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PATRIMÔNIO CULTURAL

Artista 'de fora' causa danos na Plataforma Cultural; Iphan autua prefeitura e produtora

Evento 'Coisa Corpo Matéria', realizado pelo Arado Cultural, promovia ativações artísticas que deixariam 'estragos' no espaço

Por TERO QUEIROZ • 29/10/2025 • 12:00
Imagem principal Artista Miro Spinelli causou danos nas paredes da Plataforma Cultural, em Campo Grande (MS). Foto: Reprodução

Uma intervenção artística realizada na Plataforma Cultural, em Campo Grande (MS), resultou em danos às paredes do prédio, que é considerado patrimônio histórico e cultural do município. As manchas foram causadas por uma instalação do artista Miro Spinelli, convidado do projeto "Coisa Corpo Matéria", organizado pela Arado Cultural, produtora sul-mato-grossense.  

A ação, que ocorreu entre 19 e 23 outubro, fazia parte da programação da 5ª Mostra de Danças Contemporâneas Cerrado Abierto.

O "Coisa Corpo Matéria" foi descrito pelos organizadores como um recorte curatorial focado no hibridismo e em pensar o corpo de forma expandida.

A própria curadoria do evento destacava o interesse "naquilo que fica no espaço", buscando reunir "vestígios, fantasmagorias, rastros processuais que resultam do exaustivo e interminável 'fazimento' do que chamamos corpo".

Dez obras foram expostas, prevendo momentos de "ativação-performance" seguidos de "permanências-reverberações-vestígios da coisa-matéria".

Miro Spinelli, artista, pesquisador e doutorando na NYU, estava entre os artistas convidados para as ativações performáticas, programadas para ocorrer entre 20 e 23 de outubro na Plataforma Cultural.

A proposta do artista, alinhada ao conceito do evento, utilizou materiais que acabaram por manchar as paredes do edifício histórico.

A mostra é realizada pela Arado Cultural e contou com o apoio direto da própria gestão do espaço danificado. Entre os apoiadores culturais do evento listados no material de divulgação, constam a "Plataforma Cultural/FUNDAC/Prefeitura Municipal de Campo Grande".

IPHAN-MS CONFIRMA DANOS E EXIGE REPAROS

Em resposta ao incidente, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) confirmou ter tomado medidas legais. Em nota enviada ao TeatrineTV, o superintendente do Iphan-MS, João Santos, detalhou a ação do órgão.

"O Iphan está ciente da situação e na sexta-feira pela manhã iniciou os trâmites de fiscalização e autuação pela Portaria Iphan 187/2010. A PMCG e a produtora organizadora do evento foram autuadas", afirmou Santos.

O superintendente informou ainda que uma reunião de emergência foi realizada na tarde de sexta-feira entre o Iphan, a Prefeitura de Campo Grande (PMCG) e os responsáveis pelo evento. Na reunião, "ficaram estipuladas as ações emergenciais de reparação ao dano, como a retirada do material (sabão), limpeza e recuperação da pintura".

O caso também resultou em uma mudança nos protocolos de uso de espaços históricos. Segundo João Santos, embora o evento tivesse autorização da Prefeitura, que até então era a "única responsável em autorizar eventos" nesses locais, um novo acordo foi firmado.

"Para fim de evitar situações como essa, ficou acordado que o Iphan deverá ser consultado formalmente (Portaria Iphan 420/2010) e receber autorização do órgão para a realização de eventos, nas dependências da Plataforma Cultural, antiga estação e Armazém Cultural", concluiu a nota.

O QUE DISSE A PRODUTORA

Procurada pela reportagem do TeatrineTV, a produtora cultural, organizadora do evento e uma das gestoras da Arado Cultural, Renata Leoni, explicou que eles não sabiam que a instalação causaria danos ao patrimônio.
“Não, não sabíamos. Se a gente soubesse, não teríamos feito. Foi um erro nosso”, admitiu.

Ainda segundo a produtora, após serem comunicados do problema, a instalação foi retirada imediatamente. “Acabou na quinta o evento, desmontamos no sábado. A gente retirou o material que estava no muro”, garantiu.

Apesar de apenas a instalação de Miro Spinelli ter provocado danos, os demais artistas que haviam realizado as chamadas performances duracionais — incluindo Ana Reis (GO/RJ), Carla Ferraz (RJ), Francisco Mallmann (PR), Gabriel Machado (PR/RJ), Iahra (RJ), Princesa Ricardo Marinelli (PR), Rafa Bqueer (PA/RJ), Ricardo Nolasco (PR/RJ) e Tiyê Macau (MA/CE/SP) — foram comunicados pela produtora de que as instalações seriam retiradas da Plataforma Cultural, onde deveriam permanecer em exposição até 7 de novembro.

“A gente achou por bem desmontar a exposição. Comunicamos cada um dos artistas. Agora está tudo encaminhado para se resolver. Não vai ser resolvido tão rápido quanto gostaríamos, por causa das questões burocráticas, mas vamos resolver isso”, completou Renata.


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Tags: Arado Cultural, Campo Grande, Coisa Corpo Matéria, Iphan, Iphan-MS, João Santos, Miro Spinelli, patrimônio histórico e cultural, Plataforma Cultural, Renata Leoni

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