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INTERNACIONAL

Artista mexicana morre em ritual com veneno de sapo e sites 'matam' outra atriz

Em 2004, o kambó foi proibido no Brasil pela Anvisa devido aos riscos envolvidos

Por TERO QUEIROZ • 06/12/2024 • 09:56
Imagem principal Marcela Alcázar Rodríguez (felecida à esquerda) e a atriz mexicana Marcela Alcázar (homônima à direita). Fotos: Redes

Diversos sites brasileiros divulgaram, desde o domingo (1º.dez.24), a morte da produtora audiovisual Marcela Alcázar Rodríguez, de 33 anos, após ela consumir veneno de sapo em ritual de limpeza na cidade de Durango, no México.

Os sites citaram a vítima como sendo uma atriz de nome diferente, Marcela Alcaraz, conhecida por sua interpretação de 'Chiquis' Rivera na biossérie Jenni Rivera. Veja, que uma é "Alcázar" (a falecida) e a atriz de 'Chiquis' o sobrenome é "Alcaraz". 

Diante da notícia falsa, Alcaraz usou a rede social para desmentir a situação: “Estou viva, com plena saúde mental e física, aproveitando minha família. Não participei de nenhum retiro espiritual nem consumi veneno de sapo”, disse Marcela em uma rede social.

A confusão começou quando a notícia falsa começou a circular em sites de pouca credibilidade, mas de grande circulação. “Quero convidar os jornalistas que fizeram esta nota a investigarem bem as suas fontes. Não pode ser que esta notícia, que é absolutamente falsa, possa ser replicada. Eles afetaram minha família, meus amigos, muitas pessoas ao meu redor, sem qualquer necessidade, porque é absolutamente falso”, desabafou Marcela. Assista: 

QUEM É A PESSOA FALECIDA

Marcela Alcázar foi produtora audiovisual e também atriz em Durango.

O Grêmio Cinematográfico Durango lamentou o falecimento dela, mais conhecida como 'Marsh Alcazar'. Eis:

A jovem artista atuou em diversos curtas-metragens, séries e filmes filmados em Durango.

Ela também era integrante da equipe da Mapache Produtora, de Durango.

A Mapache lamentou a morte de Alcázar por meio de nota: “Con profundo pesar, hoy despedimos a nuestra compañera y amiga Marcela Alcázar, deseando también pronta resignación para sus familiares y amigos más cercanos. DEP”, escreveu a produtora em uma publicação no Facebook. Eis:

O QUE ACONTECEU

Marsh participava de rituais de cura. Foto: ArquivoMarsh participava de rituais de cura. Foto: Arquivo

Marcela foi a uma cerimônia realizada pelo Centro Moyocoyani, no bairro Villa de Guadalupe, em Durango.

No local, um guia espiritual chamado Jonathan Fernando Durán fez uma ‘perfuração’ na pele de Marcela e inseriu o veneno de sapo, substância conhecida como kambó.

Após a aplicação, Marcela começou a apresentar vômitos e diarreia, sendo levada à força por uma amiga para um atendimento médico.

Os responsáveis pelo local, denominado “Formação de Curandeiros”, impediram que ela saísse, alegando que as reações eram normais e faziam parte do processo de cura.

A companheira de Marcela, porém, saiu à força do local e a levou ao Hospital Geral 450 da Cruz Vermelha, onde Marcela estava cianótica, com coloração roxa na pele.

Os médicos tentaram reanimá-la por 20 minutos, mas não obtiveram sucesso e declararam a jovem morta.

A Procuradoria Geral do Estado de Durango iniciou investigações para apurar as responsabilidades e o ocorrido.

O QUE É MOYOCOYANI

Centro Moyocoyani: é o lugar em Durango onde ofereceram 'viagens espirituais únicas'. Foto: ArquivoCentro Moyocoyani: é o lugar em Durango onde ofereceram 'viagens espirituais únicas'. Foto: Arquivo

O Centro Moyocoyani está sediado em Metepec, Estado do México, mas realiza rituais no bairro Guadalupe.

A “empresa” realiza “Cerimônias Sagradas” e “diplomados”, ambos dirigidos por Jonathan Fernando.

Para este mês, entre os dias 28 e 29 de dezembro, estava programado um evento no Facebook chamado Cerimônia dos Santos Filhos, no qual convidam pessoas a “viverem uma experiência transformadora” em uma “jornada espiritual única”.

O QUE É KAMBÓ

O kambó é um veneno extraído da rã Phyllomedusa bicolor, também chamada de rã kambó ou sapo-macaco grande.

Essa espécie é encontrada em regiões do Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Peru e Venezuela.

Grupos indígenas como os Katukinas, Kaxinawás e Ashaninkas utilizam o veneno em rituais tradicionais.

A substância é empregada para fortalecer o sistema imunológico e melhorar o desempenho na caça.

Rituais xamânicos utilizam a secreção venenosa do sapo, aplicada em queimaduras na pele dos participantes.

A prática é vista como uma forma de desintoxicação e bem-estar, mas pode causar reações graves e até morte sem supervisão médica.

Em 2004, o kambó foi proibido no Brasil pela Anvisa devido aos riscos envolvidos.

Embora proibido no país, o kambó ainda é praticado em lugares como Chile e México.

Não há comprovação científica das supostas propriedades curativas do kambó.

Apesar disso, algumas pessoas relatam benefícios, principalmente na internet.

Guias espirituais em todo o mundo passaram a realizar esses rituais urbanos para tratar depressão e doenças crônicas.


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Tags: Marcela Alcaraz, Marcela Alcázar Rodríguez

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