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Multiartista, Erasmo Carlos conquistou troféu APCA e fez filme com Breno Moroni

Por TERO QUEIROZ • 22/11/2022 • 17:11

 

​Ator, multi-instrumentista, cantor, compositor e escritor, Erasmo Carlos, um dos maiores artistas do Brasil, faleceu aos 81 anos, nesta 3ª.feira (22.nov.22) no hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro.

Erasmo havia conquistado em 17 de novembro o Grammy Latino de “Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa”. Com O Futuro Pertence À… Jovem Guarda, o Tremendão (apelido de Erasmo) desbancou os trabalhos Qvvjfa? de Baco Exu Do Blues, Sobre Viver de Criolo, Memórias (De Onde Eu Nunca Fui) do Lagum e Delta Estácio Blues de Juçara Marçal.

Pioneiro do rock no Brasil, o artista também forjou seu espaço na Música Popular Brasileira (MPB) com as suas canções românticas e existenciais – simples, profundas e muito comunicativas. Ao longo das 60 décadas de colaboração para com a arte brasileira, Erasmo compos e interpretou os sucessos:

  • Mesmo que seja eu - Do disco Fullgás (1984), a música é do Erasmo em parceria com o Roberto Carlos;
  • Gatinha manhosa - Música lançada na Jovem Guarda e gravada no álbum Você me acende, de 1966;
  • É preciso dar um jeito, meu amigo - Lançada em 1971 e composta por Erasmo e Roberto Carlos;
  • De noite na cama - Eternizada na voz de Erasmo, a música foi composta por Caetano Veloso;
  • Minha superstar - Música lançada em 1981, no álbum Mulher;
  • Mais um na multidão - Música de 2001 de Roberto Carlos e Marisa Monte;
  • Festa de arromba - Música 1965, do álbum Pescaria;
  • Gente aberta - Lançada em 1971 no álbum Carlos, Erasmo;
  • Coqueiro verde - Música do ano de 1970, lançada no álbum Erasmo Carlos e os tremendões;
  • Sentado à beira do caminho - Música de Erasmo e Roberto Carlos presente no álbum Erasmo Convida de 1980.

Carioca da Tijuca, no Rio, Erasmo era filho de mãe solteira e só conheceu o pai quando já tinha 23 anos — contava que nunca conseguiu desenvolver uma relação de filho com ele, mas que os dois construíram uma boa relação.

Ainda criança conheceu Tim Maia, que na época era Sebastião, com quem aprendeu violão e de quem ficou amigo na adolescência, quando os dois se apaixonaram pelo tal do rock 'n' roll. Juntos fundaram o The Sputiniks, a banda que tinha aquele que seria o grande parceiro de Erasmo: Roberto Carlos. Com o fim do grupo, formou outro, o The Boys of Rock, mais tarde The Snakes, que acompanhou os dois cantores em seus shows solos.

Com Roberto Carlos, que era padrinho de Alexandre (um dos filhos de Erasmo), a afinidade era grande: os dois gostavam de rock, dos ídolos da época como Marlon Brando e Marilyn Monroe, e também do Vasco da Gama. A dupla ao longo das décadas seguintes faria sucessos como DetalhesAlém do HorizonteSe Você PensaAs Curvas da Estrada de Santos, EmoçõesÉ Proibido Fumar, entre um repertório conjunto de cerca de 400 músicas, pelas contas do próprio Erasmo. Ao lado amigo de Wanderléa, Erasmo comandou o programa Jovem Guarda, que de 1965 a 1968 na TV Record apresentou aos brasileiros o iê-iê-iê, o movimento cultural influenciado pelos Beatles que mudou a juventude da época.

Em seu portfólio, Erasmo conta com bons projetos artísticos como ator. A 1ª aparição dele foi fazendo o papel de si mesmo no filme, Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa que estreou em julho de 1970, dirigido e produzido por Roberto Farias. A sinopse do filme diz: "Os cantores Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa estão no Japão, quando esta última resolve comprar uma estatueta antiga. Imediatamente ela e seus companheiros começam a ser perseguidos por Pierre, um homem misterioso que lidera uma quadrilha de lutadores orientais"... Um ano mais tarde, Erasmo viveu o papel do personagem ​'Pedro Navalha', no filme Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora, também dirigido por Farias. O filme teve um público de 2.785.922 espectadores, sendo o filme mais assistido de 1971.

Roberto e Erasmo Carlos em "Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora"
Roberto (no carro) e Erasmo Carlos em "Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora"

Em 1972, Erasmo deu vida ao personagem "Teleco" no filme de comédia "Os Machões", dirigido por Reginaldo Faria, com roteiro de Faria e de Bráulio Pedroso. Em razão da boa performance, Erasmo conquistou o Troféu APCA (prêmio brasileiro criado em 1956 pela Associação Paulista de Críticos Teatrais) como melhor coadjuvante masculino.

Em 1984, Erasmo fez o personagem "Cowboy" no clássico infantil o Cavalinho Azul, dirigido, editado e escrito por Eduardo Escorel. O filme é baseado na peça homônima de Maria Clara Machado é narrado pelo fictício João de Deus, um andarilho de barbas longas, conta a história de um menino chamado Vicente, que tinha um cavalo, que na sua visão é um lindo cavalo azul, e para seus pais, um velho cavalo marrom. Um dia, seu pai vende o cavalo. Preocupado com os perigos nos quais o animal pudesse enfrentar, Vicente parte numa viagem atrás de seu amigo. Durante a jornada o menino passa por várias aventuras na companhia da amiga Maria, e de um trio de músicos do circo, que querem roubar o mágico cavalo para si.

No elenco de filme Breno Moroni, artista de grande expressão nacional que atualmente vive em Mato Grosso do Su, interpreta O Palhaço da trupe que deseja roubar o suposto cavalo azul. Erasmo desenvolve o personagem do cowboy que seria o comprador do cavalo azul.

Erasmo Carlos no personagem de Cowboy em O Cavalinho Azul. Foto: Reprodução

Num breve comentário sobre as gravações ao lado de Erasmo, Breno lembrou: "Chovia muito durante as filmagens, aí ficávamos no quarto do hotel e ele ficava me mostrando m​ú​sicas", reviveu em mensagem ao TeatrineTV.

"A gente estava num hotel numa cidade do interior, então, a gente ficava um visitando o outro. Tomava uma cerveja, conversava. A gente falava sobre o filme sobre música, uma pauta incomum... A última vez que eu o vi foi por volta de 2015, num show dele lá em Fortaleza, pena que​ eu não p​u​de o encontrar fora do show. Eu lamento muito, porque no dia estava de carona e o pessoal quis ir embora. Então não pudemos nos encontrar", contou Breno​, dessa vez por ligação telefônica. ​

Breno fez o porsonagem Palhaço em O Cavalinho Azul. Foto: Reprodução

Gigante da música, Erasmo, além de um companheiro de cena, para Breno ​é​ fonte de extrema inspiração. "Apesar de estar muito idoso, ele se manteve ativo até o último momento. Foi internado há pouco tempo, mas saiu do hospital e disse que iria fazer isso, aquilo. Ele é uma inspiração, me deixou esse exemplo de que devemos continuar trabalhando e sonhando até o último minuto. Que isso sirva de exemplo para os jovens que talvez estejam passando por um momento difícil na carreira", considerou. No filme oi Cavalinho Azul também compõem o elenco: Pedro de Bricio e Ana Cecilia Guimarães (protagonistas), Alby Ramos, Carlos Wilson, Ariel Coelho, Renato Consorte, Nelson Dantas, Joana Fomm, Carlos Kroeber, Bia Nunes e a auotora e atriz fundadora do 'O Tablado', Maria Clara Machado.

Erasmo é citado no filme a partir dos 53 minutos após Vicente (Pedro de Bricio) e Maria (Ana Cecília) serem informadas da existência de um Cowboy onde o cavalo poderia estar.

Eis o filme:

https://www.youtube.com/watch?v=7-QsP1I58x8

De o Cavalinho para o projeto cinematográfico registrado realizado por Erasmo há um hiato de 34 anos. Tal periodo concomita justamente com o período em que Erasmo dedicou-se a projetos musicais mais robustos. Nessas 3 décadas ele lançou 12 albuns.

Somente em 2018, ele voltou às telas dando vida ao personagem José, no filme Paraíso Perdido dirigido e roteirizado por Monique Gardenberg (diretora de Ó paí, ó).

Erasmo realizou seu último trabalho no cinema em 2020, estrelando ao lado de Larissa Manoela e André Luiz Frambach no filme de comédia 'Modo avião', produzido pela Netflix.


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Tags: Audiovisual, CULTURA, Erasmo Carlos

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