O objetivo do projeto é democratizar, socializar e divulgar a história e a memória do povo Tapajó, sua arte e seu modo de vida contados a partir de artefatos cerâmicos para que a população conheça e valorize sua cultura e sua história.

5º LUGAR: COCOS DE ALAGOAS/ MACEIÓ (AL)

Coco de Alagoas busca enaltecer a memória da prática cultural do coco no estado, realizando uma investigação para mapear e identificar cantadores de Coco, atuantes na região do Baixo São Francisco. Para a documentação da pesquisa foi realizado registro sonoro, fotográfico e videográfico, criando a websérie Cocos de Alagoas, composta por 10 episódios, que difunde o tradicional coco alagoano, em diversos canais de divulgação.

CATEGORIA 2 - PESSOAS JURÍDICAS

1º MORADORES – A HUMANIDADE DO PATRIMÔNIO/ BELO HORIZONTE (MG)

O projeto de ocupação urbana envolve fotografia, cinema, literatura e oficinas de educação patrimonial. Visa valorizar a memória dos moradores como sendo o maior patrimônio que uma cidade pode ter. A partir de uma tenda numa praça pública e uma equipe de artistas, comunicadores e educadores, já documentou histórias de cerca de quatro mil pessoas, transformando toda essa “memória afetiva” em exposições fotográficas, filmes e debates. Está na sua décima temporada e passou por 25 territórios brasileiros.

2º LUGAR: CANTEIRO VIVO – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL DO CENTRO CULTURAL VILA FLORES/ PORTO ALEGRE (RS)

O programa trabalha os conceitos de conservação, zeladoria e restauro do Patrimônio Cultural enquanto construção coletiva e transformadora para criar elos

comunitários, por meio da união das dimensões materiais e imateriais do patrimônio. Desde 2019, promoveu a realização de uma exposição, dois fóruns nacionais, uma roda de memória, duas publicações virtuais e quatro produções audiovisuais, além de três oficinas formativas no campo da preservação.

3º LUGAR: PROGRAMA ADOTE UM CASARÃO/ SÃO LUÍS (MA)

O programa tem como objetivo promover a recuperação física do patrimônio imóvel de cunho histórico-cultural pertencente ao governo do estado, diminuindo vazios urbanos na área do centro histórico. Além disso, visa impulsionar o desenvolvimento sustentável e socialmente inclusivo do centro, valorizando o patrimônio histórico e a cultural maranhense.

4º LUGAR: ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO PALACINHO E A INSERÇÃO DO MUSEU NA ROTA DO TURISMO NO ESTADO DO TOCANTINS/ PALMAS (TO)

Restaurar e trabalhar o Museu Palacinho como uma referência da memória sobre a criação do estado do Tocantins, resgatando a estrutura original do prédio, que funcionou como centro das primeiras ações governamentais do mais novo estado da federação. O objetivo é criar um ambiente ideal para atrair toda a sociedade e os visitantes que almejam conhecer um pouco mais da história desta região.

5º LUGAR: PROJETO DIVA E AS CALINS DE MATO GROSSO: ONTEM, HOJE E AMANHÃ/ CUIABÁ (MT)

Promover a emancipação das mulheres ciganas por meio da valorização e registro de suas culturas e saberes. Reconhecer como parte do rol de conhecimentos não apenas da sociedade mato-grossense, mas de toda sociedade brasileira.

SUSTENTABILIDADE SOCIOECONÔMICA  

O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade tem abrangência nacional. Promovido pelo Iphan desde 1987, o concurso reconhece iniciativas de valorização do Patrimônio Cultural Brasileiro, considerando a relevância social e caráter exemplar delas.   

Em 2022, a premiação tem como tema a Sustentabilidade Socioeconômica do Patrimônio Cultural. O objetivo é engajar os proponentes para a ação, estimulando o desenvolvimento coletivo de soluções criativas. Tais ações apresentam impactos socioeconômicos de valor permanente, consequência de esforços coordenados e canalizados para o bem-estar social. As iniciativas constituem importante ferramenta para o desenvolvimento de contribuições ao Patrimônio Cultural Brasileiro.    

A íntegra da Lista de vencedores da 35ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade


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Tags: artesanato Guató, Brasil, Catarina Guató, Catarina Ramos da Silva, Corumbá (MS), Iphan, Patrimônio Cultural, Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade

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