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Cinema brasileiro

Caso da Bruxa da Sapolândia vai virar série em Mato Grosso do Sul

Por Ana Clara Santos • 29/10/2022 • 09:08

​A história de Célia de Souza, mais conhecida como Bruxa da Sapolândia, acusada de matar e sepultar no quintal da própria casa pelo menos seis crianças, nos anos 1970, e que virou lenda urbana em Campo Grande (MS), irá se tornar uma série.

Planejada para ter, inicialmente, uma temporada com 10 episódios, a obra está na fase embrionária, com o roteiro sendo desenvolvido pelo escritor André Alvez, autor de um livro homônimo lançado em 2018, e pelos atores Vini Willyan e Lígia Prieto Tristão

Ainda sem data prevista para estreia, o roteiro mistura os fatos que aterrorizaram a cidade na época e ficção, com toques de realismo fantástico, mas sem romantizar as crueldades cometidas por Célia contra as crianças que ficavam sob seus cuidados.

Em entrevista ao TeatrineTV, André afirmou que a ideia de tornar a história em um produto audiovisual veio logo após o lançamento do livro, quando muitas pessoas se interessaram pelo enredo e os comentários de diversos leitores fizeram com que ele percebesse que a narração tinha brechas para maiores desdobramentos.

“A ideia da série surgiu por causa do livro. Quando eu escrevi tive uma boa recepção do público e, a partir dos comentários que surgiam, fui instigado a fazer mais. A ideia inicial era escrever uma trilogia de livro, mas depois veio a ideia da série”, detalha André.

O autor ainda explica que seu interesse pela história vem da infância, que foi vivida na região que na época dos fatos era conhecida como Sapolândia, por ter muitos brejos, e hoje é a Vila Afonso Pena, que faz parte da região do bairro Taquarussu.

“Eu nasci e fui criado na região do Taquarussu que era conhecida como Sapolândia, então, eu vivi a lenda intensamente, mas minha fixação por conhecer mais a história surgiu quando eu escrevi uma crônica sobre a Bruxa da Sapolândia e fui muito bem recebida”, declara.

O autor ainda recorda que quando fez a pesquisa histórica para embasar a narrativa do livro, teve a oportunidade de conversar com pessoas que conviveram com Célia e o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) concedeu à ele acesso ao processo judicial sobre o caso.

André também adianta que não há muitos detalhes de quando ou como a produção irá sair do papel, mas espera que até fevereiro de 2023 o roteiro já esteja pronto. Dessa forma, segundo ele, ficará mais viável captar recursos para financiar a produção.

“É o primeiro passo que precisamos dar para realizar este sonho. Vamos ter a primeira temporada já escrita para fazer com que a história saia do papel e se torne realidade”, afirma.

Ele ainda lembra que a parte prática e de financiamento da produção precisa ser planejada tanto para que financiadores se interessem pela obra quanto para concorrer em algum edital público de fomento do audiovisual.

“Teremos que recriar uma Sapolândia e ter o contexto da época e em torno que aconteceu de fato. Com o roteiro pronto temos uma arma na mão e fica mais fácil ter recursos”, aponta.

Por fim, André ainda lembra que a série, assim como o livro, apesar de trazer elementos do mundo fantástico, não tem a intenção de distorcer ou romantizar o que aconteceu naquela época, mas, sim, debater assuntos delicados e observá-los para que não se repitam.

“A ideia é manter a lenda viva, inclusive atingir o público mais jovem para que ele conheça a história e mostrar o lado ruim para que ele não seja perpetuado”, conclui.

UMA BREVE HISTÓRIA

Conforme noticiou–se à época, Célia de Souza, de 51 anos, foi acusada de maltratar e matar ao menos seis crianças entre o final dos anos 1960 e começo da década de 1970, quando Campo Grande ainda fazia parte de Mato Grosso.

Conta-se que Célia, à época com 51 anos, fazia de sua casa uma espécie de pensão para que as pessoas que trabalhavam longe da cidade deixassem seus filhos em contrapartida de uma mensalidade. Entretanto, as meninas e meninos que moravam temporariamente com Célia eram submetidas a maus tratos, espancamentos, passavam fome até ficar desnutridas e tinham condições insalubres de higiene.

No local, a mulher também fazia trabalhos e rituais de magia nos quais muitas vezes usava as crianças para serem torturadas ou até mesmo mortas.

Após a polícia receber as denúncias feitas por uma pessoa que Célia conhecia, ela foi presa de imediato, sendo julgada e ficando na cadeia por dois anos. Das seis crianças que se tem notícia, ela mesma indicou onde estavam enterradas duas, em covas rasas no terreno de sua casa.

Em sua defesa, a mulher negou que tenha matado as crianças e afirmou que elas tinham morrido por causas naturais, mas foram sepultadas na casa por pedido dos pais. No entanto, ela foi condenada e ficou presa até 1971.

Inocentada dois anos após o início das investigações, Célia abandonou a velha casa de madeira e ninguém mais soube de seu paradeiro, ficando apenas nos registros feitos pela Justiça e pela imprensa da época, e no imaginário campo-grandense.

“Esta reportagem foi produzida com apoio do programa Diversidade nas Redações, da Énois, um laboratório de jornalismo que trabalha para fortalecer a diversidade e inclusão no jornalismo brasileiro. Confira as metodologias na Caixa de Ferramentas

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