A interseção entre políticas culturais e emergência climática deu o tom da abertura da "COP das Mulheres", evento paralelo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizado nesta 6ª feira (14.nov.25), em Belém (PA). O encontro reuniu autoridades federais e representantes da sociedade civil para debater a centralidade do gênero feminino na construção de soluções sustentáveis.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, enfatizou que a ocupação de espaços de decisão não é apenas uma demanda social, mas uma necessidade orgânica para a preservação ambiental. "Queremos mais mulheres em lugares de poder, sim, e é um direito que a própria natureza nos dá", afirmou a titular da pasta.
CULTURA E TERRITÓRIO
Para Menezes, a diversidade cultural brasileira — sustentada fundamentalmente por lideranças femininas em comunidades tradicionais — é um ativo estratégico no enfrentamento ao colapso ambiental. O debate iluminou o papel de ribeirinhas, marisqueiras, quilombolas e indígenas, cujos modos de vida integram a defesa do bioma à defesa da própria existência.
"As mulheres dos rios, das ilhas, das comunidades tradicionais, das periferias… nos mostram que defesa do clima é inseparável da defesa da vida", completou a ministra.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, corroborou a tese, defendendo que a liderança feminina na crise climática deve ser pragmática, e não apenas simbólica. "Toda vez que uma política ignora as mulheres, ela fracassa. E toda vez que uma política coloca as mulheres no centro, ela transforma realidades", pontuou Lopes.
POLÍTICA DE ESTADO E CULTURA VIVA
O painel contou ainda com a participação da empresária Luiza Helena Trajano, líder do Grupo Mulheres do Brasil, que reforçou a importância da continuidade das políticas públicas para a redução de desigualdades. "Nós queremos políticas públicas, que é ela que muda o país", declarou Trajano.
No campo da gestão cultural, a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg, apresentou dados sobre a Política Nacional de Cultura Viva. Prestes a completar 21 anos, a iniciativa movimenta cerca de R$ 3 bilhões anuais em estados e municípios.
Segundo Rollemberg, a alta capilaridade dos Pontos de Cultura, frequentemente geridos por mulheres, é essencial para garantir direitos reais e "uma revolução concreta com política pública". A secretária reforçou que a cultura deve ser encarada como horizonte civilizatório e ferramenta de afirmação para mulheres negras, indígenas e pessoas com deficiência.
Também participaram das discussões a secretária de Cultura do Pará, Ursula Vidal, e a presidenta da Funarte, Maria Marighella.





