O artista plástico Pedro Guilherme Garcia Góis, de Mato Grosso do Sul, morreu aos 58 anos por infarto fulminante. Reconhecido por murais, esculturas e ações culturais, seu legado nas artes visuais de MS gera grande comoção. / Reprodução/Divulgação

O artista plástico Pedro Guilherme Garcia Góis morreu na tarde desta 5ª feira (20.nov.25), aos 58 anos, vítima de infarto fulminante. Ele havia completado aniversário dois dias antes.

A morte causou grande comoção entre representantes do setor cultural, familiares e admiradores de seu trabalho.

Pedro foi descrito como "uma perda significativa para as artes plásticas de Mato Grosso do Sul".

Nascido em Coxim (MS), Pedro atuava como muralista, pintor e escultor, acumulando exposições e premiações ao longo da carreira. Sua presença era reconhecida no cenário cultural do Estado.

Em Campo Grande, deixou obras instaladas em espaços públicos que se tornaram pontos de referência. Entre elas está “O Beijo”, escultura em concreto no Lago do Amor, criada em 2008.

A obra representa dois peixes carás e é uma das intervenções mais fotografadas da região. Outro trabalho relevante é o peixe cará de grande porte instalado na Lagoa Itatiaia.

Nas redes sociais, diversas homenagens foram publicadas ao longo do dia. Sempre destacando além de artista, a grande pessoas que foi Pedro. 

"Grandiosa perda para as Artes Plásticas e para a Cultura de MS. Homem íntegro, promotor da paz, profissional talentoso, grande amigo ! Descanse na Paz de Deus. Bravo Guerreiro. Que Deus conforte os nossos corações", escreveu Moacir Saturnino de Lacerda no Facebook.  

O Artista Plástico e Produtor Cultural, Cello Lima , de 63 anosm disse que Pedro era uma pessoa muito carismática e que tinha muita estima por ele. "Nossas Artes Visuais, tão abandonadas, vão perdendo seus grandes incentivadores e agitadores culturais do segmento. Existem pessoas que são singulares e se destacam por seus espíritos de luta, gente que tem atitude, que de certa forma possui uma capacidade enorme de juntar pessoas e fazer acontecer. Isso tem uma importância enorme e, quando uma pessoa com essas qualidades se vai, o vazio se avoluma, sobretudo porque esses são raros e singulares", comentou ele, que vive Dourados e atua nas Artes Plásticas do MS desde a atuação junto ao Unidade Guaicuru de Cultura. 

Ainda segundo Cello, há alguns anos o setor de Artes Visuais, área em que Pedro trabalhava, está muito desassistidos. "Eu conheço bem de perto essa história e, muito sinceramente, sinto que muita coisa involuiu — em consistência, qualidade, zelo, conteúdo e apresentação. O MARCO fechado já faz um tempão, nada se fala sobre sua situação. Isso acende um alerta: é preciso refletir sobre e desejar que ele seja iluminado na sua passagem e que possamos, a partir dos exemplos deixados, nos fortalecer e seguir em frente de maneira mais proativa. Pedro Guilherme, presente! Iluminação pra você, vá em paz", acrescentou. 

Apesar de não ter tido amizade pessoal com Pedro, Cello explicou que eles tiveram encontros esporádicos, muito positivos e otimistas. "Pedro era um homem sensível e inteligente, um artista muito objetivo no que ele se propunha a fazer. Nossa profissão nos aproximava; ele sempre manifestou um olhar sobre meu trabalho muito cuidadoso, e eu o acompanhava no seu otimismo contagiante diante da sua profissão e do compromisso com algo mais abrangente, que pudesse juntar seus parceiros em torno das Artes Visuais", completou. 

Também nas redes sociais, o amigo, ex-chefe da Cultura em MS, Américo Calheiros, destacou a atuação constante de Pedro em projetos culturais e lamentou a perda.

 Sandra Freitas também se despediu do amigo por meio de uma mensagem no Facebook em que disse:

"Que notícia triste saber que o Pedro Guilherme Garcia Góes partiu assim, tão de repente! Sempre admirei seu trabalho artístico — e não só as suas obras, tão cheias de cores e vibrantes. Porém, sua missão constantemente foi além da arte, pois sempre foi um defensor aguerrido da natureza. Onde havia necessidade de voz para mostrar que algo precisava ser feito pelo meio ambiente, lá estava ele. Um privilégio ter sido sua amiga e compartilhar do seu fazer artístico e de sua cidadania ativa, premente, com respeito e generosidade. Siga em paz! Tenha certeza de que sua passagem por aqui foi registrada em uma linda história. Seu legado está espalhado por este mundão!". 

Em janeiro de ano, Pedro se despediu do amigo e também muito conhecido Adilson Shieffer. No Facebook, Pedro escreveu: "Adilson Shieffer, meu querido amigo e vizinho, um Mestre das Artes, sua obra é um marco na Artes Visuais de Mato Grosso do Sul. Siga em Paz Adilson!".

Horas antes do falecimento, Pedro realizou um publicação na sua conta do  Facebook em que anunciava um curso sobre sustentabilidade e arte contemporânea marcado para o dia 26 deste mês. A atividade ocorreria na Confraria Socioartista. Veja a publicação:

A Confraria emitiu uma nota de pesar sobre a partida súbita do artista. Leia abaixo:

Nesta 5ª feira, também emitiu uma nota de pesar a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS). Leia abaixo:

NOTA DE PESAR

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul manifesta profundo pesar pelo falecimento de Pedro Guilherme Garcia Gois, artista natural de Coxim e figura essencial para a construção da identidade cultural sul-mato-grossense.

Desde a criação do Estado, Pedro dedicou sua vida à produção artística e ao fortalecimento da cultura regional, dialogando de forma sensível e potente com o Pantanal, os povos indígenas e a história de Mato Grosso do Sul. Suas pinturas, esculturas e ações culturais, marcadas pelos peixes simbólicos, pelas críticas ambientais e pelas referências às culturas Terena e Kadiwéu, tornaram-se ícones da arte produzida em nosso território.

Sua obra, presente em exposições, coleções e esculturas públicas que integram a paisagem de Campo Grande, seguirá inspirando gerações e preservando a memória afetiva e artística do nosso Estado.

A Fundação de Cultura de MS se solidariza com familiares, amigos, admiradores e toda a comunidade cultural, agradecendo pela imensa contribuição de Pedro Guilherme à arte e à cultura sul-mato-grossense.