A prefeitura debatia há anos com alguns vereadores a instalação de um Parque Digital em Campo Grande (MS). O projeto ambicioso de R$ 90 milhões, porém, queria tomar o único espaço público aberto em uso pelos artistas campo-grandenses, o Armazém Cultural.
Antes de ser denunciado aqui no TeatrineTV, a impressão passada pelos vereadores à gestão municipal era de que haviam sido "escutados os artistas" que suspostamente teriam concordado em entregar o prédio para ser transformado no Parque.
Acontece que, na verdade, ao longo desses anos, o projeto do Parque foi feito sem a escuta dos artistas. A denúncia no TeatrineTV mostrou que num grupo de estudo empossado por Marquinhos Trad (PSD), com 42 membros, tinham apenas 2 membros de cultura que foram ignorados ao longo dos encontros para discutir o projeto.
Em seu modelo de implementação, o Parque Digital estava prevendo usar o "Armazém" para o "Parque" e em troca, fazer na Rotunda um espaço para os artistas. Após a denúncia de que os artistas não concordavam, finalmente, uma audiência pública foi chamada por um dos vereadores envolvidos no Projeto, Ronilço Guerreiro (Podemos).
Vale lembrar, porém, que Ronilço só de fato 'escutou' os artistas após o vereador Valdir Gomes (PSD) acolher as manifestações de representantes do seguimento e levar à tribuna da Casa de Leis, na terça-feira (3.mai.22). Antes disso, o projeto vinha sendo feito nos bastidores, pensado exclusivamente pelo suposto Grupo de Trabalho empossado por Marquinhos.
Após a repercussão do caso, Ronilço convocou a Audiência Pública que deve ocorrer nesta às 14h desta quarta-feira (15.jun.22) na Câmara Municipal (veja o endereço no final do texto).
O debate da Audiência será conduzido pela Comissão Permanente de Cultura da Casa de Leis, presidida pelo vereador Ronilço Guerreiro, que apesar disso, não havia antes sugerido a audiência. Já mostramos aqui no TeatrineTV que Ronilço também integra a Comissão de Indústria, Comércio e Inovação, uma das mais interessadas na instalação do Parque Digital, no Prédio do Armazém.
A Comissão da Audiência será composta ainda pelos vereadores Júnior Coringa (vice-presidente), Beto Avelar, Prof. Juari e Gilmar da Cruz - nenhum desses vereadores havia, até então, chamado a Classe Cultural para debater o projeto que quando foi interceptado já estava em vias de entrar no expediente do legislativo. Devem participar da discussão na quarta, ainda, representantes da Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio a (Sidagro), pasta onde esse projeto foi articulado.
"O importante desse encontro é debater ideias, buscar uma saída em conjunto. Sabemos da importância histórica do Armazém e entendo que os fazedores de cultura não querem e não podem perder esse espaço que eles conquistaram. Por outro lado, o Parque também trará inúmeros benefícios para a cidade, então o importante é o consenso”, sustentou o vereador Ronilço Guerreiro, que agora se vende com 'proponente da audiência'.
O projeto 'Parque Digital' pensa em criar uma incubadora para empresas e um espaço refém de Universidades, um ambiente onde devem ser oferecidas ferramentas para surgimento de ideias inovadoras. O Parque não tem relação com arte, é uma local onde se possibilita a integração de universidades, poder público e empresas.
A criação do Parque Tecnológico e de Inovação em Campo Grande consta na Lei Municipal 6.786/22.
SERVIÇO
A Audiência Pública acontece na quarta-feira, dia 15 de junho, às 14 horas, na Câmara Municipal, na Avenida Ricardo Brandão, 1.600. É possível acompanhar presencialmente, lembrando que na Casa de Leis o uso de máscaras é obrigatório. Também é possível assistir e participar da Audiência pelas redes sociais, no Facebook ou canal do Youtube da Câmara.
