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Cultura Regional

Preservando a cultura pantaneira, restaurante serve comida de comitiva na Capital

Por TERO QUEIROZ • 04/06/2023 • 23:49

O restaurante Cerrado Pantanal, abriu as portas na noite do sábado (3.jun.23), em Campo Grande (MS). O empreendimento será dedicado exclusivamente a servir pratos típicos das comitivas pantaneiras.

“Idealizamos esse restaurante para cultivar nossa cultura. As pessoas perguntam qual é comida típica de Mato Grosso do Sul? E nós temos essa comida de peão que sempre existiu. A ideia é trazer a comitiva do Pantanal para dentro da cidade, para que no urbano as pessoas tenham a possibilidade de comer uma comida caseira, que remeta a infância, vão lembrar dos avós, fazemos tudo no fogão a lenha. Então, nosso principal objetivo é preservar e cultivar a cultura pantaneira”, introduziu o comerciante Michel Martinez, de 38 anos, idealizador da proposta.

(3.jun.23) - Restaurante abriu as portas na Rua Abrão Júlio Rahe, 2028, em Campo Grande (MS). Foto: Tero  Queiroz | TeatrineTV
(3.jun.23) - Restaurante abriu as portas na Rua Abrão Júlio Rahe, 2028, em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV

Segundo Martinez, ao mesclar os biomas para dar nome ao restaurante, também está indicando que além de pratos típicos do Pantanal, os clientes poderão conferir pratos típicos o Cerrado. “Vão comer aqui também um arroz com pequi, que é lá de Goiás. Teremos na sexta, fixo, uma Moqueca Pantaneira, um peixinho frito. De quarta em diante teremos o arroz de comitiva, o macarrão frito de comitiva. Então, são pratos que não se tem em Campo Grande”, argumentou. 

(3.jun.23) - Pratos de peão de comitiva serão servidos em restaurante em Campo Grande. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV
(3.jun.23) - Pratos de peão de comitiva são servidos em restaurante em Campo Grande. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV

O proprietário, que também é consultor empresarial, disse que foi em suas andanças pelo estado que encontrou, em Coxim, o nicho pelo qual se seguiria seu empreendimento. “Comi lá em Coxim uma comida de comitiva feita em uma praça. Aquilo despertou em mim o desejo de abrir um restaurante com esse nicho, porque já trabalhava dando consultoria a restaurantes e tenho alguns cursos voltados para área de cozinha. Quando comi naquela praça, eu decidi que deveria abrir meu restaurante para preservar aquela cultura, porque eu que sou do estado não sabia da existência daqueles pratos, daquelas culturas, não sabia que aquilo era um prato genuinamente sul-mato-grossense. E como os grandes restaurantes não apostam nisso, eu decidi que devo apostar para não deixar essa cultura e essas receitas deliciosas se perderem”, definiu. 

(3.jun.23) - Michel Martinez, Júlio Pipoca e Ana Paula. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV
(3.jun.23) - Michel Martinez, Júlio Pipoca e Ana Paula. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV

Para trazer para dentro da cidade o verdadeiro prato pantaneiro, Michel contou com a consultoria do peão Júlio Pipoca, de 54 anos, da Comitiva dos Amigos de Coxim. E em parceria com o Senac, ao longo de 3 meses Júlio treinou as cozinheiras do restaurante de Michel.

“Essa comida é o arroz carreteiro, o macarrão frito, o feijão gordo, empamonado que é da tradição nossa de Coxim, vaca atolada, o quibebe, tem vários pratos... Tudo com carne seca, de Sol! É comida que dá sustância para viajar no estradão. Então estamos ensinando as cozinheiras aqui”, observou Júlio.   

(3.jun.23) - Júlio Pipoca mexe as panelas no fogão a lenha instalado no interior do restaurante Cerrado Pantanal, em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV
(3.jun.23) - Júlio Pipoca mexe as panelas no fogão a lenha instalado no interior do restaurante Cerrado Pantanal, em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV

De acordo com o consultor, para aprender a fazer um prato pantaneiro o cozinheiro ou cozinheira, precisa de um adjetivo em especial. “A pessoa tem que ter amor! Tem que gostar de fazer, de cozinhar, aí ela pega [aprende] fácil. Cada um tem um tempero e para essa equipe do Michel, eu passei o meu tempero que o segredo do sucesso das comidas”. 

(3.jun.23) - Panelas com comida de comitiva no fogão a lenha instalado no interior do restaurante Cerrado Pantanal, em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV
(3.jun.23) - Panelas com comida de comitiva no fogão a lenha instalado no interior do restaurante Cerrado Pantanal, em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV

Há 8 anos cozinhando em comitivas, Júlio revelou que nesse período não encontrou restaurante com a proposta semelhante à do Cerrado do Pantanal. “Com essa pegada aqui, de valorizar nossa comida pantaneira como principal, eu só conheço o Cerrado do Pantanal”, completou. 

O subchefe de cozinha, Gilnaldo Teixeira, de 31 anos, experiente em fazer pratos brasileiros, garantiu ao TeatrineTV que a equipe está pronta para entregar o verdadeiro prato sul-mato-grossense à clientela. 

(3.jun.23) - Subchefe de cozinha, Gilnaldo Teixeira, de 31 anos. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV
(3.jun.23) - Subchefe de cozinha, Gilnaldo Teixeira, de 31 anos. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV

“Em todos esses anos, essa é a primeira vez que eu tenho essa experiência com comida pantaneira. Tinha habilidades com comida brasileira e especializações em pratos japoneses... Tem sido um desafio maravilhoso trabalhar com a vertente de comida pantaneira, porque além de ser nosso aqui, de verdade uma comida sul-mato-grossense, também temos um professor bom, com uma equipe dedicada, aplicada e vamos entregar uma comida originalmente sul-mato-grossense de alta qualidade aos clientes”, opinou.

(3.jun.23) - Gilnaldo disse que os pratos pantaneiros se complementam formando sabores impressionantes. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV
(3.jun.23) - Gilnaldo disse que os pratos pantaneiros se complementam formando sabores impressionantes. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV

Dentre os pratos pantaneiros descobertos, Teixeira disse que gostou mais do quibebe. “Se somado ao arroz de comitiva, o macarrão frito, tudo ali se complementa”, adicionou. 

A Chefe de cozinha Bruna Rodrigues, de 27 anos, disse que recebeu com entusiasmo o convite para comandar uma equipe à frente de um restaurante dedicado a preservar a culinária pantaneira.

“Sou cozinheira há dez anos, mas essa é a primeira vez que me deparo com pratos pantaneiros. Recebemos esse curso do chefe do Júlio, com curso do Senac. Fizemos os cursos tudo aqui no restaurante mesmo e eu irei ao Senac sempre me especializar”, explicou a chefe.

(3.jun.23) - Chefe de cozinha do restaurante Cerrado Pantanal, Bruna Rodrigues, de 27 anos. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV
(3.jun.23) - Chefe de cozinha do restaurante Cerrado Pantanal, Bruna Rodrigues, de 27 anos. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV

Para Bruna, os pratos pantaneiros são complexos, pois trazem em sua grande maioria a história como método de preparo. “Tem todo um preparo que tem história ali como a receita. Eu tive mais dificuldade com o macarrão de comitiva, que é frito. A carne tem que ser soleada, feito tudo aqui de maneira artesanal. Eu fazia esse prato e não ficava bom, fazia e não ficava bom, até que eu consegui acertar e me apaixonei por esse prato”, detalhou. 

(3.jun.23) - Parte da equipe do Cerrado Pantanal com o consultor Júlio. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV
(3.jun.23) - Parte da equipe do Cerrado Pantanal com o consultor Júlio. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV

A equipe completa da cozinha do Cerrado Pantanal é composta por 4 mulheres e apenas o subchefe Gilnaldo de homem. “No começo houve uma resistência que era só mulher, mas depois com o treinamento nos adaptamos e ele está sendo uma mão na roda com toda agilidade e experiência dele. De fato, como o subchefe falou, estamos preparados para atender muitas pessoas com uma comida com certeza que fará elas acessarem suas lembranças”, completou.

Gerente-administrativa do Cerrado Pantanal, Ana Paula, apontou que a consultoria ofertada pelo Senac ajudou numa definição clara de como seria o cardápio do restaurante. “A consultoria do Júlio, que veio pelo Senac, nos ajudou a chegar a pratos realmente pantaneiros, porque era esse nosso objetivo. E com essa ajuda, estamos hoje aqui de portas abertas para a cidade para ampliar experiências e preservar essa culinária”.  

(3.jun.23) - Gerente-administrativa do restaurante Cerrado Pantanal, Ana Paula. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV
(3.jun.23) - Gerente-administrativa do restaurante Cerrado Pantanal, Ana Paula. Foto: Tero Queiroz | TeatrineTV

Ana disse que pretende atender até 80 pessoas diariamente, de segunda a sexta, e aos finais de semana, atenderão no máximo 120 pessoas. Por hora, o Cerrado Pantanal abre para os clientes no horário de almoço. “Nós estamos preparando para a partir do 17 de junho atender aos finais de semana no almoço. À noite nós vamos atender apenas por delivre, e nesse ponto, não temos limite de local de entrega. O céu é o limite”, prospectou.

“Eu e o Michel somos casados e temos a pretensão de crescer cada vez mais juntos. Ele é a mente eu sou a razão. Os clientes que trouxemos aqui tem nos dado depoimentos muito bons, nos falam que voltam à infância e só boas lembranças. Esse é o legado que queremos deixar, de boas lembranças”, finalizou Ana. 


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Tags: Campo Grande, Comitiva dos Amigos de Coxim, comitivas pantaneiras, CULTURA, destaque, destaque_principal, Mato Grosso do Sul, restaurante Cerrado Pantanal

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