Atuando na comédia profissional desde 2016, o artista campo-grandense Yuri Tavares, de 24 anos, levou seu show de stand up para São Paulo (SP). Apesar de ter tido a chance de se apresentar em diversos espaços, o comediante conta que uma das maiores dificuldades para realizar esse objetivo foi a falta de patrocínio.
Em entrevista ao Teatrine Tv, Tavares relatou que esta viagem só foi possível porque ele se organizou com outros três amigos comediantes para dividir os custos da estadia na capital paulistana.
“Ficamos lá do dia 11 ao dia 18 e para irmos juntamos alguns cachês que recebemos em shows e recursos de alguns editais. Como fomos eu, a Giovanna Zottino e outros dois comediantes conseguimos dividir os custos”, explicou.
O artista ainda enfatizou que, além da falta de incentivo, outro fator determinante para que a carreira na comédia tenha alguns obstáculos é a falta de hábito da maior parte dos campo-grandenses de ir ao teatro.
“Aqui em Campo Grande as pessoas lotam teatros quando é alguém conhecido, que já tem um nome. Lá em São Paulo as pessoas têm essa cultura de ir para se divertir e não apenas porque é alguém famoso”.
Yuri ainda lembra que em uma das noites que se apresentou em um comedy club não havia nenhum ator consagrado, mas da mesma forma o teatro lotou porque, segundo ele, as pessoas buscam a arte.
Outro ponto levantado por Tavares é a falta de espaços adequados para receber apresentações teatrais em Campo Grande, uma vez que todos os teatros públicos estao fechados há bastante tempo e não há previsão de serem reabertos.
Além disso, os locais privados não são baratos para serem alugados por artistas locais que não possuem patrocinadores.
“Existe essa falta de incentivo porque as marcas querem ter suas imagens atreladas a nomes conhecidos, então, nunca conseguimos um patrocínio. Quando fizemos o espetáculo do Tripé [trio de comédia do que Tavares faz parte] o pai de um dos atores que patrocinou”, relembra.
Ele ainda destaca que todos esses obstáculos fazem com que a esperança de ter um centro de cultura na Capital de Mato Grosso do Sul fique abalada.
“Abrimos o nosso próprio espaço em parceria com um estúdio audiovisual, mas queremos locais públicos que tenham estrutura e sejam aconchegantes para os artistas e para o público”, destaca.
Por fim, o ator ainda explica que uma das diferentes mais gritantes entre Campo Grande e grandes centros como São Paulo quando se trata de cultura é o olhar do poder público para a classe artística.
De acordo com ele, ainda há esperanças de que os governantes daqui irão perceber que o que move as grandes cidades é a cultura e a arte.
CLUBE DE COMÉDIA
Aberto há cerca de dois meses, o RIR é um espaço fundado por Yuri e alguns amigos comediantes com o objetivo de suprir a falta de espaços dedicados ao teatro.
O local foi aberto em parceria com um estúdio audiovisual, que cede o espaço aos artistas.
“É uma parceria para levar ao público peças de teatro, palhaçaria, danças cômicas e tudo relacionado ao humor”, conclui.
Em setembro, os integrantes do clube irão realizar um circuito de shows em homenagem ao radialista e comediante Anderson Barão, que morreu em 19 de agosto vítima de um tumor aos 42 anos de idade.
“Esta reportagem foi produzida com apoio do programa Diversidade nas Redações, da Énois, um laboratório de jornalismo que trabalha para fortalecer a diversidade e inclusão no jornalismo brasileiro. Confira as metodologias na Caixa de Ferramentas”