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Política Cultural

Prefeitura e Estado rompem na Cultura após humilhações a secretários

Por TERO QUEIROZ • 03/08/2022 • 22:41

Acabaram-se os dias de paz entre a administração de Adriane Lopes (Patriota) e do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

Após 7 anos com quase nada de  investimentos culturais, em 2022, Azambuja abriu os cofres recheados da Cultura sul-mato-grossense e vinha contando, até julho, com apoio da prefeitura de Campo Grande nas ações que aconteciam na Capital.

Apesar disso, agora, o governador passou a ofender a administração Lopes e ‘interceptar’ atividades da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur). A intenção é afetar o pré-candidato ao governo Marquinhos Trad (PSD), ex-prefeito de Campo Grande, que lidera até o momento, a corrida eleitoral.  

Explicamos: a prefeitura faria uma grande festa em alusão ao aniversário de 123 anos de Campo Grande, no próximo dia 26 de agosto. Sabendo disso, a Fundação de Cultura foi mobilizada para também realizar uma festança no mesmo dia 26 e, para esvaziar a festa de Lopes, decidiram que iriam contratar para um show musical ninguém menos que Almir Sater, astro da novela Pantanal. Pelo Show, o estado pagará R$ 200 mil ao artista da música caipira. Com esse show, contando apenas de lucros a partir de julho, Almir vai ter recebido R$ 800 mil dos cofres da cultura do Estado, conforme apurou o TeatrineTV (a íntegra).

A prefeitura de Campo Grande, então, decidiu adiantar a festa para o dia 25 de agosto. Com o orçamento cultural “bem mais humilde”, a cidade não conseguiria bater uma festa do Estado, mas acharam outros meios de responder ao ataque.  

Mostramos em primeira mão aqui no TeatrineTV, que a Secretaria de Cultura e Cidadania (Secic), do secretário Eduardo Romero, lançou credenciamento contínuo em 2022 para realização do “Sarau no Parque”. A iniciativa usa R$ 3 milhões dos cofres da Cidadania e teve as 5 primeiras edições no Parque das Nações Indígenas, nos altos da Afonso Pena. Depois dessas, a ideia era que os “Sarau” circulasse por vários parques de Campo Grande. Nesta semana, por exemplo, o “Sarau” deveria acontecer no Parque Jacques da Luz, nas Moreninhas III. Porém, em comunicado nesta quarta-feira (3.ago.22), Eduardo disse ao TeatrineTV que não mais poderá ir para às Moreninhas com o projeto, pois a prefeitura não autorizou o uso do ‘Parque’. “Uma pena a prefeitura negar autorização para uso dos parques, em especial o das Moreninhas. Mas, o Sarau segue com seu propósito, integrar arte, cultura e cidadania. Se manterá nas próximas edições no Parque das Nações Indígenas e seguirá a proposta itinerante percorrendo os bairros de Campo Grande ocupando os espaços alternativos que forem possíveis”, prometeu o secretário.  

Romero enviou mensagem em vários grupos de artistas explicando: “Essa edição do Sarau no Parque (07/08) permanecerá no Parque das Nações Indígenas, pois, a prefeitura de CG [Campo Grande] não autorizou a utilização dos parques da cidade que estão sob sua responsabilidade para realização do Sarau… mantemos no Parque das Nações e, em breve, circularemos nas regiões/bairros da Cidade em espaços alternativos”, completou.  

A mensagem de Romero deu a entender que a prefeitura seria o impedimento. A reportagem, porém, descobriu que ocorreu algo maior para a negativa.

Fontes afirmaram ao TeatrineTV que assim que Adriane Lopes assumiu a cidade (4.abr.22), Reinaldo Azambuja chamou uma reunião afirmando de maneira simpática que “não haveria represália” em razão de ela estar assumindo a cadeira do adversário eleitoral. “Comprometeu-se em ser parceiro da prefeitura. Agora [próximo às eleições], passou a falar mal da prefeita, que a prefeitura está só pedindo as coisas, com convênios… Dizendo que a prefeitura não tem dinheiro…”, introduziu. Além disso, Azambuja teria maltratado e humilhado secretários que foram à governadoria cobrar empenhos de um convênio que havia sido firmado entre a prefeitura da Capital e o Estado. “O governador falou que não atende, não conversa e não fala com secretários. Que tudo que a prefeita quiser pedir, não é para secretário pedir, é para prefeita ir lá falar com ele”, narrou.  

Essa represália contra os secretários teria acontecido na terça-feira, 2 de agosto, mesmo dia em que Eduardo Romero enviou o ofício solicitando as liberações dos Parques administrados pela Fundação Municipal de Esporte (Funesp). “Ele maltratou os dois secretários, humilhou os dois secretários. Nunca foi assim”, lamentou outra fonte sob anonimato.  

Ainda conforme a fonte, Adriane Lopes não proibiu o uso dos parques. “Ela não proibiu, ela falou para o Eduardo [Romero]: ‘como o governador não fala com os meus secretários, eu posso atender o pedido dele sem problema algum, só que eu quero que ele venha falar comigo também, como ele quer que, por uma bala, que eu vá falar com ele”, completou a fonte.    

Então, a briga pode terminar se Azambuja for lá pedir o uso do Parque diretamente a Adriane. “São coisas pequenas que o governador tem que autorizar os secretários a tocar, não é que não está liberado, não é que não pode usar, os parques são públicos… Só que a atitude dele [Azambuja] foi arrogante, prepotente, sabe? A prefeita achou que ela não pode se calar, ela não pode baixar a cabeça e curvar, porque ele [Azambuja] quer mandar nela, quer que ela vá ‘pedir benção’ todas as vezes. Tem que ter o mínimo de respeito. Maltratar os secretários do município? Não pode fazer isso”, finalizou a fonte.  

A reportagem procurou o Secretário de Cultura e Turismo (Sectur), Max Freitas, para perguntar se de fato haviam alterado a data da festa do aniversário de Campo Grande. “A prefeitura vai realizar os shows nas 7 regiões de Campo Grande e nos dois distritos, estão mantidos. O governo havia se comprometido em pagar os shows do Marcelo Loureiro e do Geraldo Espíndola, do Saudações Pantaneiras, porém, hoje informaram que não vão mais pagar, mas a prefeitura, nós vamos continuar honrando com isso. Porque a mudança da data do dia 25 já foi pensando, já que o governo vai fazer dia 26 um evento que nunca fez, nunca comemorou o aniversário de Campo Grande, foi pensando em não dividir. E fazer com que a população campo-grandense não pague por isso, e sim tenha a opção de assistir 2 shows”, respondeu Max.


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Tags: #arte, #compartilhetetarineTV, #TeatrineTV, Adriane Lopes, Campo Grande, CULTURA, Reinaldo Azambuja

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