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MONTEIRO ZÁTULA

Poeta angolano morador de Campo Grande está desaparecido há 3 meses

Artista natural de Luanda mudou-se em 2015 para a Capital de MS

Por TERO QUEIROZ • 16/05/2025 • 15:40
Imagem principal Monteiro Zàtula - O Poeta, está desaparecido há 3 meses. Amigos iniciam buscas. Fotos públicadas em novembro de 2024

O poeta angolano Monteiro Feliciano Zátula, conhecido como Monteiro Zátula ou “Zátula Teke - O Poeta”, está desaparecido desde o início deste ano. 

Residente em Campo Grande (MS) desde 2015, ele é reconhecido por sua atuação na cena literária local e por seu engajamento em eventos culturais e movimentos sociais.

Conhecidos, membros da comunidade artística, disseram que não têm notícias; não se sabe com que roupa que Monteiro desapareceu, nem o dia exato, nem qualquer motivação do sumiço súbito dele.  

ONDE ELE MORAVA?

Poeta angolano desaparecido morava em uma casa na Vila Sobrinho. Foto: Tero Queiroz Poeta angolano desaparecido morava em uma casa na Vila Sobrinho. Foto: Tero Queiroz 

A reportagem do TeatrineTV apurou que Monteiro morava na Vila Sobrinho. O repórter esteve na casa em que ele foi visto pela última vez, ocasião em que conversou com inquilinos do imóvel que mencionaram que ele estava morando nos fundos da casa. "Faz um tempão que não vejo ele aqui", disse a atual inquilina que não será identificada.  

Segundo a filha da atual moradora, Monteiro Zátula vivia no local, quando uma inquilina chamada Sônia alugava o imóvel. "Eu não sei se quando ela entregou a casa, ele saiu lá dos fundos ou continuou morando quando ela foi embora", disse a jovem.

A reportagem tentou falar com a tal 'Sônia', mas ela não atendeu as tentativas de ligações.  

A APAE

A reportagem descobriu que Monteiro Zátula trabalhava na CER-APAE de Campo Grande. Procurada, por telefone, uma atendente da APAE chamada Benise, ficou surpresa ao saber que Monteiro não tem paradeiro conhecido. "Ele está desaparecido? Nossa, eu não sabia disso. Vi ele no final do ano aqui", disse ela, sem saber apontar que roupa Monteiro usava naquele dia.

A colaboradora explicou que o repórter do TeatrineTV deveria ligar mais tarde, para tentar falar com o setor de Recursos Humanos. Então, por volta das 13h15, o site retornou o contato com a APAE, que, entretanto, direcionou para a 'Comunicação' da instituição, que não forneceu nenhuma informação: nem se Monteiro Zátula foi desligado, se deixou de ir ao trabalho subitamente ou se pediu desligamento. A APAE se reservou a dizer: "Agradecemos o contato. Contudo, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a APAE de Campo Grande é obrigada a prezar pela privacidade e proteção das informações de seus colaboradores e ex-colaboradores. Por isso, não podemos fornecer dados pessoais ou informações contratuais sem o devido consentimento do titular. Solicitamos e orientamos que entre em contato com as autoridades policiais para informar o desaparecimento".

QUEM É MONTEIRO ZÁTULA

Monteiro Teke e seu livros. Foto: Redes Monteiro Teke e seu livros. Foto: Redes 

Monteito Teke é autor dos livros Vislumbre da Alma, Retrato dos Rastros e Paixão Inglória, que reúnem poesias marcadas por linguagem metafórica e reflexões sociais.

Além da produção literária, ele também tinha formação na área de Bioquímica e integrava a Academia Mundial de Letras da Humanidade – seccional MS, onde exercia o cargo de segundo-secretário.

Em 2013, deixou Angola para estudar Química no Brasil. Mais tarde, migrou para a Bioquímica, área que, segundo ele, tinha mais estrutura e oportunidades por aqui.

Apesar de ter visitado o país antes, foi em sua mudança definitiva que decidiu conciliar sua carreira científica com a arte, reencontrando na escrita um espaço de expressão pessoal e social. “Eu sempre escrevi, comecei com 12 anos, mas já fazia poesia com 9. Quis deixar isso só para mim, mas conheci escritores daqui e eles começaram a me dar mais força”, relatou em entrevista  a veículos locais.

Rubenio Marcelo e Ádemir Barbosa dos Santos, ambos poetas e professores, foram nomes que o incentivaram a retomar a escrita e a declamação em solo sul-mato-grossense.

Em 2022, foi selecionado para compor a antologia Luiz de Camões & Convidados – Volume V, da editora Mágico de Oz.

Monteiro Zàtula numa publicação nas redes sociais. Monteiro Zàtula numa publicação nas redes sociais com membros da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Monteiro Zàtula numa publicação nas redes sociais.Monteiro Zàtula numa publicação nas redes sociais.Monteiro Zàtula numa publicação nas redes sociais.Monteiro Zàtula numa publicação nas redes sociais com Àdemir. Monteiro Zàtula numa publicação nas redes sociais. Monteiro Zàtula numa publicação nas redes sociais.

Zátula também participou de eventos culturais como o Sarau do Parque, na Comunidade Tia Eva, levando sua poesia e seu olhar social ao público local.

Em entrevistas, Zátula afirmou que via o Brasil como uma extensão cultural de Angola: “O Brasil tem essa particularidade. Quando a gente vem para cá, tem muita coisa que nos lembra a Angola. Desde a música até a alimentação". 

Sobre sua escolha por Campo Grande, destacou o contraste com Luanda: “Mesmo com o Nordeste do Brasil tendo mais semelhança, vejo um pouco da Angola em todo canto. Campo Grande me trouxe a calmaria que eu precisava". 

LIGAÇÃO COM A ACP

Zátula era colaborador do Coletivo de Cultura do Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP).

Ádemir Barbosa dos Santos, coordenador do Coletivo, relatou que o poeta não informou a ninguém sobre sua saída ou destino. “Não me disseram aonde se dissipou ou dissipa aquele poeta que, aonde quer que estivesse, roubava a cena. Roubava a cena, não por ser exibido ou prepotente, mas por ser diferente e fazer a diferença”, escreveu Ádemir numa publicação no Facebook (leia ao lado). 

Publicação feita por Àdemir no Facebook.  Publicação feita por Ádemir no Facebook.  

Ainda conforme Ádemir, ele iria registrar um Boletim de Ocorrência acerca do desaparecimento de Monteiro Zàtula, entretanto, ele alegou que o delegado de Policial Civil alertou que o registro geraria o bloqueio dos documentos de Monteiro e que caso ele estivesse em viagem, isso lhe causaria problemas. "Ele também disse que por eu não ser familiar, poderia ser processado", sustentou Ádemir. 

Até o momento, não há confirmação sobre sua localização. 

A ASL

Procurada, a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras - ASL, disse ao telefone não possuir nenhuma informação acerca do escritor angolano. "Por mais que tenha explodido essa informação, na época, não chegou nada para a ASL", disse um atendente chamado Vinícius. Ele orientou a procurar os membros da academia individualmente.  

CASO TENHA INFORMAÇÕES

Quem tiver qualquer informação sobre o paradeiro de Monteiro Zátula pode entrar em contato diretamente com a reportagem do TeatrineTV por telefone, e-mail ou redes sociais.


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Tags: Campo Grande, desaparecido, Monteiro Feliciano Zátula, Monteiro Zátula, poeta

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