
O Comitê de Cultura de Mato Grosso do Sul (CCMS) está impulsionando diversos projetos no cenário cultural do estado com o programa “Propulsão Cultural”, que oferece mentoria técnica gratuita e personalizada para agentes culturais. A iniciativa tem ampliado fortemente o acesso a editais públicos, especialmente aqueles vinculados à Política Nacional Aldir Blanc (PNAB). A íntegra.
Até agora, 70 pessoas já foram atendidas, resultando no envio de 66 projetos e 35 aprovações — um desempenho que revela a força de uma política pública focada em formação e inclusão.
“O acompanhamento detalhado — da planilha aos objetivos — foi essencial para enviar propostas bem trabalhadas”, declarou a produtora cultural Gleycielli Nonato, que teve quatro projetos aprovados em editais como “Agentes e Coletivos Indígenas” e “Audiovisual Dirigido por Mulheres”. Ela elogiou o suporte próximo da equipe técnica: “Eu amei estar sendo acompanhada em todo o processo de elaboração do projeto…”.
Estruturado em três eixos — mobilização, formação técnica e comunicação — o programa contou com diagnóstico das necessidades locais, capacitação direcionada e revisão especializada para garantir propostas mais competitivas. A metodologia foi construída em parceria com o Laboratório de Cultura Digital (LabCD/UFPR) e o Comitê de Cultura do Paraná.

O público alvo da ação, sem grande maioria, são agentes culturais periferizados ou minorizados: 65% dos participantes são mulheres, enquanto 32,86% se autodeclaram pretos ou pardos, e 24,29% são indígenas — com presença de comunidades como Terena, Pantaneiros e Guarani Kaiowá.
Para Catarina Guató, agente cultural da Aldeia Uberaba (Corumbá), este tipo de apoio é transformador. Ela relatou: “Sempre fazemos tudo sozinhos, sem orientação. Com o apoio, o caminho ficou menos penoso…”, e contou que conseguiu inscrever projetos em três editais, aproximando-se do sonho de criar um Instituto Catarina Guató para mulheres e crianças.

Já Suzie Guarani, do Coletivo Kaguateka, reforçou o papel decisivo da assessoria técnica para sua comunidade urbana indígena: “Sem essa assessoria, seria quase impossível avançar.” O coletivo teve dois projetos aprovados — um documentário que celebrará a cultura de mulheres artesãs e cacicas das aldeias urbanas de Campo Grande.

Além do atendimento personalizado, o programa ofereceu oficinas online sobre PNAB, elaboração de projetos e portfólio, além de plantões presenciais de esclarecimento na Casa de Cultura de Campo Grande, ampliando seu alcance formativo.
Apesar dos progressos, o Comitê enfrentou obstáculos — como a suspensão de editais no âmbito municipal — que atrasaram a execução de iniciativas culturais.
Para 2025, a meta é aprimorar o acompanhamento contínuo dos projetos e expandir a equipe com apoio da Secretaria de Cidadania (SEC-MS) e do IFMS, fortalecendo o alcance do programa.