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HÁBITOS CULTURAIS

Quase 9 em cada 10 brasileiros acessam cultura pela internet, diz pesquisa

Escolaridade, condição socioeconômica, porte de cidade e raça também afetam acesso e marcam desigualdade na cultura

Por TERO QUEIROZ • 11/11/2025 • 15:04
Imagem principal Ida ao teatro ainda é elitizada mostra pesquisa do Hábitos Culturais, do Observatório Fundação Itaú, com apoio técnico do Datafolha. / Foto: Tero Queiroz

O consumo de cultura pelos meios digitais disparou no Brasil: 90% dos brasileiros participaram de alguma atividade cultural online nos últimos 12 meses, segundo a 6ª edição da pesquisa Hábitos Culturais, do Observatório Fundação Itaú, com apoio técnico do Datafolha, divulgado nesta 3ª feira (11.nov.25). 

De acordo com o levantamento, o acesso presencial também é alto, mas menor: 84% participaram de cinema, teatro, museus ou outros eventos culturais.

Entre os formatos online, os mais populares são ouvir música (85%), assistir a filmes em streaming (74%) e séries (70%). Além disso, 74% das pessoas que usam essas plataformas fazem essas atividades pelo menos uma vez por semana. Os principais motivos para escolher o digital são comodidade (45%) e segurança (34%).

DESIGUALDADE

O acesso à cultura online não é igual para todos. Entre a classe A/B, 98% participam de atividades culturais na internet; na classe D/E, esse número cai para 79%. A escolaridade também influencia: quem tem ensino superior, 99% acessam cultura online; quem estudou até o fundamental, 75%.

Problemas de infraestrutura dificultam o acesso: 22% de quem não faz atividades online alegam dificuldades com a internet. Entre a classe D/E, esse índice chega a 29%, enquanto na classe A/B é de 13%.

O uso das plataformas de vídeo também mostra diferenças sociais: YouTube (64%) e Instagram (52%) são mais usados por quem tem maior escolaridade e renda, enquanto o Kwai (21%) é mais comum entre os menos escolarizados e a classe D/E.

FALTA DINHEIRO E SEGURANÇA

A pesquisa também mostra que barreiras financeiras e de segurança afastam cerca de 30% dos brasileiros de atividades culturais presenciais.

34% apontam o custo como motivo principal, especialmente o preço dos ingressos (22%) e o transporte (19%).

31% citam medo de violência ou insegurança. Entre eles, 47% temem assaltos ou furtos, e 21% mencionam violência contra mulheres, índice que sobe para 28% entre elas.

O impacto desses fatores é maior em cidades grandes: 43% reclamam do custo e 49% da insegurança, contra 29% e 26% em cidades pequenas.

FATORES SOCIAIS

Quem tem mais escolaridade e renda participa mais de eventos culturais. Entre os que fizeram ensino superior, 96% consumiram cultura presencial, contra 70% entre os que estudaram até o fundamental. Na classe A/B, 93% participaram de atividades culturais; na D/E, 71%.

As desigualdades aparecem também na cor declarada: brancos frequentam mais cinema, teatro e museus (80%, 64% e 64%) do que negros (69%, 51% e 48%).

Mesmo com o aumento do acesso, a série histórica da pesquisa mostra que a diferença entre classes sociais se mantém estável. Por exemplo, o acesso ao cinema entre classes A/B e D/E ainda tem diferença de cerca de 40 pontos percentuais.


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Tags: acesso à cultura online, atividades culturais online, consumo de cultura presencial, cultura digital, desigualdade cultural, hábitos culturais Brasil 2025, observatório de cultura, participação cultural por classe social, pesquisa Fundação Itaú, streaming de filmes e séries

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