
Nana Caymmi faleceu aos 84 anos na 5ª.feira (1.mai.25), exatamente enquanto o filme Dorival Caymmi – Um homem de afetos, de Daniela Broitman, era exibido no Canal Brasil. A data marcava também os 110 anos de nascimento de seu pai, Dorival Caymmi.
“Ela partiu enquanto o Canal Brasil exibia Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos. Um lindo presságio de que foi ao encontro do pai. Nossos sentimentos a toda a família e aos fãs. O Brasil perdeu hoje uma de suas mais belas vozes. Que continue encantando onde estiver”, escreveu a diretora Daniela Broitman.
O documentário, que reúne memórias e reflexões do compositor baiano, inclui uma entrevista inédita de 1998 e imagens recentes de Nana em uma de suas últimas aparições públicas. A diretora lembrou do dia da gravação em Pequeri: “A equipe toda estava muito apreensiva; todos sabíamos o quanto ela era seletiva em relação ao seu trabalho e à sua imagem. Ela havia me concedido apenas uma hora para a entrevista. Mas a conversa foi tão boa e divertida que, no final, ela disse que eu podia perguntar tudo o que quisesse".
Segundo Daniela, a tarde foi marcada por encanto e emoção: “Cantou à capela lindamente, numa cena de tirar o fôlego".
Nana estava internada desde agosto de 2024, após ser diagnosticada com arritmia cardíaca. Seu irmão, Danilo Caymmi, confirmou que a causa da morte foi uma overdose de opioides, medicamentos que usava para controlar dores crônicas.
O velório ocorre no Theatro Municipal do Rio de Janeiro nesta 6ª.feira (2.mai.25), das 8h30 às 12h. O sepultamento será às 14h, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Caetano Veloso, amigo de longa data, lamentou a perda: “Não me cansava de pedir a ela que cantasse para eu ouvir. Às vezes com Gil ao violão, às vezes à capela. Eu pensei que ela era a interpretação mais profunda que se podia imaginar. Isso só fez crescer com o passar dos anos, das décadas. Irmã do inigualável Dori e do luminoso Danilo, ela foi, era, é, será um alumbramento do ato de cantar".
BIOGRAFIA
Nana Caymmi nasceu em 29 de abril de 1941, no Rio de Janeiro, filha de Dorival Caymmi e Stella Maris. Foi a primogênita do casal e cresceu em um ambiente musical, ao lado dos irmãos Dori e Danilo. Ainda jovem, começou a cantar, com sua primeira gravação em 1960 no disco de seu pai. Nesse mesmo ano, lançou seu primeiro compacto, com as faixas "Adeus" e "Nossos Beijos".
Em 1961, se afastou temporariamente da música ao se casar e viver na Venezuela. De volta ao Brasil, teve uma vitória marcante no Festival Internacional da Canção de 1966 com a canção "Saveiros", de Dori Caymmi.
O álbum Nana Caymmi, lançado em 1975, consolidou sua carreira nacionalmente ao unir influências do Clube da Esquina a sua já sólida identidade musical.
Mesmo após ser diagnosticada com câncer no estômago em 2016, Nana continuou sua trajetória artística. Em 2024, lançou os álbuns Nana Caymmi canta Tito Madi e Nana, Tom, Vinícius, ambos indicados ao Grammy Latino.
Nana Caymmi se destacou na interpretação de samba-canção, bolero e nas obras de seu pai, além de ter voz marcante em trilhas de novelas como Roque Santeiro e Tempo de Amar. Um de seus maiores sucessos, "Resposta ao Tempo", de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos, foi tema da novela Hilda Furacão, em 1998.