
Uma música crítica, com ritmo irônico e letra contundente, começou a circular nas redes sociais e grupos de WhatsApp nesta 6ª.feira (2.mai.25), refletindo a indignação de artistas e produtores culturais de Campo Grande diante do calote da Prefeitura Municipal nos editais do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (FMIC) e do Fomteatro (Programa Municipal de Fomento ao Teatro).
A obra, de autoria anônima, dá voz ao sentimento de frustração com a prefeita Adriane Lopes (PP), que, até maio de 2025, não cumpriu o pagamento dos valores anunciados em 2024.
Lançados no ano passado com grande alarde e promessas públicas de fortalecimento do setor cultural, os editais foram homologados, os projetos aprovados, mas os recursos nunca chegaram aos fazedores de cultura. Em diversas oportunidades, como já noticiado pelo TeatrineTV, a gestão municipal justificou o não pagamento com alegações de falta de recursos, mesmo após a própria Secretaria de Finanças ter admitido a existência de superávit no orçamento.
A prefeita chegou a prometer, em reuniões e comunicados internos, que os pagamentos seriam feitos de forma parcelada — promessa que também não se concretizou.
A música que circula agora se soma às manifestações de descontentamento que vêm ganhando corpo desde o final de 2024. Com tom sarcástico e versos que expõem o abandono das políticas culturais, a gravação virou uma espécie de hino informal do setor artístico em resistência.
Musicalmente simples e direta, a faixa adota um estilo popular que remete às marchinhas de protesto. A letra mistura humor ácido com críticas objetivas.
Apesar do anonimato, a obra tem provocado repercussão entre coletivos, produtores e instituições culturais, que veem nela uma forma legítima de denúncia artística e mobilização política. “É a voz da cultura ecoando onde a burocracia e a omissão silenciaram”, comentou um produtor de teatro que preferiu não se identificar.
A crise causada pelo não pagamento dos editais tem impacto direto em dezenas de projetos paralisados, compromissos financeiros descumpridos, e no enfraquecimento de uma cadeia produtiva que já opera, historicamente, à margem das prioridades do poder público. Ouça a música no Instagram do TeatrineTV, AQUI.