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Artes Cênicas

​Batalha de MC’s encerra com Cruel, Miliano e La Brysa no pódio

Por TERO QUEIROZ • 17/10/2022 • 09:04

​Mc Cruel, de 26 anos, carioca naturalizado campo-grandense, se tornou bicampeão ao conquistar na noite do sábado (15.out.22), o 1º lugar na Batalha de MC’s do Liga Breaking, que ocorreu na Praça do Rádio, em Campo Grande (MS). O evento teve início às 14h e encerrou às 21H30, com 32 Mcs na disputa.

Em segundo lugar, ficou o douradense MC Miliano, de 27 anos. O terceiro lugar foi ocupado pela única mulher da disputa, La Brysa, de 28 anos. Veja, abaixo, a história de cada um dos vencedores.

Eles receberam R$ 3 mil em premiações, que foram distribuídas da seguinte maneira:

·         1º lugar – R$ 1,2 mil;

·         2º lugar – R$ 800;

·         3º lugar – R$ 500;

·         4º lugar – R$ 500.

As batalhas de Mc’s são divididas em duas categorias: conhecimento e sangue. Na primeira, o participante precisa rimar em cima de um tema definido pelo público ou pelos jurados. Na quinta-feira (13.out.22), Cruel também levou o primeiro lugar nessa categoria. Na segunda, o objetivo é atacar o oponente com improviso em rodadas com oportunidades de ataque resposta iguais aos MC’s.

O evento integrou a programação da 2ª edição do Festival de Arte, Cultura, Diversidade e Cidadania – Campão Cultural, que teve início em 8 de outubro com mais de 120 atrações espalhadas pela capital sul-mato-grossense.

  • Mel Dias, cantou na Liga Batalha  de MCs. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

A Batalha de MCs teve como atrações Mél Dias, DJ Shabam, DJ JR, Versos 67, DJ Otávio e Churcks MC – que também foi jurado ao lado de Toni Jazz – breaking e popping. Veja a galeria de fotos no final da reportagem.

OS 3 PRIMEIROS COLOCADOS

MC Cruel saiu vitorioso tanto na disputa de conhecimento quanto na disputa de sangue. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O 1º colocado, Cruel, contou ao TetarineTV, que o Rap está presente em sua vida desde criança. "Eu rimo desde menor... minha primeira rima, na verdade, não foi nem em batalha, tá ligado? Já faz mais de 10 anos e foi brincando na escola mesmo, tá ligado? Tipo assim, eu sempre tive o Rap muito influente na minha vida, tá ligado? Então, tipo assim, desde menor eu tava ali ouvindo rap, pá, e brincando de improviso sem saber o que era batalha de MCs, tá ligado? Naquela época não tinha muito acesso à internet e era mó caro uma hora na lan house, tá ligado? Então, tipo assim, eu não sabia que existia quando eu vivia no interior daqui do Estado, a minha primeira batalha foi aqui em Campo Grande, quando viemos morar aqui (sic)”, disse, logo que recebeu a premiação — sua segunda vitória consecutiva — na disputa organizada pelo Liga Breaking.

Além de levar as batalhas de conhecimento e sangue neste ano, Cruel já garantiu um campeonato estadual e também foi finalista do Red Bull Francamente. Disputou o Freestyle Master Série, em Salvador. Na ocasião acabou derrotado pelo MC Big Mike.

“[Esse do Liga Breaking] foi um dos últimos títulos grandes que eu consegui conquistar na minha carreira. Eu cheguei na Liga Breaking em 2016 e consegui ganhar apenas em 2021. Aqui tem uma dificuldade maior, pela galera já ser acostumada comigo, eles sempre esperam que eu faça coisas absurdas, tá ligado? O nível de exigência acaba sendo maior (sic)”, considerou.

MC cruel nasceu no Rio de Janeiro, mas veio ainda criança para Mato Grosso do Sul e morou vários anos em cidades no interior do estado. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Conforme Cruel, antigamente as batalhas de MCs eram escassas e não havia um movimento que a organizasse. “Não tinha premiação, nada, às vezes alguém da plateia salvava a gente num gole. Eu lembro que minha primeira batalha foi no Bar da Bocha, lá no Nova Lima, quando eu cheguei lá, os caras falaram: qual é seu vulgo? No impulso eu falei: mano, bota Cruel. O mano perguntou de novo: Cruel? Eu disse que sim, já tinha falado, não dava para voltar atrás”, lembrou, dando risadas. Nessa disputa da Bocha, que ocorreu em 2015, Cruel não saiu vitorioso, mas na mesma semana ele disputou e levou seu primeiro prêmio numa batalha que teve na Orla Morena. “Depois da vitória da Orla, fui para a batalha do vagão e fiquei 6 meses invicto”.

Para Cruel, a linha de raciocínio do que se diz dá tempo e possibilidade de uma MC sair na frente numa batalha e com isso conquistar a vitória sobre seu adversário.  “O segredo é o raciocínio. Eu costumo falar que todas as pessoas chegam no mesmo nível através de treino. Tem algumas pessoas que já nasceram com dom, talento, então elas queimam algumas etapas, acabam chegando mais rápido, mas todo mundo chega no mesmo nível, tá ligado? E tipo, tem muita gente que se preocupa com flow, com várias fitas que envolvem ali a batalha de rima, tá ligado? Eu sou dos que são a favor de se preocupar com a linha de raciocínio, eu acho que quanto mais rápido for seu raciocínio, mais tempo você tem para arriscar num flow em cima de uma batida diferente, tá ligado? (sic)”, disse.

MC Cruel derrotou MC Miliano na disputa de sangue para chegar no 1º lugar. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O bicampeão apontou que nem todo MC consegue resultados rapidamente, pois às vezes é preciso ser resiliente. “Entram várias paradas, presença de palco, experiência... o tempo é o melhor professor para um MC. Muitos acabam não respeitando o tempo e desistem do bagulho. Tem MC’s que demoram, vão se adaptando, vão aprendendo. Tem gente que chega para fazer rima e não consegue formular uma frase, mas depois de muito treino essa pessoa consegue ser uma das melhores do estado (sic)”.

De acordo com o artista, apesar de o treino permitir uma melhor performance, há fatores que não podem ser controlados que acabam por definir uma batalha. “O improviso, a batalha de MC’s é muito imprevisível, tá ligado mano? Depende de várias coisas, depende de contexto.... às vezes, mano, você tem um MC muito favorito num palco enfrentando um MC subestimado, aí os dois entram num contexto que o subestimado sai melhor (sic)”.

As rimas fortes de MC Cruel lhe renderam a vitória sobre MC Miliano. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O artista também falou das “pedras” encontradas na sua trajetória. Em janeiro de 2022, por exemplo, ele que tinha uma carreira musical, desistiu de cantar. Num post no Facebook ele explicou que passaria a focar na produção cultural, batalhas e design gráfico. “Flyer pra rolê, a comunicação (como apresentador de eventos) e tudo que o improviso puder me proporcionar, é onde eu tenho me dado bem nos últimos anos e, por mais que as vezes eu tente fugir disso, é onde vocês mais me valorizam”, justificou na época.

MC Miliano revidou e eles foram ao terceiro round no embate final. Foto: @teroqueiroz | teatrinetv

Após a vitória no sábado, Cruel falou sobre a importância da valorização da Cultura Hip Hop dentro dos festivais. “Mano, eu já passei por altos e baixos aqui nessa cidade. Situações muito difíceis, que já pensei em parar, desistir, só que é um bagulho de amor, mesmo, tá ligado? Só quem vive a cultura Hip Hop entende o que eu tô falando. Porque é uma paixão, mano, é um amor, é um bagulho que tipo assim: eu não estou no Hip Hop, eu sou o Hip Hop! Tá ligado, mano? O Hip Hop tá dentro de mim. Então, tipo é uma parada, mano, você ama sua família, você cuida dela, você quer o melhor para ela, você procura sempre crescer junto com a sua família e Campão é isso para mim, a cena de freestyle de Campão de Mato Grosso do Sul é isso, mano, eu amo essa parada e eu quero que eles cresçam junto comigo. Tô conseguindo resultados muito bons em níveis nacionais, mas para mim não faz sentido eu conseguir essas paradas e meu estado ficar no esquecimento, então, é uma parada de amor, mesmo”, concluiu.

MC Miliano conquistou o 2º lugar no embate da Liga Batalha MC's. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Atualização*: trecho inserido às 17h de 17.ou.22 — Max Dante, o Miliano, conquistou o 2º lugar na batalha. Ele disse que comçou a rimar em 2009. "Porém, a cena aqui estava engatinhando ainda, então, de 2009 até 2016 eu não levava muito a sério, não via um horizonte de profissionalização nas batalhas. Mas a partir de 2016, quando participei de uma batalha lá em Brasília, clássica, a batalha do Museu e fui finalista. Aí, eu comecei a botar mais fé e comecei a me dedicar à isso de verdade. Depois disso, os caminhos foram se abrindo. Em 2017 eu consegui ir para Belo Horizonte, batalhei lá, no palco do Viaduto Santa Tereza. E no final de 2017, fui campeão estadual do Mato Grosso do Sul, o 1º campeão estadual. E também participei do duelo nacional, que eu acabei perdendo nas quartas de final”, contou.

MC Miliano rima no duelo final contra MC Cruel. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

No ano seguinte, 2018, Miliano participou também do Red Bull Francamente. Em 2019 continuou batalhando, não participou nem da disputa estudual e nem nacional, mas esteve em em grandes eventos em São Paulo, rimou em Fortaleza e ganhou batalhas na estado paulista.

"Participei de um festival chamado Sons da Lua, que é um festival gigante em São Paulo, fui semifinalista”, narrou.

Ao longo dos anos de 2020 e 2021 tudo foi parado em razão da pandemia, mas assim que acabou a pandemia, no final de 2021, ele voltou a batalhar. “Passei o ano de 2022 inteiro batalhando. Estou classificado para o duelo estadual que vai acontecer domingo agora, 24 [de outubro]”, adiantou.

MC Miliano levou o título de 2º lugar na Liga Batalha de MC's de 2022. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Miliano parabenizou os organizadores do Liga Batalha de MC’s destacando a qualidade do evento como algo singular desta edição. “Foi um evento maravilhoso, a organização representou demais. Queria dar os parabéns para o Sulla, para a Pati, foi muito massa participar. Eles deram toda atenção necessária para a gente, deram o suporte. Se dedicaram para fazer um evento bonito, fiquei muito feliz de ter participado”.

O MC disse que seu maior desafio ao longo dos duelos foi justamente no embate de semifinal contra a 3ª colocada. “Tive batalhas bem difíceis. Apesar de a final ter sido muito foda e o Cruel ter feito uma final maravilhosa, que ele sobressaiu, foi campeão, eu acho que o maior desafio foi a semifinal com a La Brysa. Ela era a única mina rimando entre 32 MC’s, uma representatividade muito forte e ela vinha numa crescente muito grande desde a primeira fase, aí a semifinal foi com ela. Eu entrei, não diria com medo, mas eu entrei esperto porque ela estava muito bem. Eu consegui ganhar, deu terceiro round, ganhei na votação por mãos, por apenas 3 mãos. Foi um grande desafio enfrentar ela na semifinal”, revelou.

Ao final do embate, Miliano Braçou La Brysa,  com quem disputou a semifinal. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
Ao final do embate, Miliano abraçou La Brysa, com quem disputou a semifinal. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Para Miliano, o Campão Cultural representa uma “explosão cultural” para a capital sul-mato-grossense. “Que atinge as mais variadas pessoas, vertentes musicais, classes sociais. Eu me sinto muito honrado de fazer parte disso e muito feliz, muito gratificante todo esse aprendizado que foi coletado nesses dias ai em Campo Grande”, definiu o douradense, que já está em sua terra natal.  

La Brysa, a única menina a disputar na batalha, contou ao TatrineTV que faz rimas desde os 17 ou 18 anos. “Mas só comecei a batalhar mesmo em 2016. Minha primeira batalha foi aqui em Três Lagoas e a partir daí fui me destacando. Em 2017 teve a Seletiva para o Liga Breaking aqui, mas acabei perdendo na final. Mas por conta do meu desempenho fui convidada para o The Big Cypher of Campão, que é um evento muito foda de Campo Grande também. A partir daí, eu passei a morar em Campo Grande passando 3 anos aí, ganhando várias batalhas e em 2018 fui líder do Ranking da batalha do vai ou racha com 40 pontos à frente do segundo colocado. Em 2019 fui campeã da Liga Breaking nas modalidades sangue e conhecimento e a partir daí comecei a ter um reconhecimento maior (sic)”, introduziu.

La Brysa foi tentou bater Miliano na batalha de sangue, mas acabou ficando em 3º lugar. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Desde que iniciou, La Brysa foi vista e ganhou destaque em ao menos 190 batalhas.

Em 2020, com a pandemia, La Brysa disse que teve muito medo de perder todo o seu empenho, mas ela acabou se destacando numa batalha on-line chamada Batalha da Quarentena, onde se juntava a quarentena com uma batalha de tema. “Nesse mesmo ano, me classifiquei para o estadual e devido ao meu desempenho no mesmo eu fui convidada pra batalhar no Vai Ser Rimando, a batalha do Emicida”, continuou.

La Brysa, de costas, escuta a rima de um dos adversários que acabou derrotado por ela na semi-final da Liga Batalha de MC's. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Durante a batalha, alguns MCs tentaram atacar a aparência de La Brysa para tentar desestabilizá-la. Ela também lembrou durante a rima que seus adversários falavam de seu ex-namorado também em disputa de improviso no palco. A batalha de MCs foi hegemônica entre homens, La Brysa falou como é estar nesse ambiente. “Comparado ao começo da minha caminhada, hoje em dia é bem mais tranquilo, pois a maioria das batalhas têm regras e são inclusivas, mas claro que já passei por muito perreco, principalmente quando estava ganhando alguma batalha e os Mc's levavam para o lado da putaria, para se dar bem em cima de uma certa humilhação do adversário. Sem contar o espaço que ainda, infelizmente, é bem pequeno (sic)”, analisou.

La Brysa conquistou o 3º lugar na Liga Batalha de MC's. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Para se classificar e conquistar um lugar no pódio, La Brysa precisou derrotar 5 MC’s. “Pois essa batalha foi diferente e contou com 32 Mc's, que é o dobro da quantidade comum de batalhas. Se ser a única mina entre 16 Mc's já pesa, entre 32 assusta muito, a gente se cobra para no mínimo se destacar no evento mesmo sem sair campeã”, opinou.

La Brysa foi a única mulher na disputa com 32 homens. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Essa não foi a primeira vez que La Brysa conquistou prêmio em dinheiro. “Em maio [de 2022] eu fui campeã da Batalha do festival América do Sul Pantanal e em agosto fui convidada para o FIB [festival de Inverno de Bonito], mas como tinha acabado de fazer cirurgia não consegui colar (sic)”, lamentou.

La Brysa bateu MC Vinícius, que ficou em 4º lugar no pódio. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

De acordo com La Brysa, o Campão Cultural é muito importante. “Pois, além da cena Hip Hop ainda ser pequena em MS, ter eventos assim, totalmente de graça, faz toda a diferença para quem faz parte da cultura”. Ela acrescentou o que achou mais singular nesta edição: “O fato de mesmo tendo 32 Mc's, não ter nenhum MC de baixo nível. Isso mostra o quanto nosso estado está preparado para bater de frente com qualquer outro (sic)”, garantiu.

Vinicius contraatacou mas não conseguiu reverter o bom desempenho das rimas de ataque freitas por La Brysa. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

A artista ainda disse que seu desejo é que no Campão de 2023, a batalha de Hip Hop tenha mais mulheres. “O fardo de ser a única as vezes pesa demais”, completou.

ORGANIZAÇÃO

Liga Breaking organizou a Liga Batalha de MC's. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O Liga Breaking, comemorou 13 anos de existência nesse Campão Cultural e organizou uma grande festa que promoveu batalhas também entre dançarinos, além de apresentações musicais e a reunião de outros representantes da cultura de rua, como MCs, DJs, grafiteiros e skatistas.

A Liga Batalha de MCs celebrou 10 anos nessa edição. Tudo aconteceu no palco Tráfico de Informações, montado na Praça do Rádio, no centro da cidade. “A gente começou em 2009 oficialmente a Liga Breaking e a gente viu a necessidade de ter várias ligas dentro do Liga Breaking, porque esse se tornou um festival Hip Hop muito grande, com isso a gente foi ganhando espaço e conquistando as pessoas, elas começaram a entender que nosso propósito era através do Hip Hop transformar vidas. Hoje a gente pode ver isso aqui, o quanto o Hip Hop é forte, o quanto o Hip Hop é grande, ele representa a rua”, contou o produtor cultural, MC e fundador do movimento Liga Breaking, Sulla Maecawa, de 37 anos.

Estrutura montada na Praça do Rádio em Campo Grande. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

De acordo com Sulla, a primeira batalha Liga de MCs ocorreu em 2007 e contou com a presença do paulista Churks MC, que nesta edição esteve como jurado e cantou na batalha. “Ele participou da 1ª batalha, onde ele ficou em 2º lugar, e hoje a gente tem o privilégio de ter ele aqui”, esclareceu.

Conforme o produtor cultural, esta edição do Liga já pode ser considerada histórica. “Para gente é muito histórico isso aqui, tá ligado? A gente ter feito o Liga Breaking com 32 b-boys e algumas b-girls. E a gente ter feito também a Liga Batalha de MCs com 32 MCs e algumas mulheres também inseridas também dentro desta cultura. Para gente, hoje, é uma conquista muito grande (sic)”.

Dezenas de pessoas posam para foto no final da Liga Batalha de MC's. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

A aprovação do projeto no Campão Cultural deu a Cultura Hip Hop da Capital a oportunidade para demonstrar que eles merecem mais. “Só foi para a gente demonstrar o valor que a gente tem, a qualidade que a gente tem, a credibilidade que a gente precisa ter para a gente poder fazer muito mais. Nós fizemos diversas intervenções aqui dentro. Era para ser só a Liga Breaking e a Liga Batalha de MCs, nós fizemos mais. Nesse palco subiu muitas pessoas, centenas, que puderam demonstrar o talento delas, puderam mostrar o que elas são capazes”, afirmou Sulla.

Evento foi aprovado no edital do Campão Cultural, da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Diante do sucesso do evento, que estava lotado neste sábado, Sulla acredita que os gestores culturais de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul vão passar a olhar com novos olhares para a Cultura Hip Hop. “Vamos ser olhados de uma forma diferente. Vão entender que a gente precisa ter mais espaço, o Campão propôs isso. A estrutura linda, o pessoal disse que tudo foi perfeito, para a gente parece ser um sonho”, apontou.

Esse é Sulla, organizador do Liga Breaking que promoveu a Liga Batalha de MC's. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O produtor destacou que tudo foi possível, principalmente, graças à ajuda de sua esposa, Patrícia Maecawa, que desenvolveu o projeto e de amigos que aceitaram receber pequenas quantias de cachês. “O que a gente fez aqui foi algo inédito, para todos. O desgaste físico e mental é muito grande, a responsabilidade. É a 1º vez que a gente está participando com esse projeto num festival, eu sempre briguei e joguei na internet porque a gente era esquecido. Dessa vez conseguimos a oportunidade, então, é uma porta que se abre e estamos muito felizes e agradecidos, mas queremos um investimento mais consistente na Cultura Hip Hop. Porque, se a gente fez tudo isso com esse valor de cachê tão pequeno, imagina o que a gente pode fazer com um investimento maior?”, observou.

Ao microfone, Sulla parabeniza e pede um salva de palmas para La Brysa, dizendo que o Liga Batalha de MC's e Liga Breaking estão de portas abertas para mulheres. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Sulla teve 15 mil reais para realizar a Liga Breaking e a Liga Batalha de MCs. Com esse valor conseguiu também promover intervenção Liga Beatbox Cipher, Intervenção Liga Popping Cypher, Bond do Flash Back, e Liga Skate. “A gente trouxe b-boys da Bolívia, tivemos gastos de quase mil conto com eles. Trouxemos o Churcks MC, que é de São Paulo, o moleque canta muito. Temos vários MCs aqui que precisam ser valorizados, precisam ser honrados pelo corre que eles fazem, tá ligado? Não fiquei triste de termos ganhado tão pouco assim, mas tenho críticas a forma como estamos sendo valorizados. Mas, assim, ao mesmo tempo estou feliz por termos conquistado esse espaço, porque a gente nunca teve. Ficamos numa bola de meia, né? Mas a gente não imaginava que nós podíamos fazer uma festa dessa, mas em determinado momento a gente caiu em si e cada um de nós se olhou e falou: a gente não tá pela grana. Falamos: vamos fazer? E as pessoas abraçaram a causa. De 2 mil de cachê, nos tornamos 100 vezes mais fortes. Pessoas da produção, DJ, MCs, mestre de cerimônia, jurado, som eles mesmos falaram: mano, eu tiro da minha parte 100, eu tiro da minha parte 50, eu tiro da minha parte 200, com isso nos tornamos grandes dentro de nós. O que queremos colocar aqui em pauta, é a valorização que tem que ser dada a essas pessoas. Se a gente fez isso com tão pouco, o que a gente vai fazer com muito mais? Aqui lotou de pessoas que amam essa cultura. Precisamos ser apoiados muito mais, agradeço, fico... fico emocionado, porque são 13 anos a gente lutando para ganhar um espaço dentro do festival, e foi lindo a gente ver as pessoas aqui. No próximo ano meu desejo era que nós fôssemos mais valorizados, esses meninos que vieram aqui, precisam ser valorizados”, finalizou.

O b-boy da Bolívia citado por Sulla é Erick Thastaka, que veio de Santa Cruz.

A reportagem do Teatrinetv fez a cobertura fotográfica do evento a partir das 19h30. Veja a cobertura fotográfica abaixo. PARA BAIXAR AS FOTOS — CLIQUE AQUI.

*REPORTAGEM atualizada às 17h de 17.ou.22 para acréscimo de trecho do entrevistado "Miliano".

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