O candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (MDB) reuniu-se às 19h da quarta-feira (24.ago.22), com centenas de artistas em Campo Grande, ocasião em que prometeu que caso seja eleito, o Fundo de Investimentos Culturais (FIC) terá provisão orçamentária em dobro a da gestão tucana. “O dobro do que existe aí, o que tiver eu dobro”, disse Puccinelli ao ser questionado pelo TeatrineTV. O valor atual do FIC é de R$ 8 milhões, e saltaria, então, para R$ 16 milhões.
Em tom de nostalgia, no palanque ao lado de André, estava o ex-secretário de cultura de Mato Grosso do Sul, Américo Ferreira Calheiros. Ele quem mobilizou os artistas a comparecerem no evento. O ex-secretário que hoje é nº 7 na Academia sul-mato-grossense de Letras, abriu os discursos dizendo que o governo tucano sucateou os equipamentos culturais do estado. “São coisas tristes para a alma da gente que amamos a Cultura, que entendemos seu valor, que sabemos a extensão que ela tem na vida das pessoas. Minha mãe disse hoje: “mas era tão alegre em Campo Grande na época do André’, na sua simplicidade. Eu falei: mamãe, não fomos nós que fizemos essa alegria! Mas essa alegria pode voltar para o estado todo, basta que elegemos André Puccinelli governador do estado”, pediu Calheiros.
“Só vou lembrar que quando entramos no governo do estado o FIC estava parado, já no 2º ano em diante funcionou regularmente por 7 anos, aprovando 440 projetos que marcaram época, porque, aí já é produção dos nossos artistas que vem sendo analisada, aprovada, e realizada por cada um”, completou o ex-secretário.
Ao ser questionado pela reportagem se já acertou um cargo novamente de Secretário de Cultura num eventual governo Puccinelli, Américo esquivou-se: “Não, não... eu sempre trabalhei com o André, [essa reunião] é em decorrência da confiança que ele tem a mim, mas não tem nada acertado para ser secretário”, garantiu. Puccinelli, entretanto, ao ser questionado disse que Calheiros está em seu foco. “É um dos nomes, pode ser, pode não ser”, criou suspense o candidato.
Tânia Garib, candidata a vice-governadora na chapa emedebista, também discursou. Ela lembrou que conheceu André há 49 anos, em Fátima do Sul e citou como era a gestão André Puccinelli à frente da Campo Grande (1997-2004) e do estado (2007-2014). Em ambas, Garib ocupou cargos em secretarias sociais. “Fui convidada por ele [André] para trabalhar com ele e pude realizar os melhores programas sociais que esse país já teve. E que eram enaltecidos! Em parceria com meu amigo Américo, ele estruturou o Artesanato, [quando prefeito] André criou o banco da gente no município que não existia para financiar os artesãos; naquele tempo nem MEI tinha, hoje está bem melhor! E todo esse trabalho era sincronizado, porque nós tínhamos um líder, nós tínhamos um comandante, que bastava olhar e nós trabalhávamos como uma orquestra. Os seus secretários em favor da população. Mas ele era duro. Ele me acordou de madrugada para retirar a criança da Afonso Pena, como também verificava se o lixo tinha sido recolhido. Enfim, ele é um homem para todas as áreas”, disse Garib.
Na análise da vice candidata, ao menos dois adversários de André tem todo poder econômico ao lado. “Se um candidato tem o poder todo do seu lado, e outro candidato tem o poder todo do seu lado, o lema do André, o lema da nossa candidatura é que nós confiamos que a nossa força é a maior que existe, Américo, a nossa força é a força do povo”, discursou Garib, explicando que campanha é curta. “Não dá para a gente esperar, nós temos um pequeno tempo de TV, 59 segundos. Nós estamos fazendo podcasts, estamos fazendo programa no YouTube, tudo para tentar compensar. Então, assistam, vejam, divulguem, multipliquem esses dados, para quem não conhece possa conhecer André Puccinelli, porque existe uma geração de jovens que não experimentou nossos programas, mas que sentiu os resultados, porque trabalho do André, se tivesse manutenção, continuaria para sempre..., mas mesmo sem manutenção, nós vemos resultados todos os dias, nas ruas, nas escolas, nos Ceinfs, enfim, em toda a cidade. Por isso meu agradecimento, primeiro ao Américo por reunir seus amigos e nós podermos estar aqui falando para vocês”, completou Garib.
André foi o último a discursar ao público que lotou o salão do La Riviera Buffet Espaço de Eventos. O candidato iniciou a sua fala lembrando da Noite da Seresta, que foi uma ação lançada no ano de 2000 quando André era prefeito de Campo Grande. O projeto durou 13 anos, até ser encerrado pelo ex-prefeito Alcides Bernal (PP), por rusgas políticas com o então presidente da Associação sul-mato-grossense de Seresta, e ex-presidente da Fundação Municipal de Esporte (Funesp), Silvio Lobo Filho. “Quem não tem saudades da Noite da Seresta, das segundas e sextas-feiras de cada mês feita na antiga Praça da República, atual Praça do Rádio? Quem não recorda quando s e fez a Praça do Artesão, das dificuldades que tivemos para que os nossos artesãos pudessem comercializar seus produtos? Quando se fez o Armazém Cultural...”, enumerou André. Nesse momento, ironizou uma ação do Ministério Público que disse que ele estaria “roubando paralelepípedos'', quando promoveu a restauração do trecho da Rua Calógeras em frente ao Armazém. “Estávamos roubando os paralelepípedos, assim disse o Ministério Público, quando na verdade estávamos consertando as depressões que havia para que pudéssemos restaurar a arquitetura inicial da Calógeras...”, disse dando risadas. “Quem não se lembra do MS Canta Brasil? Quem não se lembra dos choros, dos literatos... volte e meia eu me vejo rememorando ações à frente da prefeitura e do governo do estado”, continuou André.
Na análise do candidato de maneira prática o que falta para a cultura sul-mato-grossense é “recurso”. “O que a cultura precisa? Recursos, o FIC vai crescer! O FIC vai financiar projetos... E nós vamos divulgar nossos artistas dos quais nos orgulhamos de todas as linguagens, seja nas artes plásticas: saudades do Isaac! Seja na literatura, seja no artesanato, seja da dança, seja da música, seja do teatro, seja do canto... é importante, nós vamos divulgar nosso Mato Grosso do Sul! Algo muito importante, que nós não devemos nada para ninguém! A Fundação de Cultura será atuante e o FIC provido não só de recursos orçamentários para simplesmente ser em números no orçamento. Para ser em números e que ocorra o desembolso para dar provimento aos projetos. Em chegando lá, essa eleição terá dois turnos! Nós teremos um espaço de 31 de outubro, se chegarmos lá logicamente, há de fazer essa ressalva. Eu já os conclamo para que nesses dois meses de transição já possamos entrar com adaptações todas que se fizerem necessárias para agilizarmos todos os setores do nosso governo”, disse.
André finalizou seu discurso fazendo uma chamada. “Quem é da literatura? Quem são das Artes Plásticas? Quem é do Artesanato? Quem é a Dança? Quem é da Música? Quem é Audiovisual?”, perguntou ele, visualizando a presença de representante desses setores.
“E vou lhes dizer, sinteticamente. O FIC terá provisão financeira acima do dobro da gestão do último governo. Eu peço ajuda que tenhamos um Conselho atuante para que possamos não discriminar nenhum setor, nenhum artista. Para que nós possamos dizer olha, quantos artistas e quantos setores culturais nós temos envolvidos em nosso Mato Grosso do Sul”, finalizou sendo bastante aplaudido.
O FIC
O Fundo de Investimentos Culturais (FIC) foi criado em 2002 durante o governo de José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT. Na época, o FIC iniciou com edital de “R$ 4 milhões” que ficou estagnado nos governos seguintes: “de André Puccinelli (MDB) – por 8 anos” e “Reinaldo Azambuja (PSDB) – por mais 7 anos”. Somente em 2022, às vésperas do período eleitoral, finalmente Azambuja anunciou aumento do valor do FIC para R$ 8 milhões, a essa altura, considerado um aumento defasado.