O anúncio de que o antigo Cine Campo Grande, localizado no Centro da Capital, passará por uma revitalização e será um centro cultural do Sesc de Mato Grosso do Sul animou a classe artística da cidade, que atualmente sofre com a falta de espaços para apresentações, mostras, exposições e festivais.
De acordo com o representante do Colegiado Estadual do Audiovisual de MS, Ulisver Silva, esse projeto era esperado há tempos, já que o Sesc divulgou a intenção de adquirir o local ainda em 2013, um ano após o cinema encerrar suas atividades.
“Esperamos que a sala de cinema seja reformada, tenha equipamentos melhores e que seja possível acomodar bastante gente como era o Cine Campo Grande. Assim, será possível realizar grandes exibições”, pontua Silva em entrevista ao TeatrineTV.
Silva ainda pontua que transformar o espaço que antes era exclusivamente dedicado ao cinema em um local multicultural só agrega ainda mais valor e mais possibilidades, tanto para os artistas quanto para o público, que poderá ter acesso aos diversos produtos ao mesmo tempo.
“A proposta de não ser apenas no cinema, mas também agregar espaço para outras expressões culturais é muito boa porque traz mais movimentação para o espaço, mais possibilidades de evento e integração entre manifestações artísticas cinematográficas e outras e isso só enriquece”, destaca.
Ele ainda lembra que a efetivação desse projeto veio em um momento muito oportuno, já que a área do audiovisual na cidade só tende a crescer, especialmente agora que a graduação na área é oferecida pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
“A efetivação desse projeto traria um grande ganho para o audiovisual de Campo Grande, por ser um espaço acessível para mostras de cinema, festivais e discussão sobre filmes vai ser muito importante”, conclui.
Cineasta e pesquisadora na área cinematográfica, Marinete Pinheiro também se animou com a novidade. Especialmente porque a proposta para as projeções de filmes no futuro centro cultural é trazer trabalhos mais artísticos, que não tenham tanto apelo comercial como os blockbusters.
Dentro disso, Marinete lembra que há uma grande demanda por esse tipo de filme na Capital, com cada vez mais pessoas se aproximando do cinema por interesse na arte que por entretenimento.
“É uma retomada espetacular, visto que hoje os cinemas estão concentrados em salas multiplex nos shoppings. Então, vejo com muito bons olhos e torço para que o projeto do Cine Campo Grande continue sendo um projeto de sala de cinema."
A pesquisadora ainda aponta que a crescente demanda do público faz com que, muitas vezes, o MIS não consiga suprir a demanda. Portanto, seria um ganho enorme ter mais uma opção de local para exibir filmes de arte.
“Temos público para uma sala de cinema de arte, chegamos a receber em um ano 11 mil pessoas.Fizemos uma pesquisa e entendemos que grande parte delas vinha às sessões pela troca e debate, vinha pelo processo formativo e para acessar um cinema que não chega nas salas comerciais como o japonês, alemão, francês e latino-americano.” conclui.
O PROJETO
De acordo com o Sesc, o espaço foi adquirido pela organização justamente pela importância que tem no cenário cultural e social da Capital. Após a reforma, o antigo cinema irá se transformar em um espaço para diversas expressões artísticas, como dança, teatro, música, e claro, exibição de filmes.
Além disso, a estrutura está sendo planejada para que também receba oficinas de arte e tenha um espaço para biblioteca, bem como uma sala com acústica adequada para aulas de música e coral.
O local ainda contará com um hall para a realização de eventos e uma cafeteria que irá atender os visitantes.
A expectativa é iniciar as obras de adequação do espaço em 2023, mas, por enquanto, o projeto está aguardando aprovação na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur) e também na Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb).
“Esta reportagem foi produzida com apoio do programa Diversidade nas Redações, da Énois, um laboratório de jornalismo que trabalha para fortalecer a diversidade e inclusão no jornalismo brasileiro. Confira as metodologias na Caixa de Ferramentas”