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Mural gigante com realidade aumentada será la

Mural gigante com realidade aumentada será inaugurado em Ponta Porã

Obra de arte de 166m² pode ser vista da BR-463, em Ponta Porã

Por ALY FREITAS • 19/06/2023 • 07:45

A artista plástica e professora Angela Silva, de 44 anos, lançará na 6ª.feira (30.jun.23) a obra “Entrelinhas”, um mural de 166 metros quadrados pintado no campus do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), em Ponta Porã, na fronteira com Pedro Juan Caballero, no Paraguai.

O processo de produção da obra de arte, que possui a tecnologia de realidade aumentada vinculada a um filtro de Instagram, resultou em um documentário de curta-metragem e um artigo científico, que serão apresentados durante o evento de lançamento do mural. Além disso, o mural também contará com uma placa em Braille, possibilitando que pessoas com deficiência visual tenham acesso à obra.

Ao TeatrineTV, Angela explicou que precisou conciliar sua rotina de estudos e trabalho com a produção da gigantesca pintura. “Levei 28 dias de trabalho efetivo, porém, como dou aulas e estou fazendo um mestrado em arte na UFMS, em Campo Grande, só podia pintar aos finais de semana, fora os dias de chuva em que não era possível trabalhar. Por isso, iniciei a pintura em março e terminei nessa última sexta (16.jun) ”, esclareceu.

A pintura foi iniciada em março e finalizada na 6ª.feira (16.jun.23).

Formada em pedagogia e com vasta experiência artística, Angela contou que sempre foi convidada a atuar na área da arte-educação, seja na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) de Ponta Porã, onde ministrou disciplinas ligadas à arte em diversos cursos de graduação, ou em seu atual posto, de professora de arte para crianças da educação infantil.

“Por conta do trabalho artístico, as possibilidades de trabalho que eu encontro na pedagogia acabam sendo também voltadas para a questão da arte”, explicou a artista, que decidiu ingressar no mestrado por sentir falta de formação acadêmica específica. “Por mais que a prática te ensine, o estudo teórico te dá um aporte que é importante. Uma coisa vai sustentando, auxiliando a outra”, refletiu.

Antes do mestrado, o interesse de Angela por produzir arte enquanto estuda arte, a levou à Cidade do México em 2020. Na época, ela passou um mês aprendendo diferentes técnicas de muralismo com o artista David Cellis. “Eu trabalhei com um maestro mexicano, ele tem um trabalho muito bonito de esgrafiato, que é você fazer o desenho com uma tridimensionalidade no cimento, no concreto”, detalhou.

No ano seguinte, 2021, ela foi ao Equador onde fez parte de um projeto maior, que durou dez meses e foi promovido pelo mesmo professor mexicano. “No Equador eu fiz parte de uma equipe que desenvolveu um mural bem grande com essa técnica. Depois, eu fiz um mural sozinha, mas com a técnica de pintura”.

Ao retornar ao Brasil, a artista, que vive em Ponta Porã desde 2005, trouxe consigo o desejo de produzir um mural que representasse a identidade de fronteira.

“Eu percebo diversas peculiaridades presentes na forma de se relacionar com o espaço e com as pessoas. É bastante comum a fala de que há uma identidade de fronteira, mas para mim essa identidade sempre foi um mistério. Algo invisível, que sabemos a presença ainda que o olhar e as palavras não deem conta de alcançar. A suspeita de que com elementos de imagem poderia ampliar a percepção dessa presença invisível que nos faz únicos enquanto comunidade que transita entre nações, me levou a construir a proposta do projeto”, explicou.

Foto: Divulgação

Antes de encarar o desafio de produzir o grande mural do IFMS, Angela já havia produzido murais menores em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. Ao iniciar o novo processo, ela buscou entender quais elementos precisariam ser representados em sua pintura. Para isso, ela entrevistou artistas e moradores da região, afim de reunir diferentes percepções a respeito da vida na fronteira entre Brasil e Paraguai.

Como resultado, a obra aproveita a arquitetura do prédio para representar a própria fronteira e os pássaros que transitam por ela livremente, a amizade e ancestralidade entre os dois países retratadas nas mulheres da região e o vibrante fundo vermelho, recordando as dores pelo sangue derramado no genocídio de povos originários e nas marcas do narcotráfico.

A obra conta com elementos que refletem a vida na fronteira do Brasil com o Paraguai. Foto: Divulgação

EVENTO DE LANÇAMENTO

Apesar da data confirmada, o evento de lançamento da nova obra de Angela Silva só terá o horário divulgado na próxima semana. No entanto, devido ao tamanho da pintura e à localização do IFMS de Ponta Porã, quem passa pela BR-463 já pode apreciar o mural.

Além de conhecer a obra e o artigo escrito pela artista, no dia 30 o público também poderá assistir ao documentário de curta-metragem, que em aproximadamente 10 minutos, mostra as etapas de investigação, entrevistas e parte do processo de pintura do mural. A captação de imagens e edição foram feitas por Evandro Duprat.

No mesmo dia, será feita a demonstração de uso da realidade aumentada, tecnologia produzida por Everton Machado e que faz parte do mural. “Vai ter uma movimentação, quando você fizer um vídeo com um filtro do Instagram. Então, as pessoas vão abrir a câmera do Instagram e vão poder colocar esse filtro, que vai fazer com que elementos do mural se movam”, contou a artista.

'Entrelinhas' tem produção executiva de Ara Martins e foi contemplado pelo Fundo de Investimentos Culturais (FIC/MS-2021), promovido pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), por meio da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania (Setescc).

A obra possui realidade aumentada, ativada por meio de um filtro no Instagram. Foto: Divulgação

SERVIÇO

O Instituto Federal de Ponta Porã fica no quilômetro 14 da BR-463, em Ponta Porã (MS).

Mais informações podem ser obtidas no site oficial da artista.


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Tags: #arte, #pontapora, #TeatrineTV, Campo Grande, CULTURA, destaque

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