O cantor sertanejo sul-mato-grossense Yuri Ramires, de 43 anos, executado a tiros. Foto: TV Morena

O cantor e compositor Iuri Gomes Oliveira Ramires, conhecido artisticamente como Yuri Ramirez, de 47 anos, foi morto com oito disparos de arma de fogo na manhã de sábado (30.ago.25), em Campo Grande (MS). O artista mantinha uma trajetória marcada por passagens pelo cenário musical e histórico criminal.

Yuri iniciou sua carreira musical ainda na adolescência, tendo atuado por décadas como cantor e compositor. Paralelamente, acumulou registros policiais por diferentes crimes, principalmente relacionados ao tráfico de drogas.

De acordo com a polícia, ele chegou a ser apontado como um dos principais traficantes da região Noroeste de Goiânia (GO).

Conforme registro policial, em 14 de junho de 2018, ele foi detido em Goiânia por tráfico de drogas. À época, era a quinta prisão em seu histórico criminal, menos de um ano após sua saída do sistema prisional.

Apesar das recorrentes prisões, manteve sua atividade artística. Em dezembro de 2019, lançou a canção “Coração de Aroeira”, seguida por outras músicas e vídeos publicados em plataformas digitais. Em 2020, lançou a faixa “Tentando mentir pra quem”. Em redes sociais e sites especializados, suas composições incluem títulos como “Mentiras”, “Tive que fugir”, “O tempo não volta” e “Princesa e o vagabundo”, totalizando 33 canções autorais registradas.

Natural de Campo Grande, Ramirez iniciou no rock e posteriormente migrou para o sertanejo, influenciado por seu pai. Formou uma dupla musical em 2020, apresentando-se em estados como Mato Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso. Após a separação da dupla, seguiu carreira solo, chegando a dividir palco com nomes do cenário nacional, como Maria Cecília e Rodolfo.

HISTÓRICO CRIMINAL

2001 e 2003 – Yuri foi preso em 2001 por roubo. Em 2003, voltou a ser detido, desta vez por tráfico de entorpecentes.

2006 – Foi flagrado com drogas em São Gabriel do Oeste (MS) e sentenciado a 10 anos de prisão em regime fechado.

2016 – Durante cumprimento da pena anterior, foi encontrado com 3,1 kg de maconha no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande. No entanto, foi absolvido do crime em agosto de 2017, após alegar cumprimento prolongado da pena anterior devido à regressão de regime.

2018 – Preso novamente em junho, em Goiânia, acusado de comandar operações de tráfico de drogas e armas. As investigações indicaram a venda de aproximadamente 800 kg de maconha provenientes do Paraguai. À época, usava documentos falsos e era investigado por negociação de um fuzil AK-47. Gravações de áudio indicaram possível envolvimento com comercialização de armas.

ACUSAÇÕES RECENTES

2024 – Yuri passou a ser investigado por suspeita de estupro contra duas menores, de 8 e 13 anos. Conforme denúncia feita pela mãe das vítimas em julho, os supostos abusos ocorreram em setembro de 2024. A Justiça concedeu medidas protetivas um mês antes da morte do cantor, com base nos depoimentos das crianças.

2025 – Em fevereiro, foi detido no bairro Jardim Tarumã, em Campo Grande, com 14,8 kg de maconha. Foi flagrado pela Guarda Municipal deixando a substância na varanda de uma residência. Apesar de negar a autoria, teve a prisão convertida em preventiva. Em julho, a Justiça revogou a prisão com parecer favorável do Ministério Público, permitindo a soltura com medidas cautelares:

• Proibição de deixar a cidade sem autorização judicial por cinco dias;

• Recolhimento domiciliar das 22h às 5h e integral nos fins de semana;

• Monitoramento eletrônico por 90 dias.

EXECUÇÃO DO ARTISTA

O homicídio está sob apuração da Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de Campo Grande. Segundo a polícia, o cantor foi encontrado sem vida em um dos cômodos da residência, atingido por múltiplos disparos. A perícia recolheu 12 cápsulas de pistola no local.

O delegado responsável, Rodolfo Daltro, informou que o caso segue em investigação sob sigilo. Até o momento, nenhuma informação oficial sobre suspeitos ou motivações foi divulgada.